O futuro dos lançamentos

SÃO PAULO | A Williams atrasou o calendário dos lançamentos e só vai levar ao conhecimento do mundo hoje pela manhã seu novo carro, o FW35. Não dispunha lá de muito tempo, afinal a segunda rodada de testes coletivos jamais iria esperar um minuto sequer para que, pontualmente, às 9h de Barcelona, os boxes fossem abertos para as demais dez equipes andem a rodo no circuito catalão. Mas mesmo se a Williams tivesse o dia inteiro para se exibir, não o faria – tinha, por exemplo, a segunda-feira para marcar um evento-solo. Os tempos são outros totalmente: apresentações são meras formalidades, e o gráfico da evolução (ou involução) até coloca em xeque a validade das cerimônias que, não tem muito tempo, eram consideradas datas de gala na pré-temporada da F1.

Os lançamentos dos carros até a metade da década passada, alguns anos mais, eram rega-bofes de longa duração que atraíam a imprensa mundial para que comparecessem em massa às casas de show ou sede das equipes. A internet ainda era inóspita para uso e consumo de todos, de modo que os presentes tinham informações e visões privilegiadas dos novos modelos, além de se refestalarem com os canapés e champanhes que consumiam certo orçamento dos times. Mas o colapso da economia mundial que fez as escuderias apertarem o cinto tal qual uma porca de pneu e a presença marcante das redes sociais — que ainda precisa ser aprimorada por algumas, tipo Red Bull e Mercedes, que tentaram inovar e falharam feio — culminaram na mudança abrupta no estilo de apresentação.

Em tempos de consumo rápido, em que o YouTube ensina que, em média, vídeos devem ter não mais que 8 ou 9 minutos para prender a atenção do internauta, as equipes entenderam que não havia a necessidade de promover um espetáculo faraônico para poucos, mas um programa de atenção mundial. Evidentemente, 8 ou 9 minutos ainda são insuficientes para que se mostrem os detalhes, os pilotos e as entrevistas, então se estabeleceu um padrão de 15 ou 30 minutos mais do que suficientes.

E a bem da verdade, o são. Porque a tecnologia permite que, em não acompanhando o evento ao vivo, que ele seja visto ‘on-demand’. Os detalhes técnicos e vídeos dos modelos estão, minutos depois da apresentação oficial, disponíveis com facilidade nos sites das equipes para a imprensa, que trata de divulgar a seu modo. E, ainda, é impossível imaginar que, num mundo competitivo como o da F1, que os lançamentos sejam estritamente representativos da realidade das novidades, isto é, as equipes não põem ali o que têm realmente descoberto em seus túneis de vento e nos cálculos de seus engenheiros, contribuindo também para sua diminuição.

Assim, não seria de todo estranho imaginar que os lançamentos da F1 se resumam, num futuro próximo, a aparições rápidas antes dos treinos oficiais para que os fotógrafos e a imprensa vejam rapidamente o carro em questão para que as reais atualizações sejam vistas na prática em instantes na pista. A F1, que ainda teima em se gabar e remar contra a maré da crise, vai dando sinais claros de que não aguenta mais uma imponência de araque.

Comentários

  • Se existe cri$e no mundo dos esportes, é só no brasil…F1, não tem cri$e, tem gerência pesada….Coisa que nem politico tu´piniquim tem coragem de aprender..
    Lá..1+1 é = 2,s…..Sobra talento nas pessoas que estão envolvidas na F1..Boa escola..

  • Tenho certeza que para os que são automobilistas “de verdade” nas equipes, o formato atual enxuto está excelente. Deveria ser um saco aturar toda aquela apresentação de gala que faziam em torno de um carro, que nem era o definitivo para estreia.

    Ruim deve ser para os patrocinadores em geral, que perderam mais uma oportunidade de expor suas marcas.

  • Eu prefiro o formato novo: mostra o carro na lata, coloca na pista e bota pra correr. Festanças, grandes eventos e tal são legais, mas o que todo mundo quer ver mesmo, que é o carro correndo, fica mais evidente neste novo formato mais “pobre”.

  • Se, pelo que foi dito, a internet só permite um show com no máximo 9 minutos, então significa que… Kimi Raikkonen é o entrevistado perfeito da era da internet?

  • Uma hora o cobertor ia ficar curto pro lado deles. A crise de 2009 matou 3 equipes da categoria. Um aquecimento rapido no ano seguinte nao serie suficiente para voltar aos tempos antigos. Dai, outra crise… Se os tempos fossem bons, a HRT nao teria falido e a Toyota ainda estaria na F-1 ne?