Blog do Victor Martins
F1

A página que tem de virar

SÃO PAULO | 14-08: a data em que Alonso anuncia o fim da linha na F1. Como Massa nos últimos anos de Williams, Alonso já não tinha mais o que fazer na McLaren. O casamento com a equipe e a categoria acabou. E o negócio é respirar, juntar as tralhas e seguir em frente. A […]

Alonso

SÃO PAULO | 14-08: a data em que Alonso anuncia o fim da linha na F1.

Como Massa nos últimos anos de Williams, Alonso já não tinha mais o que fazer na McLaren. O casamento com a equipe e a categoria acabou. E o negócio é respirar, juntar as tralhas e seguir em frente.

A F1 foi ingrata com Alonso em só lhe dar dois títulos; um piloto de seu quilate não merece ficar ali na história com tão pouco. Mas Alonso também não pode reclamar que não retribuiu da mesma forma: tudo que falam a seu respeito, de Massa a Horner, é real e deve ser levado em conta. Seu temperamento mutante dentro de uma garagem de F1 tumultuou o ambiente por onde passou e fechou portas que lhe impediram de conquistar mais sucessos.

Esta segunda passagem pela McLaren é muito significativa. Alonso recebeu de volta tudo que aplicou em outras equipes. Às vezes, viu-se em tempos de Minardi andando na última colocação; às vezes, fazia mágica com o que não podia. Também se redescobriu: aprendeu a rir de si mesmo, a se fazer meme, a usar as redes sociais, a ser mais leve vendo que não teria mais o peso que poderia ter. Pelas mãos da McLaren sem Ron Dennis, foi conhecer Indianápolis. E foi onde tudo mudou.

Aquele mês de maio de 2017 mexeu com um cara que vinha perdido no automobilismo. Tudo que ele não mais encontrava na F1 ali estava dentro de um superoval. Da importância à emoção, Alonso sentiu que era grande de novo. E voltar à vida normal não tinha a menor importância. Fernando esperou 2018 achando que a Honda era a razão de seus problemas. Mas, curiosamente, entendeu que era a McLaren. Tanto entendeu que, no comunicado emitido hoje, deixa claro que seu futuro não mais está atrelado à equipe.

Alonso se prepara para mais nove corridas de despedida e vira a página. A página só pode ser Indy. Só pode ser com uma equipe grande, e que preferencialmente não use Honda. Penske? Pode ser. Mas onde for, Alonso enfim vai poder ser o que sempre quis ser: o melhor.

Algo que a F1 não mostrou.