Polis de Indiana, 23

INDIANÁPOLIS | Passa da meia-noite, e as malas aqui ao lado estão quase prontas. Os defeitos caem às pencas, mas uma qualidade latente é a de colocar tudo dentro das balizes com qualidade profissional e rapidez. E tem o fato de que o dia foi de compras, e elas foram levemente exageradas. É o ápice do Memorial Day em termos de negócios, e todas as lojas despencam os preços e colocam descontos sobre descontos para a farra consumista se consumar.

Pus o Abacartão na estrada aqui do lado rumo ao Sul, e em não mais do que 35 minutos chegamos a Edinburgh, onde tem um outlet que reúne grandes marcas em um espaço imenso para o bolso gritar. Avisei à Evelyn que ela ouviria em algum momento palavras de nossa convivência. Bastou entrarmos na primeira loja que um casal já falava: “Esse preço tá bom”. Dei risada e já soltei o clichê de que brasileiros sempre se acham.

Em meio à oitava ou nona camiseta e sacolas na mão, havia outros dois caras ali que falavam e ao me verem, soltaram um “ele tem cara de brasileiro”. Mas na hora rebati: “Eu tô ouvindo, hein?”, e parti para comprar a mala complementar, que era algo que sempre quis ter na vida, uma mala complementar e instantânea que me salvasse.

Já era 16h quando demos por encerradas as aquisições, num placar em que ganhei apertado de Evelyn, que ainda tinha de comprar um apontador elétrico, talvez um celular e outras bugigangas. Só resgatando a história: há três anos, a Dona Guimaraneta, mãe dela, havia me pedido a peça para levar ao Brasil. Aqui tá a história. Depois de comer aquele rib-eye que só os caras sabem fazer, partimos para a loja que deveria ter o tal ‘sharpener’. Chegamos às pressas, minutos antes do fechamento, para o tal produto estar em falta. Era o fim da farra da gastança, sem êxito, com muxoxo.

Não sem antes passar na farmácia, que aqui vende vodka. É muita evolução.

A Evelyn termina ali algumas notícias que vão ao ar amanhã, último dia desta jornada, e já se desespera com os pertences que não vão se encaixar nunca no espaço que tem de despachar. Ainda tenho de apresentar o Museu à madame e levar a chave #439 do escaninho que esqueci no bolso ao pessoal da sala de imprensa. Confesso que ontem, na saída para pegar o Abacartão no estacionamento, quando o sol já se escondia, deu aquele aperto e um suadouro abaixo das sobrancelhas. Já disse anteriormente que tenho um puta apreço por esse lugar, e tudo que a gente vive e se diverte vai para um HD especial da memória.

Os xingamentos à Gabi Pinheiro Santos, o Moquif Inn, o Américo, a Andrea, o Benito, até o Cesare Mannucci, da ‘Autosprint’, apareceu, falamos um tempão, e tem o colombiano, a baixota do cabelo espetado que leva para a sala de imprensa o cão cheira-bunda mais quieto do mundo, o americano que quer a camiseta do Grande Prêmio, o Jeremy, e o Gasoline Alley, o Pagoda Plaza, a Economaki, o quarto andar, a segunda fila, o pôr-do-sol à direita batendo no rosto, as luzes acesas e que se apagaram por nós.

A corrida. E Indianápolis.

Vai saber o que nos reserva a vida, mas ano que vem estamos aí pra isso, voltar, fazer a festa e ser feliz. Se eu já estiver recuperado da falência.

Indianápolis

Comentários

  • Cara, preciso ir nessa corrida ano que vem.
    Preciso.
    Será que com uns 10mil Dilmas dá? Todo ano eu fico seco e p da vida por nao ter ido.

  • Olá Victor, acompanhei seu blog durante todo esse período da Indy 500 e adorei os posts diários onde você dá uma pequena idéia sobre esse lugar que deve ser maravilhoso principamente nesse mês de maio, espero um dia poder realizar o sonho de conhecer Indianápolis para ver de perto a corrida e principamente sentir o clima desse lugar que me fascina a muito tempo. Um boa viagem de volta!