Blog do Victor Martins
F-Indy

Indy 101

  SÃO PAULO | Sato. Ali na Andretti, era o ‘underdog’ ao lado de Marco, o filho do dono da equipe. Mas como todos os carros, inclusive o de Alonso, andavam bem, descartá-lo seria um erro. É que Sato sempre foi o piloto do quase que fica no muro. Ele fez por merecer este estereótipo. […]

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SÃO PAULO | Sato. Ali na Andretti, era o ‘underdog’ ao lado de Marco, o filho do dono da equipe. Mas como todos os carros, inclusive o de Alonso, andavam bem, descartá-lo seria um erro. É que Sato sempre foi o piloto do quase que fica no muro. Ele fez por merecer este estereótipo. Quase em fim de carreira, arrumou um lugar no time só porque o motor foi trocado de Chevrolet para Honda. É o produto da montadora japonesa que perdeu a corrida de 2012 na última volta, afobado, para Franchitti. Sato chegou a se afobar em uma tentativa de ultrapassagem sobre Alonso na linha de chegada. Mas com a derrocada de alguns tantos que usavam o mesmo problemático propulsor, soube ir para cima dos rivais.

É provável que Sato não ganhe mais nada na Indy, e nem precisa. Seu rosto nipônico vai estar exposto na Borg-Warner. Seu nome vai estar escrito como o maior piloto japonês/asiático da história. Sua história, aos 40, muda. Não é nesta idade que começa a vida? É um lindo recomeço para quem passou a ‘velha’ vida sob desconfiança.

Castroneves não tinha carro suficiente para passar Sato. Aqui cabe uma impressão, e não informação: creio que seja a última temporada de Helio como titular regular da Penske. Há alguns projetos da equipe no endurance que o brasileiro e Montoya devem abraçar. E Castroneves, ao meu ver, faria como o próprio Juan Pablo fez este ano: aparições apenas em Indianápolis. O serviço de Helio ainda não terminou nesta pista. A quarta vitória, para se igualar aos maiores, tem de vir.

A sequência de Kanaan na Ganassi e na Indy vai depender dos seus resultados. Que não têm vindo em circuitos mistos/de rua e dependem muito destes ovais, onde ele tem andado no ritmo de Dixon. Outra impressão: se não for a última temporada, é a penúltima. Então só lhe restaria mais uma chance para ganhar lá. A declaração emocionada de que pôde ouvir o público gritando assim que assumiu a ponta é quase um agrado de que é desfecho maravilhoso por sua passagem no Speedway.

Mas a Indy 500 girou em torno de um piloto da F1 e soube explorar bem isso. É certamente a edição que maior audiência alcançou em nível global. Todos nós estávamos ali na empolgação para ver quando é que Alonso assumiria a liderança das 500 Milhas saindo da quinta colocação. Mas aí ele, que nunca havia largado lançado numa fila a três, caiu para nono. Foi passando um punhado aqui e ali, e antes do primeiro quarto da prova, lá estava o carro #29 liderando as ações. Mas é Indianápolis.

Indianápolis não é um lugar que se explica por palavras; ele se expressa por emoções. E a empolgação oscila com o assombro — como no acidente de Dixon com Howard ou no big-one do fim da prova que envolveu Hinchcliffe, Newgarden, Power, Davison e Servià — e atinge a cólera — como no motor estourado do próprio Alonso. A gente queria que Alonso cruzasse aquela linha de chegada, brigando com Sato, Castroneves, Jones e Kanaan, e quando não deu, foi figadal e exposivo ao criticar a mesma Honda que causa traumas não só a Alonso.

Mas no fim, nós somos Indianápolis e as emoções que gritam, lamentam, vibram e socam o ar, xingam, exageram, comemoram e depois se refazem. Indianápolis sempre mexe com quem realmente ama automobilismo. Pena que só tem outras 500 Milhas no ano que vem. Mais pena ainda de quem não entende ou não gosta de corrida.