Blog do Victor Martins
F1

S18E08 França 1

SÃO PAULO | Ainda não consegui realmente gostar desta pista de Paul Ricard. Ou nem estou muito no clima de F1 por causa da Copa do Mundo. Vejo estas listras laterais azuis e vermelhas como desnecessárias, embora cumpram uma função interessante de desgastar os pneus. Elas confundem os pilotos e os espectadores. Outra coisa é aquela […]

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SÃO PAULO | Ainda não consegui realmente gostar desta pista de Paul Ricard. Ou nem estou muito no clima de F1 por causa da Copa do Mundo. Vejo estas listras laterais azuis e vermelhas como desnecessárias, embora cumpram uma função interessante de desgastar os pneus. Elas confundem os pilotos e os espectadores. Outra coisa é aquela saída de box que dá direto no caminho normal da pista. Também tem a chicane Mistral, desnecessária para um circuito que, embora rápido, é estreito e não deve proporcionar uma corrida interessante – tanto que vários pilotos pediram a Charlie Whiting que ela não fosse usada; mas como as regras da F1 impedem mudanças de um dia para o outro, outra besteira, nada se pode fazer.

Fato é que a Mercedes vem dominando o fim de semana como na Espanha. E nada parece mudar, nem mesmo a chuva, a situação. Hamilton faz a pole, Bottas fica em segundo e Vettel vem em terceiro. Räikkönen, claro, falhando na parte final e ficando atrás das Red Bull de Verstappen e Ricciardo. O motor 2.1 da marca prateada e as características da pista, até mais que os pneus, dão essa vantagem no flutuante campeonato de 2018.

Sobre o treino em si, Q1: na semana passada, Alonso se gabava por conquistar a segunda coroa de seu reinado no esporte em Le Mans. OK que foi naquelas condições: apenas dois carros tinham chance, de fato, e a Toyota fez de tudo para que aquele em que estava o espanhol ganhasse. Chega uma semana depois, o piloto é obrigado a lidar com a seguinte situação: 1) a cúpula da McLaren dizendo que vai ver os erros do carro para já pensar em 2019; 2) Martin Whitmarsh, ex-dirigente da equipe, alegando que foi procurado por membros do time pedindo para que volte e dê jeito na coisa; 3) estes mesmos membros putos da vida por terem ganhado uma barra de chocolate como recompensa. Há algum tempo, a gente questiona a capacidade de Éric Boullier como team principal de um time que vem seguindo os mesmos passos da Williams rumo ao vazio. Não é compreensível que ninguém realmente pense em demiti-lo e mande embora gente de outras áreas. Ver Alonso ficando em 16º e eliminado no Q1 deveria ser o convite respondez-s’il-vous-plaît (RSVP), aproveitando que estão na França, para o olho da rua. É um vexame.

O Q2 veio com a ameaça de chuva e um Grosjean querendo passar Ericsson nos boxes. De novo, e sempre, o suíço mostra que lhe falta algo, não adianta – e isso não seria seu único horror do dia. Bom, aí Hamilton mostrou que a Mercedes vem andando melhor até com os pneus teoricamente mais lentos – supermacios em vez dos ultra. E teve Leclerc.

Leclerc. Mais uma vez: ele começou mal, se cobrando, se chamando de idiota. Até o GP da China, parecia que não havia feito a transição da F2 para a F1. Foí aí que o Azerbaijão mostrou o espetáculo de piloto que é. Terminou em sexto até incomodando as Red Bull no começo da prova. De lá para cá, fez de Ericsson um apêndice. Neste sábado, o moleque foi aplaudido por Frédéric Vasseur e demais membros da Sauber ao ter seu nome ali em décimo. Avisado de que ia para o Q3, comemorou. E as câmeras, antes do início da sessão, flagraram seus olhos marejados de emoção.

Leclerc. Ocon. Gasly. Verstappen – quando fora do seu estado de Pica-Pau-de-polainas. A F1 tem um punhado de gente que vai garantir sua próxima geração.

Então veio o Q3, que começou com Hamilton e Bottas novamente ponteando as ações, separados por menos de 0s1, e um Vettel que tirou o máximo que pôde da Ferrari para andar ali perto deles. Faltando 7 minutos para o fim, Grosjean voltou a aparecer mal cometendo um erro tão tosco que é indescritível: escapou, rodou e não soube controlar o carro para evitar mais um acidente com o carro da Haas. Para piorar, provocou bandeira vermelha, atrapalhando todo mundo que queria ver o começo de México x Coreia. Romain ainda vai sair em oitavo no grid. O que há de fazer para que não pontue e continue no zero na temporada? A ver.

A previsão, pois, não é das mais animadoras. Hamilton e Bottas vêm para a dobradinha neste domingo se nada de estranho acontecer, o que daria de novo a liderança do Mundial ao inglês e com uma certa folguinha para Vettel. E a tendência de formar uma quadra consecutiva de corridas maçantes é muito grande.