Blog do Victor Martins
F1

S18E10 Inglaterra 3

SÃO PAULO | Outros pontos que se referem à corrida e que carregam as declarações no mínimo desastrosas de Hamilton e Toto Wolff, indicando que Räikkönen bateu deliberadamente ou que seria incompetente. Primeiro de tudo, seria de bom tom a Mercedes e Hamilton serem competentes na largada. Na França, não fosse aquela reta estreita e […]

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SÃO PAULO | Outros pontos que se referem à corrida e que carregam as declarações no mínimo desastrosas de Hamilton e Toto Wolff, indicando que Räikkönen bateu deliberadamente ou que seria incompetente.

Primeiro de tudo, seria de bom tom a Mercedes e Hamilton serem competentes na largada. Na França, não fosse aquela reta estreita e ruim, Vettel, terceiro no grid, teria superado Hamilton e Bottas; na Áustria, foi Räikkönen quem botou o carro para quase passar os dois pilotos; agora, Hamilton perdeu a liderança nos 50 metros iniciais, viu seu companheiro passá-lo e andou emparelhado com Räikkönen até que o choque acontecesse. Eu mal concordo que Räikkönen tivesse de ser punido quanto mais ter levado 10 segundos, o dobro da pena que Vettel pagou em Paul Ricard. Mas o próprio Kimi admitiu que mereceu.

O fato de ter admitido que merecesse não significa que seja uma confissão de que tenha feito propositalmente ou de que isso seja um plano da Ferrari para tirar Hamilton da prova. Por mais que se questione a qualidade de Räikkönen, jamais em sua carreira alguém sequer cogitou que ele tivesse semelhante conduta. Kimi não precisa disso. Fez, inclusive, hoje, uma das melhores provas suas. Assim, a reação descabida, pueril, infantil, sonsa e quaisquer outros predicados que assemelhem Hamilton a Neymar, seu parça, inclusive, denotam uma pequenez de Lewis que surge justamente nos momentos em que as coisas não vão conforme seus desejos, desde não dar entrevista depois que desce do carro a tentar encurtar o cerimonial do pódio abrindo a champanhe antes da entrega dos troféus. E Toto Wolff, no papel de Edu Gaspar, acolhe e protege calidamente seu piloto, endossando o discurso contra a rival de Maranello e fazendo crer, em instância final, que não é fácil ser Lewis e que dá até pena do piloto.

Hamilton sabe muito bem o que tem e não tem de fazer. Se não quiser falar nada, que não fale, mas a entrevista é parte do protocolo da F1. E se fala, se insinua que há um plano da Ferrari para prejudicá-lo, que prove, porque se trata de uma acusação séria. Como a evidência é proporcionalmente inversa ao tamanho de seu mimimi, Hamilton é apenas um perdedor ruim com uma equipe que demonstra, da mesma forma, não aceitar a derrota. E nenhuma cabeça quente ou colérica é desculpa para justificar a postura de alguém que tem quatro títulos e mais de 30 anos na lomba.

Lewis, ainda, poderia questionar sua competente equipe sobre escolhas de pneus e estratégias diante da presença de safety-cars. Não havia um jogo de pneu macio novo nem para ele nem para Bottas no momento crucial da corrida. Como uma equipe como a Mercedes se dá ao luxo de chegar a uma corrida sem um jogo de pneus novos? Em nenhuma análise de como poderia ser a prova ela imaginou que poderia entrar o SC ou mudar a tática para duas paradas? E se Hamilton terminou tão perto de Vettel com pneus usados, o que faria se calçasse novos? Mas a Mercedes nem quis chamar nenhum de seus pilotos, diferente de Ferrari e Red Bull, para colocar pneus médios. Um segundo e um quarto lugar são ruins, no fim das contas. E além da falha grave em pensar fora de sua caixa de perfeição, isso se deve também aos ótimos trabalhos de Vettel, Räikkönen e Ferrari.

Esta corrida também ser lembrada pelo duelo Verstappen-Räikkönen. Os dois foram excelentes na troca de ultrapassagens, que acabou continuando também depois dos SCs. Max acabou abandonando depois de novos problemas no câmbio da Red Bull. Ricciardo andou alheio a todos e ficou ali num quinto lugar.

Na F1 B, Hülkenberg teve vantagem, mas pressão, de Leclerc durante a primeira parte da prova. O monegasco, porém, foi atrapalhado pela Sauber na parada nos pits. Aparentemente, uma porca mal apertada impediu que a briga entre os dois prosseguisse. Mas, de novo, o desempenho de Charles é de se encher os olhos. Já Nico voltou ao seu estado bom e levou uma Renault que era pior que a Haas ao sexto lugar. Ocon, quietinho, terminou em sétimo. Grosjean e Magnussen quase bateram na largada. O primeiro, depois, bateu com Sainz; o segundo foi xingado mais uma vez por meio mundo, principalmente Alonso, mas terminou na zona de pontos. Gasly pegou um pontinho para uma Toro Rosso ruim.

Depois de três semanas, uma pausa. É muito necessária para Hamilton e seu grupo analisarem onde foi que erraram tanto na Áustria quanto na Inglaterra. E nisso se inclui a decisão de justificar a derrota com uma reação descabida e tola.