Taste of India

SÃO PAULO | Se Vettel, moleque que é, no bom sentido, assistisse às pegadinhas do Silvio Santos e conhecesse o Carlinhos Aguiar — prazer inenarrável que tenho, por exemplo —, desceria do carro e chegaria ali nos comissários da FIA, dava uns tapas nas bundas das garotas e gritava: “É 13, pá, pá, pá. É 13, pá, pá, pá”. Falta só uma pro recorde histórico da F1, que ainda pertence a Nigel Mansell (ou Naidel Mancel, como escreveu outro dia um amigo), temporada de 1992. A Red Bull já bateu o da temporada, 16 em uma só. É um conjunto imbatível, este. Não dá graça nem para os bolões da vida.

O pá, pá, pá de hoje não teve muito blá, blá, blá. Com uma carga aerodinâmica ajustada para as curvas, a Red Bull 1 sobrou. Até fez Hamilton e a McLaren acharem que beliscariam primeiro lugar absolutamente irreal, já que Luizão tomou outra punição, mas nem a volta final o inglês completou, cônscio de que sua missão era, de fato, irreal. A Red Bull 2, a de Webber, é 2, mesmo. Só assim.

Alonso conseguiu um terceiro lugar numa combinação de fatores. Antes da classificação, a Ferrari já entregava os pontos via Twitter. “A lógica é que fiquemos em quinto e sexto”. Parte dela aconteceu. Fernandito, por si só, pilotou muito hoje. Pelos cálculos, 112% do carro. E se valeu da punição de Hamilton e da classificação desastrosa de Button, como o próprio definiu. O óbvio é que Massa foi sexto, ainda dando um leve prejuízo para a Ferrari, quebrando a suspensão dianteira direita naquela que parece ser a única saliência em zebras da pista de Buddh.

Ah, e sobre a pista, tudo que aquela catástrofe da Coreia não tem, essa indiana tem. É bem bacana, sobretudo a curva 3, feita em subida e para à direita, cega, e o curvão, também alla sinistra. Entra para a curta lista dos trabalhos bem feitos de Tilke. E que fique no calendário, sim. Se a F1 procura novos lugares e praças, pelo menos a Índia tem algo a ver com a categoria, pilotos e equipe. Coreia, Abu Dhabi e Bahrein estão aí meramente pra fazer número, sobretudo financeiro.

Senna, mais uma vez, não foi bem. 15º lugar no grid, 14º com a queda do companheiro Petrov por seu atropelamento a Schumacher em Yeongam. O bom de Bruno é que ele fala na lata, “não fui bem”, “desapontador”, “o caminho que tomamos foi errado”. É isso aí, sem eufemismos, como os que são usados ali e ali pela transmissão para evitar dizer que Massa foi além do limite e errou em sua volta final.

A Barrichello só resta, sei lá, a conformidade com este carro pífio da Williams. Não sei se é exagero dizer que a cabeça de Rubens não está mais na temporada, mas sim naquela que não sabe se vai ter. Ontem pediu respeito. Para chegar a este ponto, é que a situação na equipe é no mínimo obscura e que ou ele é tratado como última opção, mesmo, ou que estão, digamos, sem jeito para dizer que o ciclo acabou.

Como parece ser.

PS: Aproveitando a vinda do Aerosmith ao Brasil, o título é em homenagem a uma música deles. O show é neste domingo, ao qual comparecerei, mas infelizmente ao contrário.

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