Blog do Victor Martins
F1

S18E06 Mônaco 2

SÃO PAULO | Não há muito o que escrever de uma não-corrida. Compreendo perfeitamente que Mônaco é parte inerente da Fórmula 1, que representa toda sua pompa, negócios, festas, champanhe, iate, mansão, 100 mil dólares, mulheres e afins. Compreendo também que não dá para pensar que deixe a categoria. Mas não é aceitável que não […]

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SÃO PAULO | Não há muito o que escrever de uma não-corrida. Compreendo perfeitamente que Mônaco é parte inerente da Fórmula 1, que representa toda sua pompa, negócios, festas, champanhe, iate, mansão, 100 mil dólares, mulheres e afins. Compreendo também que não dá para pensar que deixe a categoria. Mas não é aceitável que não se questione e se busque uma alternativa para uma pista que não permite ultrapassagem, disputa e emoção.

Como eu dou de ombros – não vou usar ‘caguei’ porque ‘caguei’ é muito chulo – para toda essa glamourização que envolve o fim de semana do Principado, creio que esta nova direção da categoria tenha de se preocupar em entregar um melhor produto para quem vê. Dias atrás, criaram um tal Fan Voice. Se é para ouvir as vozes dos fãs, ouçam direitinho com o eco devido: Mônaco não presta como corrida de Fórmula 1.

Os seis primeiros no grid terminaram nas seis primeiras posições. Ricciardo teve seus problemas lá com turbo e marcha; Vettel e Hamilton, com pneus; Räikkönen e Bottas, consigo mesmos. Ninguém atacou ninguém. Andaram tão lentos que Ocon chegou colado – aliás, o que foi aquela estendida de tapete para Hamilton na saída do túnel? –, trazendo a tiracolo Gasly, Hülkenberg e um animado Verstappen, que foi o único que ousou tentar ultrapassar – a manobra sobre Sainz foi bela. Chato, chato demais – não vou usar ‘pra porra’ porque a família de bem pode se sentir afrontada.

Única coisa boa é ver Ricciardo ganhando. Ele merece. Ele é o melhor marketing para esta F1 que agora se vende melhor. Pena que não deu para ver na hora, para quem mora no Brasil, o pódio. Aliás, vale um parágrafo também.

Também é compreensível que a situação do país com suas greves, locautes e nocautes seja infinitamente mais importante que uma corrida de carros. Mas esperar 10 minutos até que se passe todas as notícias do que tem acontecido no Brasil sem que necessariamente haja algo urgente — uma coletiva, uma informação exclusiva, uma explosão, um atentado contra o presidente — era perfeitamente possível. Cortar a transmissão abruptamente depois da chegada é amplamente desrespeitoso. Aí chega no jornal da noite que é um show da vida, e o espetáculo da compilação de uma corrida é visto em menos de 1 minuto e meio numa pressa de dar agonia, dado por obrigação e necessidade comercial, com oferecimento de seis patrocinadores que enfiam, juntos, mais de meio bilhão de golpinhos brutos nas contas globais.

Isso acontece também com a Bandeirantes, em ato que é quase tradicional na Indy. Acaba a corrida, corta. Por que diabos – não usarei ‘caralhos’ porque a família brasileira acha um descalabro –, então, compra os direitos de transmissão se trata tão mal o produto?

Voltando à corrida: o que é essa Williams? Primeiro que mataram a corrida de Sirotkin no grid não colocando as rodas nos carros no tempo correto. Porque é muito, muito difícil, uma equipe que troca pneus em menos de 3 segundos colocar pneus no carro 3 minutos antes de o procedimento de largada ter início. Aí os caras pararam umas 17 vezes para trocar de pneus. Sem contar que Stroll, jesus… Lembra quando Alonso falava da Honda ter um ‘GP2 engine’? A Williams se esforça para ser um ‘F2 team’.

Falando em Alonso, nada mais simbólico do que seu carro pifar bem à frente de um carro empurrado pela Honda, no caso a Toro Rosso de Gasly. O espanhol achou a corrida tão pé-no-saco que falou ser “a pior da vida”. E foi ao Twitter falar, horas depois, que ia assistir a uma corrida de verdade, no caso a Indy 500. Ainda que esta não tenha sido lá o que se esperava dela, me parece cada vez mais claro que, se a McLaren for pra Indy mesmo, Alonso vai estar no Speedway em 2019.

De resto, o campeonato é aquilo que se previa ontem: 110 para Hamilton, 96 para Vettel e 72 para Ricciardo. Os três com duas vitórias cada. Próxima etapa, Canadá, onde a Ferrari de supermacios deve ter vantagem, Red Bull não fica tão atrás e Lewis sobressai. A F1 vai voltar a ver uma corrida, assim espero.

Corta.