Blog do Victor Martins
F1

S18E03 China 2

SÃO PAULO | Abro este post agradecendo Gasly. Este homem que na semana passada foi lindamente quarto colocado estava numa tiriça daquelas com essa Toro Rosso caixinha-de-surpresa. No começo da corrida, precisou da ajuda da equipe para trocar de posição com Hartley e ganhar a importantíssima 18ª posição. Depois da parada nos pits, caiu atrás do companheiro […]

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SÃO PAULO | Abro este post agradecendo Gasly. Este homem que na semana passada foi lindamente quarto colocado estava numa tiriça daquelas com essa Toro Rosso caixinha-de-surpresa. No começo da corrida, precisou da ajuda da equipe para trocar de posição com Hartley e ganhar a importantíssima 18ª posição. Depois da parada nos pits, caiu atrás do companheiro de novo. Daí foi tentar uma ultrapassagem — ou, sei lá, deu um tilt qualquer na hora —, bateu no parça, jorrou detritos na pista, safety-car.

Santo safety-car. Salvou o GP da China. Que vinha numa tiriça tipo a de Gasly. Virou um corridão a partir da volta 32/56.

Aos trabalhos: Räikkönen até largou melhor que Vettel, mas foi otimista em achar que teria algum espaço para tomar a ponta. Foi o que lhe fez, inclusive, cair de segundo para quarto e promover a única mudança entre o trio-de-ferro. Aliás, aí se formaram duas combinações de Ferrari-Mercedes-Red Bull sem que houvesse qualquer proximidade e briga por posições até a volta 18, momento em que Verstappen e Ricciardo foram aos boxes conjuntamente. Na 19, foi a vez de Hamilton; na 20, Bottas; na 21, Vettel.

Essa volta de diferença pôs Bottas na primeira colocação. A moscada que deu na estratégia levou, puxa vida, a Ferrari sacrificar seu segundo piloto. Räikkönen ficou na pista até que os dois outros se aproximassem. Tudo para que Vettel colasse em Bottas e ficasse numa distância de 1s, aquela que permite o de trás abrir a famigerada asa traseira. Não resolveu muito. O alemão tentava, o finlandês resistia.

Deu-se o choque entre as Toro Rosso. Levou um tempinho até que a direção de prova visse aqueles pedaços azuis metálicos esparramados. Acionou o SC. Naquele momento, Bottas e Vettel contornavam a curva para entrar na reta principal e nem tinham como reagir a qualquer chamado dos boxes. Quem vinha atrás, sim. Foi a vez de a Mercedes comer bola. Hamilton foi mantido na pista. E aí a Red Bull foi ligeira demais e não hesitou em trazer sua dupla de novo para trocar os médios pelos macios.

Com pelo menos 20 voltas pela frente, a Red Bull claramente vinha para a dobradinha. Porque os demais estavam com os piores pneus e bem usados.

A chance clara era de Verstappen. Só que na primeira oportunidade que teve, o holandês quis passar Hamilton para ganhar a quarta posição no pior momento possível — por fora no trecho do S da pista chinesa. Acabou indo para fora e entregando a posição para Ricciardo. Que tem cabeça, habilidade, experiência, coração, arrojo, beleza e o amor do mundo. Passou Hamilton, passou Vettel e passou Bottas — com certa dose de emoção. Primeiro, e já era.

Ricciardo ensinou ali na frente o que Verstappen deveria fazer. Porque Max fez tudo errado. Depois de superar Hamilton na segunda tentativa, foi tentar arrumar um lugar para passar Vettel e deu no alemão. Foi punido. Caiu para trás de Hamilton de novo, indo para uma terceira tentativa, enfim bem sucedida.

Hoje, Verstappen fez de seu arrojo limitação e burrice.

E a pena de 10s foi branda demais para Verstappen. Beneficiado com os pneus mais novos, acabou recuperando a diferença na pista e terminou não só à frente de Vettel como também de Hülkenberg — que também se valeu do SC e parou duas vezes. A FIA, que é pródiga em puxões de orelha, passou a mão. Era caso para drive-through.

Vettel caiu tanto de rendimento que até Alonso tirou uma casquinha. Acabou em oitavo e por pouco não perdeu posição para Sainz.

Aí veio a bandeirada, a vitória linda daquele homem lindo, mas os olhares estavam ali nos boxes para o esperado encontro entre Verstappen e Vettel. No fim, o primeiro foi lá, puxou o outro, pediu desculpas, nada mais acalorado surgiu e a vida seguiu. Não deu tempo nem de pôr a pipoca no micro-ondas — até mesmo porque não curto muito pipoca.

E Räikkönen? Com pneus médios bem mais novos que Bottas, não conseguiu ameaçar propriamente o compatriota. Ficou ali mesmo em terceiro, sonolento, quase que merecendo o tratamento que a Ferrari claramente lhe deu neste domingo.

A F1 tem um sério problema a resolver, que é o de ultrapassagem. Já que o Liberty Media gosta de um entretenimento, que coloque uns SC obrigatórios quando convier. Aí a corrida fica legal.

Três corridas, três histórias para contar. O campeonato agradece, já que deu uma embolada. Vettel só tem 9 pontos de vantagem para Hamilton. E a Mercedes ainda não venceu. Realmente, tudo bem diferente do esperado.