Blog do Victor Martins
F1

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SÃO PAULO | Menor por natureza, a Sauber apequenou-se ainda mais no rápido episódio que culminou na saída de Monisha Kaltenborn do comando da equipe. Na calada da noite, em comunicados inexplicavelmente divididos, os novos donos primeiro procuraram tratar a razão da saída da indiana como ‘fake news’ para, meia hora depois, falar da saída […]

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SÃO PAULO | Menor por natureza, a Sauber apequenou-se ainda mais no rápido episódio que culminou na saída de Monisha Kaltenborn do comando da equipe.

Na calada da noite, em comunicados inexplicavelmente divididos, os novos donos primeiro procuraram tratar a razão da saída da indiana como ‘fake news’ para, meia hora depois, falar da saída em si. Tanto a TV Sky Sports quanto o Motorsport.com informaram que se tratava de um conflito de interesses da alta cúpula. E nada como a luz do dia e as vozes das personagens que as envolviam para iluminar o cenário.

Pascal Wehrlein foi posto na Sauber por Toto Wolff, perdeu as duas primeiras corridas do ano por estar se recuperando daquele malfadado acidente com Felipe Massa na Corrida dos Campeões em janeiro, voltou como se não tivesse perdido nada no Bahrein, quase pontuou, para na Espanha brilhar e chegar em oitavo. Claramente mais piloto que seu companheiro, ainda assim não tinha tratamento prioritário. Monisha queria os dois pilotos no mesmo patamar.

Os representantes do grupo Longbow Finance são chegados a Marcus Ericsson, o rapaz que tem muito apoio financeiro que não é visto explicitamente. Assim, queriam que fosse tratado como o queridinho da equipe.

Fez-se o embate.

Na noite de terça, Monisha ligou para Wehrlein para lhe contar o causo. “Fiquei realmente surpreso”, disse o alemão hoje em Baku. A dirigente não fez o mesmo com Ericsson. “Não falei pessoalmente com ela. Ainda não sei dos detalhes ou a razão disso. Acho que vou descobrir depois”, revelou. O primeiro sabe que perdeu sua grande aliada na escuderia. O segundo alinhou-se ao comunicado #1. “Temos caras aqui que trabalham dia e noite, tanto aqui como na fábrica, para tentar tornar este time bem sucedido outra vez, com os dois carros e os dois pilotos.”

A postura de Monisha diz muito também sobre o passado e o que tentavam alegar a respeito de uma prioridade de Ericsson sobre Felipe Nasr. Mas olhando para a frente, o caldo de Wehrlein volta a entornar.

Não que ele tivesse futuro muito longo na equipe, mas Wolff e seus parceiros vão ter de começar a se coçar para ver o que fazer da carreira do bom rapaz. A Honda vai equipar os carros em 2018 e provavelmente vai querer colocar um piloto de sua safra por lá. Já é notório que em Ericsson não se mexe. E não tem mais vaga assim no grid atual que Wolff possa barganhar.

Valtteri Bottas está bem na Mercedes exercendo o papel de pacificador coadjuvante, e não há sinais claros de que uma mudança está em curso. Na Williams, mesmo com uma eventual saída de Felipe Massa – o que é difícil, neste momento –, Wehrlein não poderia ser o substituto porque não há como ter dois pilotos com menos de 25 anos e a Martini como patrocinadora principal.

O único desenho que se pode fazer é imaginar que a Mercedes encontre este gancho para voltar a fornecer motores para a McLaren – ou seja, contanto que Wehrlein seja um dos pilotos. Aí é uma questão de Zak Brown convencer mais e mais Fernando Alonso a ficar e, em caso positivo, sacar Stoffel Vandoorne. Brown, na sinuca de bico em que se encontra, teria de engolir a seco.

Não é fácil ser Wehrlein. Na Manor, fazia um trabalho decente desde o começo do ano passado. Aí viu o outro protegido da Mercedes, Esteban Ocon, chegar na equipe. A vaga aberta por Nico Hülkenberg na Force India foi cobiçada por ambos. Wolff preferiu Ocon. Aí Nico Rosberg desistiu de ser piloto assim que foi campeão. Wehrlein estufou o peito. Deu Bottas. Arrumaram-lhe o lugar na Sauber. Veio o acidente no começo do ano. Recuperou-se à altura. E agora, em junho, sofre um novo revés na carreira.

Mas Wehrlein parece grande por natureza. E há de se agigantar em outra equipe.