Austin Powers, 2

SÃO PAULO | A taça de 2014 está entregue. O conservadorismo de Rosberg aliado ao erro no acionamento do sistema de recuperação de energia no momento do ataque de Hamilton acabaram com as chances do alemão na temporada. Desde seu ato em Spa-Francorchamps, a casa de Nico ruiu. Sua temporada lembra muito a de Webber em 2010 – começo impressionante, queda no fim. A diferença é que o australiano à época inventou de andar de bicicleta, caiu e escondeu até onde pôde a contusão que o afetou. Agora, a lesão é psicológica puramente: Rosberg não cometeria tais erros, até meio tolos, fosse a primeira parte da temporada.

24 pontos em favor de Hamilton. O mundo ideal para Rosberg seria vencer em Interlagos e torcer para um abandono do companheiro. Iria para Abu Dhabi com um de vantagem – que seria zero, na prática, pela vantagem que Lewis tem em um eventual critério de desempate. Nico já não ganha o Mundial dependendo só de si, mesmo com a pontuação dobrada. Com dois segundos lugares, o inglês fatura o negócio. Já era, pois.

Foi só o que aconteceu no GP dos EUA d’ontem. Pistaça, linda, formosa, mas até agora não produziu uma única boa corrida de F1. Contribui para isso o desempenho dos carros: a Mercedes dispara e deixa o negócio para o resto. A Williams, que tinha de ficar com terceiro e quarto ontem, fez feio. Jamais que a Williams mereceria ser vice-campeã; também não tem de ser quarta, porque a Ferrari só anda para trás. Mas botem de novo o resultado adverso à passividade da equipe e ao lento trabalho nos pits. E não se pode dizer que é culpa da família que dá nome ao time porque nem lá em Austin estavam. A casa tá pronta; resta arrumar para 2015.

Ricciardo. Como diria Renan do Couto, que homem. “Parece o pão do Outback”, comentou.

Ricciardo que deveria ter como companheiro no ano que vem Vergne. O cara merece. Tem sido atração das últimas corridas facilmente. E quando a FIA pune algum piloto por seu arrojo, no fundo acaba dando um tiro no próprio pé e exaltando o que seu autor fez. A ultrapassagem em Grosjean tem de ser considerada como normal. Não é a primeira nem a última vez que será dito: os comissários estragam as corridas e tentam acovardar os pilotos. Como resultado, tiram audiência e interesse. Os comissários, então, ajudam na crise da F1.

A crise é cíclica. As pequenas não têm patrocinadores máster porque o produto F1 é ruim – nem a McLaren, a grande McLaren, arrumou um neste ano. Sem grana, ou apelam para Ericssons ou Van der Gardes da vida abastada ou não correm. Aquelas que correm resolvem ameaçar um boicote, e por mais que tenham dado uma de joão-sem-braço-e-sem-carro no fim das contas, há, sim, a possibilidade de acontecer. Não no Brasil, mas talvez em Abu Dhabi. Até por questão de logística, as equipes já estavam com tudo empacotado para vir para Interlagos. Se não tiver uma solução, voltam para a Europa e ficam lá só deixando a bucha na mão de Bernie Ecclestone. Que não sabe bem o que fazer da vida, já que as grandes não vão se sacrificar.

Ou seja: que ele abra a carteira. Que ele salve pelo bolso. Que ele repense demais o negócio F1, que reveja regras e pacotes técnicos, que atualize o modelo. De novo: Ecclestone é de outra época, então é impossível que se peça que ele traga a resposta a tudo. Tá mais que na hora de fazer um sucessor ou eleger um colegiado que traga a F1 para o século 21.

Do jeito que tá, Bernie vai colocar bigas para preencher o grid.

Comentários

  • o bernie diz que a f1 tá em crise.. ele resolve isso fácil , é só ele parar de embolsar 80% da receita e voltar aos 20% ou baixar mais ainda aos 10% que ele recebia no inicio da sua carreira.. engraçado que empresas tão poderosas e poucas viram reféns de uma figura mafiosa dessa,,, no futebol eu entendo, agora na f1? esse pessoal não tem sangue nas veias..

  • Não acho que a ultrapassagem de Vergne no Grosjean tenha sido normal, ele tentou passar vindo bem de trás e colocou de lado muito em cima da curva, o próprio Grosjean já estava começando a ultrapassar o Buttton e teve que recuar para evitar um acidente, e mesmo assim o Vergne tocou ele causando danos na asa e no assoalho do Grosjean e isso fez a diferença porque depois disso ele não teve o mesmo desempenho. Gosto de tentativas arrojadas mais essa do Vergne foi bem ao estilo Nascar e isso não é aceitável em uma corrida de Fórmula.