[bannergoogle]SÃO PAULO | Com o fenômeno Max Verstappen pulando da F3 Europeia direto para a F1 pelas mãos da Toro Rosso ainda no fim de 2014, foi natural que os jovens pilotos vissem na categoria a mais nova vitrine do automobilismo. O grid acabou inchado, a ponto até de haver uma eliminação de pilotos em corridas onde a pista não comportaria tanta gente.
Sem o filho de Jos e o também ótimo Ocon, que acabou sendo campeão, o grande favorito ao título era Félix Rosenqvist. Não só porque ele havia sido vice-campeão em 2014, mas porque conhecia muito bem aquele carro e os demais eram principiantes diante de sua experiência de então CINCO anos no campeonato — ressalte-se: um campeonato de base, e o sueco estava lá ocupando um cockpit desde 2011.
De repente, despontou Antonio Giovinazzi. Italiano que começou a mostrar serviço do meio da temporada de 2014 em diante, obteve oito pódios seguidos e liderou a tabela por um bom tempo. Só mais para o fim que Rosenqvist engatou uma sequência de vitórias e tomou a taça do rival. As corridas revelaram os interessantes monegasco Charles Leclerc e inglês Jake Dennis. Que seja.
Fato é que não houve pior campeonato que o da F3 Europeia em 2015 nos últimos anos. Jogados aos leões, grande parte dos pilotos foram presa fácil e vítima não só da inexperiência, mas da sanha de seus pais/parentes & empresários. O expoente máximo foi o fim de semana em Monza, em que duas das três provas foram interrompidas e encerradas pela direção de prova por, em suas palavras, falta de talento.
Havia ali o americano Ryan Tveter — pronúncia como a da rede social —, o equatoriano Júlio Moreno e até mesmo o protegido da Ferrari Lance Stroll, canadense cujo pai pode bancar a farra automobilística. A capacidade de Tveter se exprime em menos de 140 caracteres; Moreno está longe de conseguir um bronze; Stroll foi dispensado pela marca do cavalino rampante.
Neste contexto, havia dois brasileiros: o primeiro, com tudo ao dispor para alavancar sua carreira, e o segundo, pronto para ganhar o mundo e ter de fazer o melhor sem tanto apoio assim. Pietro Fittipaldi e Sérgio Sette Câmara têm famílias muito bem abastadas, só que o neto de Emerson era muito mais atenção pela sequência de resultados — e o vínculo sanguíneo — que até então tinha tido na carreira em comparação ao moleque que acabava se livrar do kart em terras locais.
Fittipaldi até começou a temporada com resultados medianos, mas depois teve aparições dignas do trio Tveter-Moreno-Stroll; no fim de semana de Pau, teve um acidente na classificação da primeira prova e não conseguiu se classificar para a segunda e terceira — acabou não disputando a que podia por ter fraturado a mão. Teve como melhores resultados dois sextos lugares, acabando em 17º na classificação geral. Sette Câmara, na contramão, engatinhou no começo para então começar a mostrar suas qualidades. Obteve dois pódios no total e chamou a atenção da Red Bull, que o pôs rapidamente como seu piloto de desenvolvimento.
Aí surge a notícia de que a equipe Fortec, onde Pietro correu no ano passado, promoveu Fittipaldi à F3.5, antiga World Series.
Em um ano em que deveria ter mostrado a que veio no esporte, junto a feras nada ferozes, Pietro fracassou — Pedro Piquet vai passar pela mesma prova neste ano. Pois que agora não tenha só sorte de ser parente de quem é. Que mostre que há talento a ser lapidado e devidamente trabalhado, e que a ascensão que está tendo na carreira é merecida. Porque Fittipaldi não é Verstappen. E pelo que guiou em 2015, está longe de ser. Muito longe.
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