Blog do Victor Martins
F1

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SÃO PAULO | Que bom seria se a F1 do treino livre 2 de hoje fosse concretizada sempre. Os cinco primeiros separados por menos de 0s3, isso porque Verstappen não andou como deveria e ficou para trás. Ainda tem um Hülkenberg a 0s5 e Massa, a 0s7. Mas não deve ser assim nos próximos dias. […]

Christian Horner
Christian Horner pulando na piscina: por que não a loucura?

SÃO PAULO | Que bom seria se a F1 do treino livre 2 de hoje fosse concretizada sempre. Os cinco primeiros separados por menos de 0s3, isso porque Verstappen não andou como deveria e ficou para trás. Ainda tem um Hülkenberg a 0s5 e Massa, a 0s7. Mas não deve ser assim nos próximos dias. Ferrari e Mercedes vão dominar as ações, com a Red Bull andando um pouco mais atrás. E parece cada vez mais claro que as Flechas de Prata — leia-se Hamilton — estão para perder o amplo domínio em classificações. Se Lewis vier para a sétima pole-position neste sábado, vai achar de onde parece não ter.

Só que, se de fato vem mais rápida, a Ferrari já não parece tão confiável como na pré-temporada. No TL1, Räikkönen ficou a ver areias; no TL2, o carro de Vettel do nada desligou, e ele até foi espertinho em virar a chavinha à frente a seu alcance para evitar maiores problemas.

No entanto, o que chamou mais atenção foi a fala de Christian Horner na coletiva de imprensa que reúne os chefes de equipe. Ao lado de Zak Brown, da McLaren, foi instado a opinar a respeito da decisão da escuderia e de Alonso irem a Indianápolis. Soltou que era algo “insano” para manter o piloto na equipe e que deveriam “procurar um psiquiatra”. E que jamais seus pilotos abririam mão de Mônaco ou de qualquer corrida da F1 para tentar algo do tipo.

Primeiro que, deixando nas entrelinhas que se trata de uma jogada de marketing, Horner parece não querer se lembrar que é funcionário de uma empresa que é a rainha no assunto. Se Dietrich Mateschitz acordar em um belo de um dia e resolver que a Red Bull deve voltar — sim, voltar — à Indy, o dirigente coloca as latinhas no meio das pernas e vai saltitante achar que é a coisa mais roots do mundo descolado que dá asas.

Segundo: qual é exatamente a insanidade de correr a Indy 500? Se a Red Bull tivesse feito um carro no ritmo Toro Rosso neste ano, ou seja, sem qualquer chance de brigar por pódio, duvido que Verstappen e Ricciardo também não se empolgassem em fazer o mesmo ou de se assanhar em Le Mans como fez Hülk em 2015.

A declaração de Horner denota um esnobe ar de superioridade que talvez nem mesmo os novos donos da F1 querem arrotar. A categoria busca soluções urgentes para se reinventar: o barulho parco dos motores, algumas corridas sem tradição alguma, a relação primitiva com o público e as redes sociais, a diferença grande entre as equipes e seus orçamentos, a promoção limitada dos eventos e o mau marketing.

A ida de Alonso para Indy movimentou os últimos três dias, fez do Bahrein uma extensão do Speedway, e vai ser excelente tanto para a F1 quanto para a Indy. Garanto que muita gente espera o dia 28 de maio como há tempos não se via. E torce para que, no ano que vem, essa ‘coincidência’ de datas imposta por Ecclestone caia por terra, que coloquem a data de Mônaco para uma semana depois — primeiro fim de semana de junho — justamente para que os pilotos da F1 voltem a se aventurar por lá. O esporte precisa disso. É muito saudável para humanizar a F1 que já tem melhorado em alguns pontos — o TL2 da China semana passada é exemplo disso —, mas que encontra resistência em quem, ao frequentar o topo, finge ainda estar nele por conveniência.

Horner, que pena, deixou de lado essa questão e suas raízes. Agora é plenamente compreensível que seu nome tenha sido cogitado como substituto de Bernie tempos atrás. São mentes que estão andando em circuito vicioso e normal entre o dinheiro e o umbigo.