Blog do Victor Martins
F1

Sombra na passarela

SÃO PAULO | Sou de uma época em que lançamento de carro de F1 era praticamente um fim de semana de corrida. Mobilizava toda a equipe, analisava-se o carro, a pintura, as novidades, e daí saiam notícias e mais notícias. Isso porque eu não peguei os tempos áureos em que eram eventos de gala. Rolavam […]

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SÃO PAULO | Sou de uma época em que lançamento de carro de F1 era praticamente um fim de semana de corrida. Mobilizava toda a equipe, analisava-se o carro, a pintura, as novidades, e daí saiam notícias e mais notícias. Isso porque eu não peguei os tempos áureos em que eram eventos de gala. Rolavam até convites, com tudo pago, para ver in loco as novas máquinas.

De uns anos para cá, a economia mundial fez com que as equipes se adaptassem e trocassem a pompa por apresentações online. Assim, a mídia e o mundo poderiam acompanhar juntos, em data e horário específicos, o que cada uma tinha trazido de novo. Os streamings haviam poupado alguns milhões de merkels. As fotos, ao menos, eram fartas.

Em 2018, parece que as equipes participam da Liesa, a Liga das Escolas de Samba do RJ. Já que o prefeito-bispo deu um cambau financeiro em nome do Senhor da Universal, as agremiações carnavalescas tiveram de lidar com uma realidade econômica distinta. A Beija-Flor ganhou um carnaval com desfile pobre – e um enredo digno de Brasil Urgente, diga-se.

Na F1, a Haas esperou as demais definirem as datas de apresentação para, do nada, um dia antes da Williams, mostrar o modelo deste ano. A pintura remete à de 2016. Não deu para ver muita coisa além de uma meia-dúzia de fotos.

A Williams prometeu transmissão ao vivo. Mas mal informou o horário. Na hora do ao vivo, nada teve. Fez lá uma reunião na sede para uns tantos. Lançou o carro. Mesma pintura. Nada de vídeo. No site de mídia, fotos do evento, menos do FW41.

A Red Bull veio com uma pintura lindíssima e alguns pares de fotos. Fez lá seu shakedown em Silverstone. Pouco a resolver. A pintura não vai ser aquela. Pena. Mas a Red Bull tem grana. Vive de marketing. Teria que se mostrar melhor. Não.

Aí veio a Sauber hoje de manhã. Parecia a mesma coisa de quando apresentou a parceria com a Alfa Romeo, mesmo ângulo de foto e tudo mais ou menos.

A Renault também não foi muito diferente. No horário proposto, jogou um vídeo e fotos nas redes sociais.

Os carros não estão feios. Feio é ver este cenário de desolação da principal categoria do esporte a motor. E isso não é somente falta de grana. É resultado de atos de gente que ficou acomodada ao longo dos anos e não soube se reinventar. É obra de quem gosta de viver mais do mesmo e que reclama, seja quem for o dono, que o dinheiro é escasso. A F1 vive uma pobreza de espírito que dá um desgosto profundo.