O que será da McLaren?

Então tem o seguinte: O’Ward como bola da vez lutando pelo título da Indy querendo a Fórmula 1. Herta como piloto afiliado para andar na Fórmula 1. Ricciardo em uma draga difícil de se recuperar na Fórmula 1. Rosenqvist sem evoluir na Indy. Rossi chegando no grupo

Maio vai chegando ao fim, e a McLaren é a bola da vez no automobilismo.

Porque há uma série de coisas que Zak Brown, CEO da equipe, já deve estar considerando ou até mesmo ter tomado uma decisão sobre o elenco que vai ter em suas várias ramificações no esporte.

O GP da Espanha provavelmente foi um alerta imenso para o dirigente. Porque Daniel Ricciardo simplesmente saiu da zona de pontos logo depois da largada, em nono, e jamais se mostrou apto a se recuperar na corrida, ao passo que o companheiro Lando Norris, com amidalite, sinusite, possivelmente frieira e afta, chegou na nona colocação. Não à toa, Brown mostrou profundo desgosto com o desempenho do australiano.

A bem da verdade, tirando a vitória naquele GP da Itália de 2021, Ricciardo mal lembra os tempos em que era bom piloto. O ponto aqui é que Daniel é caríssimo. E, suponho, no contrato que assinou, há cláusulas de desempenho que permitiriam a Brown chutar-lhe os sorridentes fundilhos sem grandes remorsos.

Lá do lado da América, Brown também sofreu para acalmar os ânimos de Pato O’Ward quando este soube que Colton Herta havia assinado para andar em alguns treinos com o carro da Fórmula 1. A reação do mexicano foi absolutamente natural para quem era a joia da equipe, havia andado no teste de Abu Dhabi no fim do ano passado e vinha demonstrando claramente que sua intenção era correr na principal categoria do mundo. Os resultados das primeiras provas na temporada da Indy refletiram o muxoxo do rapaz. Até que venceu o GP do Alabama: minutos depois, foi claro e explicitou que havia uma “guerra interna”.

O’Ward é a alma da McLaren na Indy. Herta, da Andretti, é tão bom ou até mais piloto que ele – vide o drift que fez na corrida que venceu no misto de Indianápolis. Um ou outro, Brown tem joias à disposição – em tempos em que a FIA tenta evitá-las…

O outro piloto da operação na Indy é Felix Rosenqvist. Tal qual Ricciardo, não vai. Não adianta. Se a McLaren quer ser grande no campeonato americano, sabe que precisa se reforçar tal qual a Ganassi tem Scott Dixon e Álex Palou e a Penske, Josef Newgarden, Scott McLaughlin e, tem-se de admitir, Will Power – que vem muito bem na temporada, sempre no top-5. Dias atrás, Alexander Rossi disse ter um contrato assinado para 2023, mas que não podia ainda revelar por questões contratuais. Ora, se fosse a permanência na Andretti, isso não seria um problema. Assim, é de se supor que Rossi seja o novo piloto da McLaren para o ano que vem, seja no lugar de Rosenqvist ou de um terceiro carro papaia.

Rossi é a melhor opção do mundo? Não. Sua carreira é curiosa: ele foi melhor logo de cara na Indy do que é hoje. Ganhou a Indy 500 de 2016 e, de lá pra cá, despencou. Não vence uma prova há três anos. Também não é lá o cara mais simpático do mundo, sendo, por assim dizer, o oposto de Ricciardo. Mas não é uma pleura. É melhor que Rosenqvist.

Juntando tudo isso, a McLaren há de assumir a operação da Mercedes na Fórmula E a partir da próxima temporada.

Então tem o seguinte: O’Ward como bola da vez lutando pelo título da Indy querendo a Fórmula 1. Herta como piloto afiliado para andar na Fórmula 1. Ricciardo em uma draga difícil de se recuperar na Fórmula 1. Rosenqvist sem evoluir na Indy. Rossi chegando no grupo.

Ricciardo vai ter de se coçar até um determinado momento. O número de contras é bem maior que o de prós. A insatisfação clara de Brown aponta que não fica. O’Ward tem mais algumas provas na temporada, incluindo a Indy 500 do domingo que vem, para dar o cartão de visitas: ou vence a corrida e/ou o campeonato. Hoje, Ricciardo ou O’Ward? Iria, sem dúvida, no segundo. Se der Herta na Indy 500 e/ou no campeonato? Herta, igualmente sem dúvida. Em qualquer cenário, Brown deveria considerar Ricciardo na Indy. Ou na Fórmula E. Mas duvido que Daniel tenha alguma vontade de pular para os carros elétricos, até mesmo pelas coisas que deve ter ouvido do amigo Felipe Massa sobre a categoria. Que Brown mande Rosenqvist de volta pra lá – se, claro, quiser manter o sueco sob seu guarda-chuva, o que não acho provável.

Não deve demorar muito para Brown ter isso às claras. A não ser que, olhando ali na Fórmula 1 em si, observe que há um pilotaço dando sopa, naturalmente frustrado e escanteado, consciente de que não vai subir de volta para a Red Bull e que na AlphaTauri a desgraça é forma de vida: Pierre Gasly.

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