Blog do Victor Martins
Diários de Viagem

Caldas Novas: vale ou não vale?

CALDAS NOVAS | Não é fácil ficar sem celular, que resolveu ter vida própria e pular da mão no elevador, partindo-se em estilhaços e deixando a tela como uma viagem psicodélica. Perdi algumas boas fotos que ilustrariam esta viagem por Caldas Novas. De qualquer forma, resolvi fazer uma buzzfeedzação — aliás, parabéns ao BuzzFeed pela […]

CALDAS NOVAS | Não é fácil ficar sem celular, que resolveu ter vida própria e pular da mão no elevador, partindo-se em estilhaços e deixando a tela como uma viagem psicodélica. Perdi algumas boas fotos que ilustrariam esta viagem por Caldas Novas. De qualquer forma, resolvi fazer uma buzzfeedzação — aliás, parabéns ao BuzzFeed pela excelente reportagem sobre manipulação de resultados no tênis — para falar dos prós e contras desta cidade que espero retornar em breve.

O QUE TEM DE RUIM

1) Pedestre que se lasque

Durante boa parte da minha estada, choveu, o que é raro. Os habitantes costumam dizer que esta estação de precipitações está atrasada — era para ter vindo em dezembro. Muito ou pouco, a chuva traz rapidamente um problema à tona: as ruas. Mal asfaltadas, formam buracos e poças, e não há boca de lobo nem sarjeta. Caminhar é um ato complicado. Ainda mais pelo fato de as calçadas também serem irregulares. Peguei a foto abaixo em uma simples googlada. Deve ser em outra cidade que não esta onde estou.

2) Geografia e urbanização

A cidade em si tem poucos aclives, mas parece que está espalhada em bairros ou centros dispersos. Tem uma área só de hotéis, flats e residenciais — que dificilmente se diferenciam —, tem o centro, tem a parte das casas, tudo distante um do outro. E como dito acima, o melhor é ter um carro na mão e uma consciência de que se deve ir devagar para não estourar a suspensão nos incontáveis buracos — eu tive de ir a pé a todos os locais.

3) Conexão fraca

Não espere que se conectar à internet ou usar o celular seja algo fácil em Caldas Novas. Em nenhum dos quatro dias em que o celular teve vida ativa (#RIP) chegou a aparecer sequer a mensagem de 3G; por muitas vezes mal indicava a conexão ou até mesmo dava como sem serviço. Nos hoteis, o que é comum é só a área do saguão e da recepção ter wi-fi, o que transforma os sofás e cadeiras em lugares disputados para que todos vejam mensagens e recados.

4) Preços paulistanos

É claro que muito daqui tem aquela boa característica do interior, mas o comércio lembra muito o que é cobrado em São Paulo. Apesar de bem servidos, há pratos que passam facilmente dos R$ 100; beber também não é das coisas mais baratas — ainda bem que não o faço. Por ser uma espécie de praia no meio do Brasil, a procura é muito grande, sobretudo nos finais de semana. Daí vem a exorbitância.

5) Som quase único

Como era de se esperar, é o sertanejo que toca por estas terras. E em qualquer lugar que se vá, ele é tocado repetidamente. Ainda, tive a grande sorte, só que não, de vir em um fim de semana de um festival de dois dias com atrações como João Bosco & Vinícius, outras duplas que não faço ideia da existência, acho que Luan Santana (olá, Berton, tudo bem?) e tals. O que pode salvar são eventuais bandas que façam parte de seu hotel, como acabou acontecendo no Golden Dolphin Grand Hotel: cantam sucessos de vários ritmos para agitar o pessoal que se esbalda na piscina à base de bebidas & petiscos.

O QUE TEM DE BOM

1) A beleza da cidade

Eu havia ido a Goiânia pela primeira vez lá pelos idos de 2003. Adorei a cidade e a havia definido como uma cidade praiana sem praia. Poucas horas em Caldas Novas já redefinem conceitos. A cidade é bem ajeitada, bonita, limpa e segura. Pena que estes sejam fatores que devem fazer crescer os olhos dos meliantes daqui um tempo.

2) O clima de praia

Sim, é esta definitivamente a praia do Planalto Central. É muito comum ver lojas que só vendem artigos tipicamente do litoral e gente andando de maiô, biquíni e sunga nas ruas. Dei azar em pegar uma semana em que choveu todos os dias e a temperatura máxima não deve ter passado de 26 ou 27ºC, mas é comum os termômetros marcarem 38ºC. O remédio? É procurar uma piscina em um hotel e um clube. Água não falta por aqui.

3) A cordialidade do povo

Goiano em si já é falante e comunicativo, e não é diferente por aqui. Começar o papo com alguém é fácil e às vezes é uma tarefa difícil terminar a conversa para fazer outra coisa. Exemplo foi o que aconteceu num banco. Houve um problema com um senhor que não conseguia passar o cartão. Fui ajudá-lo. De repente, a fila de oito pessoas estava num papo que falava de aplicativos de celular, dinheiro e dicas de viagem. Não foi diferente quando fui comprar uma chinela — gosto de falar chinela; vou adotar para sempre, tal qual uso o termo chuchar. No fim, soube que a dona da loja não tem um tempo para ver sua família em Goiânia há dez anos. Virou um papo de prioridades na vida.

4) Comida boa

Apesar de os preços não serem lá os mais agradáveis, há, sim, lugares em que se encontram self-services a 14 dilmas e se come muito bem. Tudo é bem temperado, e o que se destacam são o feijão tropeiro e a picanha em qualquer esquina. Em tempo: evite tucunaré se não estiver acostumado com um peixe de água doce.

5) Claro, as águas quentes

É estranho, de início, entrar numa piscina envolta em vapor e cuja água vem de poços em que a temperatura é de 54ºC. Logo você se sente numa hidroginástica e relaxa. E é bom demais. Depois vai lá para se refrescar na piscina normal, e assim se passa o tempo, esquecendo da vida, aproveitando o que há de bom. Tanto crianças quanto adultos, levemente alterados pelo nível etílico, se divertem nos toboáguas e cachoeiras. Tem hotéis que já trazem seus próprios centros de diversão.

Ao fim e ao cabo, não tenho dúvidas de que vou voltar algum dia, espero que neste ano mesmo. Sei que tem alguns perrengues, mas nada que também seja coisa de outro mundo. Programem-se para curtir quando vierem.