Blog do Victor Martins
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S18E07 Canadá 2

SÃO PAULO | A corrida se desenhava como grandiosa para quem teve uma classificação como a de ontem. Engano. O GP do Canadá foi tão ruim quanto os da Espanha e de Mônaco. Digamos que, na temporada, a F1 levou uma virada: junto com o da Austrália, agora as provas más ganham das boas no […]

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SÃO PAULO | A corrida se desenhava como grandiosa para quem teve uma classificação como a de ontem. Engano. O GP do Canadá foi tão ruim quanto os da Espanha e de Mônaco. Digamos que, na temporada, a F1 levou uma virada: junto com o da Austrália, agora as provas más ganham das boas no placar. As únicas coisas realmente válidas para a corrida: o acidente de Stroll com Hartley e a bandeirada antecipada.

Ainda que não tivesse cometido um erro crasso no ano, sempre questiono que diabos Stroll faz na F1. Não consegui ver toque algum de McLaren no carro dele na largada, como alegou, e provocou um acidente que poderia ter tido graves proporções. Esperava que a FIA não viesse com suas punições passa-mão-na-cabeça que resolveu aplicar ultimamente, até porque perda de posição no grid para esta Williams aí não resulta em nada, e de repente vejo que a entidade viu que “como os dois carros estavam próximos, nenhum piloto deve ser culpado pelo incidente”.

Olha, realmente: apaputaquepariu.

Difícil dizer que Hartley foi um coitado. O rapaz até vinha bem no fim de semana e, pá, aí lhe acertam. Mas Brendon, como Lance, é outro que nem deveria estar na F1. Ele diz que sabe o que tem em seu contrato, mas todo mundo que foi enxotado da Red Bull ou Toro Rosso também tinha um contrato. O neozelandês é mais um erro de uma equipe que já não tem mais em um jovem para ser seu. Enfim, estava lá tentando a ultrapassagem, foi abalroado e só lhe restou o centro médico para fazer exames.

Aliás, um detalhe: ouvir que Hartley não deveria estar ali para tentar a ultrapassagem é uma afronta à nossa inteligência e, também, à paciência.

Sobre a corrida, os desempenhos realmente apontam para o que temos falando no Grande Prêmio e no Paddock GP: é um campeonato que vai ser decidido nos pneus. A Ferrari – Vettel, porque é o único piloto que vale, realmente – anda esplendorosamente com os pneus mais macios; a Mercedes sofre. Bottas não conseguiu acompanhar o ritmo do alemão e Hamilton sequer conseguiu atacar Verstappen ou Ricciardo a prova toda. Nas situações em que houver os pneus mais duros, os prateados vão prevalecer. Mas agora tem a Red Bull nesse caminho para se misturar neste balaio, e é necessário um olhar mais cirúrgico para entender onde se adapta melhor — a princípio, está no mesmo lado da Ferrari.

O que nem Vettel nem Hamilton esperavam é que só em uma prova a situação no Mundial já mudasse: agora, Seb leva 1 ponto de vantagem. Bottas e Ricciardo vêm atrás, mas o primeiro tem de sair do quase para vencer e o segundo contar com a Red Bull para beliscar mais triunfos.

Verstappen sai ileso do fim de semana pela primeira vez no ano. Melhor para os repórteres, que não levarão cabeçadas. Hamilton teve um desempenho que remeteu ao do Azerbaijão: foi ruim, inesperado para alguém que ama a pista canadense. E Räikkönen… bem, o que a Ferrari ainda quer dele e com ele? Não ajuda Vettel tirando pontos de Hamilton, não ultrapassa nem ameaça ninguém… ele voltou 0s9 atrás de Lewis em sua parada com pneus melhores. A diferença só foi aumentando, aumentando, até chegar em 5 segundos. Kimi terminou 27s atrás de Vettel. Se alguém realmente tiver olhando o que Leclerc está fazendo na Sauber, a Ferrari deveria vir agora e, como a Honda fez com Pedrosa na MotoGP, já anunciar o monegasco para o ano que vem.

Leclerc passou a primeira parte da prova se defendendo dos ataques de Alonso. Nas paradas, acabou voltando atrás, mas ficou no encalço do espanhol. Conquistou mais um pontinho na carreira. E terminou cerca de 40 segundos na frente de Ericsson. Uma vez que se achou na F1, Charles relegou Marcus à fossa negra.

E sobre Alonso… corrida 300, problema de potência. O que Alonso ainda quer na F1? As equipes grandes não o querem e ele não vai conseguir sequer ir ao pódio. Vai para Indy, cara. Vai ser feliz, disputar vitórias, ser o nome do campeonato, aproveitar que a categoria está crescendo de novo, de repente reabrindo as portas da internacionalização… vai ser alguém de novo para o esporte.

A bandeirada antecipada foi o crème-de-la-crème. Obviamente, alguém falou para a modelo que ela tinha de balançar o pano. Ela não saiu correndo, subiu na cabine, pegou a bandeira e começou a chacoalhar de alegre. Reparei depois no replay que as duas pessoas que estavam no controle com ela não fizeram nenhuma menção de “moça, pelamordedeus, olha o que cê tá fazendo, muié, para com isso e dá aqui essa joça…”. Uma vez que a bandeirada encerra de fato as atividades, diante de uma corrida que não tinha nada a gerar de interessante e não ia mudar posição alguma, não duvidaria que isso tenha sido proposital, sinceramente — como parece que rolou com o pace-car da semana passada em Detroit na Indy.

Mais duas coisas, para encerrar: 1) Voltando aos pneus: não dá para um pneu fuckingfófis durar 50 voltas, né? Por mais que a Pirelli faça o que a F1 determina, que se tenha realmente uma borracha que desgasta, que provoque bolhas, que mude uma corrida. Com os três compostos mais macios, era negócio parar uma vez só. Ridículo demais. 2) Falando em ridículo, os cinco primeiros — porque Räikkönen nem isso consegue — deram volta no sétimo colocado, Hülkenberg. F1 A e F1 B.

Nota para a prova: 1. Tenho dó de quem deu 6 ou 6,5.