S18E02 Bahrein 1

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SÃO PAULO | De parte daquele domingo na Austrália até este sábado no Bahrein, a F1 vê uma situação muito diferente daquela que se indicava. A vitória certa de Hamilton em Melbourne foi por terra em um mix de bobeira da Mercedes com crédito ao cálculo virtual. Vettel recebeu de bom grado. No fim de semana agora em Sakhir, Räikkönen vinha dominante — numa performance que, até agora, surpreende em 2018; na volta final, Vettel foi seu desagrado. O líder do campeonato sai na pole, puxando a si a sorte e a competência característica.

Com este Kimi lancinante, no entanto, até dá para pensar em uma briga entre as Ferrari. Não creio que Bottas tenha sanha suficiente para acompanhar os dois pilotos; carro, a priori, teria. Ricciardo larga em quarto com uma Red Bull que apresentou ótimo ritmo de corrida nos treinos livres, melhor até que Ferrari e Mercedes. Se tivesse de apontar uma ameaça ao time de Maranello, o Daniel do Sorriso seria o mais indicado.

Gasly em quinto é o motivo para que Alonso, mero 13º, surte ali na garagem da McLaren. O casamento Toro Rosso-Honda que havia sido uma lua-de-mel na pré-temporada em Barcelona e sofreu um desgaste na corrida da Austrália voltou a ser as mil maravilhas. O conjunto voltou a funcionar bem, mostrando que, por ora, o desempenho na estreia foi uma exceção. Duro é atestar se a McLaren vai ser isso mesmo que foi na classificação, já que Vandoorne ficou ali em 15º, à frente apenas do ‘Quarteto Nada Fantástico’ (leia-se Sauber e Williams) e Grosjean.

Aliás, 1min30s530: com este tempo, Grosjean se juntou a Sauber e Williams na eliminação do Q1. Foi o mesmíssimo tempo feito por Alonso, que acabou, então, em 15º, nesta parte da classificação. Qualquer um dos dois representaria um vexame dado os carros que têm. No caso de Romain, é esperado, já que sua vida é uma montanha-russa de emoções de duvidosa qualidade. Magnussen, piloto mais bem avaliado do GP da Austrália, sai em sexto. Quem diria.

Largando em nono e com pneus macios, Hamilton parte para uma tática que remete à do GP do Brasil do ano passado, quando largou em último e com a borracha mais duradoura para, no fim da prova, ter melhores condições com os melhores pneus. Foi assim que chegou em quarto colado nos três primeiros. Em uma pista como a do Bahrein, daria para pensar em vitória? Sim. Mas Hamilton tem aquele desempenho fabuloso que se esperava com a Mercedes no modo ‘get the party started’? Não.

Valem aí duas stats: 1) nunca ninguém que tenha largado fora do top-venceu em Sakhir; 2) nunca Hamilton venceu uma corrida largando acima do sexto lugar. Ou seja: nas CTNP e nos números, vai ter dificuldade até de chegar ao pódio, que dirá ganhar. Um quinto lugar é o que ao menos se espera do inglês.

Só um exercício de futurologia e imaginação: Vettel vencendo neste domingo iria a 50. Hamilton, com um quinto, somaria só 28. Räikkönen, segundo segundo na corrida, somaria 18 pontos aos 15 que já tem; 33, pois. É, é um cenário que Toto Wolff e Niki Lauda nunca viram deitados ali no travesseiro — suponho eu cada um em seu, em suas respectivas camas.

A não ser que pinte um VSC ou um SC que ajude Hamilton, aquele mesmo que ajudou Vettel. E no Bahrein, pródigo em corridas noturnas agitadas e interessantes, é bem possível.

O que fica, por enquanto: a Ferrari tem de capitalizar ao máximo o resultado neste domingo. E ainda bem que não tem um Verstappen ali atrás para fazer com que Vettel e Räikkönen batam.

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