Blog do Victor Martins
F1

Blame Canada, 7

SÃO PAULO | As oito primeiras voltas do GP do Canadá me fizeram crer duas coisas: que haviam sido melhor que todos os jogos da Copa do Mundo até então e que Bernie Ecclestone é um bocó por ter deixado este circuito de fora da F1. E contribuiu para isso a Bridgestone, que entregou uma […]

SÃO PAULO | As oito primeiras voltas do GP do Canadá me fizeram crer duas coisas: que haviam sido melhor que todos os jogos da Copa do Mundo até então e que Bernie Ecclestone é um bocó por ter deixado este circuito de fora da F1. E contribuiu para isso a Bridgestone, que entregou uma remessa de pneus moles e duros atípica, de menor durabilidade, fazendo com que as equipes partissem para estratégias até na base da surpresa. Assim, já tinha gente nos boxes na volta 4. Muito antes, Massa e Liuzzi já o tinham visitado.

Liuzzi partia em quinto disposto a mostrar que não é o piloto de desempenho mediano que se tem visto e com uma Force India que quer ser grande. Não largou lá muito bem, e Massa, em sexto, só não conseguiu superá-lo por completo porque tinha Button pouco à frente em sua trajetória para atrapalhá-lo. O choque da primeira curva, incidente de corrida, iria fazer com que Felipe ficasse atravessado no meio da pista, mas o próprio carro de Vitantonio tratou de endireitá-lo. E os dois foram se tocando durante a curva 2 até que os veículos fossem se desfazendo. No fim das contas, uma disputa com um alguém que não vai brigar pelo título só trouxe prejuízos a Massa, que, sem nenhuma entrada do safety-car, viu sua corrida perdida. E pontos que seriam importantes e provavelmente altos, já que finalmente era competitivo. Para emendar e encerrar o tema, ainda foi prensado por Schumacher no fim da prova quando buscava um mero ponto e se viu em 15º e com uma punição posterior por ter excedido a velocidade nos pits em sua parada extra para trocar o bico avariado. É tipo a prova de descarte, ruim, que todo piloto acaba tendo na temporada.

Quem havia largado de pneu mole parou até a sétima volta. Até lá, Alonso e Hamilton brigavam pela liderança, com Button em terceiro. Depois, Vettel e Webber apareceram na ponta, trazendo um pouco atrás Kubica, o trio dos ‘durões’ entre os dez primeiros. Só que a vantagem que pareciam ter acabou indo para o espaço quando os rivais, com calçados com pneus novos, começaram a virar mais rápidos que a dupla da Red Bull. Quando os taurinos pararam, voltaram em quarto e quinto.

E mesmo com a constante da prova, o desgaste, os melhores carros do ano não evoluíram. Hamilton e Alonso tinham performances semelhantes. Na pista, Alonso conseguiu superar o rival por duas vezes, mas mesmo parecendo ligeiramente mais rápido, Fernando acabava aparecendo sempre atrás do ex-companheiro depois das paradas nos boxes.

Button, naquele andar de lorde, começou a perturbar Alonso quando este já parecia mais ou menos conformado com o segundo lugar. A ultrapassagem veio quando o ferrarista se atrapalhou com a presença sempre lenta de Chandhok na pista. Assim, Jenson completou mais uma dobradinha da McLaren, a terceira no ano. Button superou Webber na classificação, mas acabou ultrapassado por Hamilton, o novo líder da competição.

Os comissários, dentre eles Emerson Fittipaldi, tiveram trabalho em Montreal. Só Petrov recebeu duas punições. Incidentes entre Kubica e Sutil e aquele de Massa com Schumacher merecerão análise mais precisa. Ultrapassagens que até envolveram quatro carros ao mesmo tempo — incluindo, de novo, Massa e Liuzzi — chegaram a ser vistas. Buemi, que liderou a corrida por uma volta, mereceu aplausos, e o oitavo lugar não reflete por completo sua tarde. E a Sauber é o ápice do ridículo.

O GP do Canadá foi o melhor do ano. E torço para que a Bridgestone dê pneus semelhantes para que a próxima etapa, na chata Valência, possa gerar algo minimamente legal quanto o que vimos hoje.