Blog do Victor Martins
F1

S17E02_CHN3

SÃO PAULO | Então que a chuva caiu em Xangai antes da prova e deixou a pista levemente úmida, num estado que permitia o risco de escolha pelos slicks. Só Sainz o fez. Este, claro, teve problemas na largada pela falta de tração e caiu para último, mas a aposta se mostrou depois correta. Demorou […]

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SÃO PAULO | Então que a chuva caiu em Xangai antes da prova e deixou a pista levemente úmida, num estado que permitia o risco de escolha pelos slicks. Só Sainz o fez. Este, claro, teve problemas na largada pela falta de tração e caiu para último, mas a aposta se mostrou depois correta. Demorou quatro ou cinco voltas para que todo mundo optasse pelo descarte dos intermediários no vuco-vuco do abandono de Stroll e do acidente de Giovinazzi. Mas ali a Ferrari se perdeu um pouco — e fez com que Vettel não pudesse brigar com Hamilton pela vitória.

Isso porque o alemão foi chamado antes para a troca de pneus durante o VSC, e na sequência acabou surgindo o SC que beneficiou os concorrentes diretos — jurava que tinha visto uma segunda parada do alemão no momento em que tiveram de passar pelos boxes, com a reta interditada. De segundo, acabou caindo para sexto, atrás de Ricciardo, Räikkönen e do incrível Verstappen, que ali já aparecia depois de largar em 16º. Aquelas condições de pista elevaram o talento do holandês, que rapidamente surgiu em segundo, jantando os adversários. Chegou a ficar a 1s5 de Hamilton, mas não havia qualquer condição de brigar pela vitória.

A dificuldade de ultrapassar carros existe, mas não a impossibilidade — exceto Räikkönen, que não ameaçou uma vez sequer Ricciardo. Este foi segurando o trenzinho composto pelas Ferrari até que Vettel resolvesse tomar a atitude de superar o passivo companheiro e, na sequência, realizar a manobra do ano ao passar o ex-companheiro de Red Bull, tocando rodas. O alemão foi à caça de Verstappen, que soltou um flato sobre a farofa vendo a aproximação do rival. E foi assim que a esperada ordem Hamilton-Vettel-Verstappen se fez na corrida.

O combo da parada antecipada e o bloqueio que o próprio Kimi acabou representando minaram as chances do alemão. A Ferrari até poderia ter agido e pedido que o finlandês desse passagem antes. Preferiu deixar a briga rolar — como, de fato, é melhor. Mas pagou o preço.

Paradas nos boxes aqui e ali, a questão do GP da China já estava resolvida lá pela volta 40 das 56. O que importa é que a briga entre Red Bull e Ferrari valeu demais a madrugada acordada. Porque existem pilotos como Verstappen e Vettel.

O mediano Bottas chegou em sexto, tendo de superar o ótimo Sainz neste trecho final de prova. Pérez fez uma prova discreta para ser oitavo, Magnussen do nada foi nono e Ocon, superando Massa, pegou o ponto final.

Massa não foi nem 11º. Ainda viria a perder lugar para Grosjean, depois para Hülkenberg, então para Palmer. Com 15 terminando a prova, ser penúltimo com uma Williams… Felipe despencou absurdamente ao longo da corrida, levando um carro que teoricamente é a quarta força da temporada em ritmo pior que McLaren e Sauber. Sabe-se lá como, estando à frente só de Ericsson em um determinado momento, é que se recuperou a ponto de tentar beliscar a zona de pontos. Se fez uma estreia plenamente aceitável pelo carro que tinha, mostrou uma performance tenebrosa neste domingo.

E Alonso, coitado… às vezes, é de cortar o coração vê-lo nesta draga cor moranga. A corrida que fazia era, de novo, espetacular. Andou a todo momento na zona de pontos e só pôde lamentar assim que a McLaren abriu o bico. Faria um bem danado à F1 e a ele mesmo se tivesse sido menos teimoso e cabeça-dura aceitando o convite da Mercedes para pegar o lugar de Rosberg.

Temos um campeonato empatado em 25 entre os dois principais homens da temporada que começou mal e tirou a má impressão em Xangai. Na semana que vem, a terceira etapa desta briga no Bahrein, onde tem havido corridas bem interessantes e disputadas. Porque há pilotos que fazem a diferença. Sobretudo os três que foram ao pódio.