Blog do Victor Martins
F1

S18E15 SIN1

SÃO PAULO | Quando o campeonato começou a se desenhar nas primeiras etapas e nos fez entender como e onde cada carro ia se adaptar melhor, estava transparente que o fim de semana em Singapura favoreceria Red Bull e Ferrari e seria uma prova de fogo para a Mercedes, ainda mais diante do que aconteceu em […]

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SÃO PAULO | Quando o campeonato começou a se desenhar nas primeiras etapas e nos fez entender como e onde cada carro ia se adaptar melhor, estava transparente que o fim de semana em Singapura favoreceria Red Bull e Ferrari e seria uma prova de fogo para a Mercedes, ainda mais diante do que aconteceu em Mônaco. Ao longo do tempo, também, foi ficando mais evidente que a Ferrari tinha dado um passo à frente em relação à Mercedes, trazendo um cenário não visto na F1 desde 2013. Junte os ingredientes da receita daquele começo de Mundial, e Vettel deveria chegar a Marina Bay como favorito claro a pole e vitória para ampliar a liderança.

Pois não foi nem um nem outro. Porque Hamilton está em outra categoria. E, novamente, é importante ressaltar que ele não estava na categoria dos ‘normais’ até o GP do Azerbaijão e fez uma transição estelar e histórica até chegar a este ponto onde produz aquela volta magistral, cujos predicados são ínfimos, na classificação e vencer de ponta a ponta uma corrida onde só teve um susto, protagonizado por malucos que não obedecem bandeiras azuis — inclusive, não sou contra.

Hamilton é pentacampeão do mundo. Legal, aliás, que o mundo tenha conhecido dois pentacampeões no mesmo dia. Dixon é tão espetacular quanto. Merece um texto à parte.

Só uma sequência impensável de quebras levaria a pensar que Hamilton vai perder esse campeonato. Faltam seis corridas. Lewis mal precisa vencer daqui em diante: se for segundo em todas, Vettel precisaria vencer as seis para ultrapassá-lo em Abu Dhabi. Vettel vai vencer as seis? Não. Mesmo se tiver um óbvio melhor carro, Seb já não tem mais forças. Seb não tem como ser um megapiloto para se equiparar a este Lewis megapiloto. A cara de Vettel no pódio ontem é simbólica da derrota e de sua incapacidade.

E acho legal, mesmo, quando a gente começa a discutir se Hamilton vai ser o maior de todos os tempos. Neste ritmo, e com apetite para ir além de 2021, vai.

Não há muita coisa para descrever sobre o GP de Singapura. Foi chato e maçante, teve lá seus momentos interessantes, mas apenas salientou a excelência de um piloto — e, com boa vontade, o quanto três pilotos das três primeiras equipes estão à frente dos outros três. O trio Bottas-Räikkönen-Ricciardo terminou mais de 40s depois de seus companheiros. Dos finlandeses, nada espero, mas o desempenho de Daniel tem me decepcionado. O que pode servir como desculpa é o tratamento de desdém que já lhe tem dado a Red Bull, mas não creio que tenham mexido no carro para que seja mais lento.

A Force India seria sétima e oitava não fosse Pérez. O que este rapaz fez ontem serviria como motivo para Stroll Papito rasgar o contrato. Arremessou Ocon logo depois da largada lembrando o incidente no Azerbaijão em 2017 e, sem conseguir passar um combativo e respeitável Sirotkin, jogou o carro para cima do pobre. Eu me pergunto como é que estes comissários da F1 não cogitaram dar bandeira preta.

Alonso fez uma prova mágica, como definiu, para chegar em sétimo. Que pelo menos não tenha sido sua última grande atuação na F1. Os demais não fizeram nada de muito destaque.

Fim de semana que vem tem GP da Rússia. É o primeiro dos desfiles que restam nesta temporada até a coroação do quinto título de Hamilton. Que a prova seja, ao menos, diferente do que sempre foi: ruim. A gente anda precisando de alguns momentos de distração e diversão por estas bandas.