Pino acionado

Depois de dois abandonos em três corridas, a conclusão é óbvia: eu não queria ser pulga de Christian Horner, Adrian Newey e do próprio Marko se a diferença para Leclerc em Ímola aumentar

Os treinos do GP da Austrália evidenciaram uma situação que não havia sido vista recentemente: a dificuldade que Max Verstappen teve para encontrar uma volta ideal e o acerto do carro da Red Bull. Na penúltima curva, terceiro setor, o holandês errou várias vezes. Na corrida, embora caminhasse para um segundo lugar tranquilo, em nenhum momento esteve perto de ameaçar a liderança de Charles Leclerc e rapidamente viu-se em apuros ao destruir os pneus, andando até 1s por volta mais lento que o adversário da Ferrari.

Ao mesmo tempo, Sergio Pérez não pareceu padecer dos meus problemas.

O mexicano está andando muito mais perto de Verstappen neste ano. É um fato reconhecido por Helmut Marko – cujas palavras sempre devem ser vistas com a parcimônia devida; tem doutorado em ABHE: Abertura de Boca em Hora Errada. Mas a pole na Arábia Saudita e o desempenho de Pérez nestes mesmos treinos supracitados no Albert Park lhe conferem algum crédito.

Por isso, há de também se crer no que disse sobre o estilo de Max e este novo carro: não casam. Verstappen é muito agressivo e o RB18 é muito peculiar no acerto. Encontrar uma sintonia fina é muito mais difícil, ainda mais para uma equipe que levou até o fim a disputa do campeonato do ano passado e comprometeu, como a Mercedes, a temporada deste ano – recomendo, pois, a edição do Paddockast que se debruça sobre o assunto. Max teria de se reinventar. Alguém imagina Verstappen pegando mais leve e indo contra sua essência?

O ponto é, ainda segundo o consultor da Red Bull, a consequência: Verstappen se transformar em uma bomba-relógio se ficar sem disputar as vitórias. Porque aí junta tudo: Max não se sente confortável e tem de adaptar a um carro que não tem a melhor estabilidade do mundo. Se não se sente confortável, não há de culpar a si na condição de atual campeão, mas o time que não lhe deu o equipamento ideal. O agora mais calmo Verstappen pode, a qualquer momento, acionar o pino.

Depois de dois abandonos em três corridas na temporada 2022 da Fórmula 1, a conclusão é óbvia: eu não queria ser pulga de Christian Horner, Adrian Newey e do próprio Marko se a diferença para Leclerc em Ímola aumentar. E isso só tende a não acontecer se a chuva prevista para o fim de semana compuser o suco de maracujá que Verstappen tem de beber.

O pessoal do GRANDE PRÊMIO falou muito disso no TT GP, ó:

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