Blog do Victor Martins
Automobilismo brasileiro

Aqui jaz Curitiba

CALDAS NOVAS | Se aqui fosse Indianápolis e estivéssemos durante os treinos das 500 Milhas, a direção já teria soltado um ‘call it a day’ para anunciar o fim das atividades. Só chove desde ontem à noite nesta cidade praiana sem praia. Uma das coisas que mais chama atenção aqui é o quanto tem picanharia, […]

CALDAS NOVAS | Se aqui fosse Indianápolis e estivéssemos durante os treinos das 500 Milhas, a direção já teria soltado um ‘call it a day’ para anunciar o fim das atividades. Só chove desde ontem à noite nesta cidade praiana sem praia. Uma das coisas que mais chama atenção aqui é o quanto tem picanharia, casa para vender açaí e imobiliária/empreendimento. Ao lado do Golden Dolphin, aliás, tem terrenos prontos para construção e corretoras que mais parecem shoppings. A especulação é grande aqui.

Tal qual em Pinhais, que vai culminar no fim das atividades do autódromo local, costumeiramente chamado pela capital do Paraná. Um dos sócios anunciou que serão construídos condomínios residencial e empresarial no espaço que nasceu no fim dos anos 60 e se tornou um dos principais locais da pratica do automobilismo nacional. Ainda que o projeto vá manter a pista para ocasiões especiais, sejamos minimamente inteligentes: ninguém vai querer comprar um apartamento sabendo que pode ouvir ronco de motor para atrapalhar seu santo descanso.

Curitiba vai lá se juntar a Jacarepaguá na condição de autódromo morto e ainda mais levantar as questões sobre a importância do automobilismo nestas terras — e, claro, sempre questionando as ações da CBA para evitar que suas praças desapareçam. Cada vez mais, a formação dos pilotos e a competição local vai se minguando e tendo de se adaptar ou à ganância de quem detém os terrenos ou à inércia de quem (des)cuida.

Isso remete à uma declaração que Cacá Bueno deu em sua participação no Paddock GP do fim do ano passado. Perguntei a ele se faria algum esforço para seu filho ser piloto. A resposta veio rápida. “Não”, e aí, como sempre, as críticas às organizações e órgãos responsáveis se seguiram com razão. Ser piloto no Brasil, mais do que nunca, é um tiro n’água: é um gasto excessivo e um retorno nulo.

Pelo jeito, vamos ficar com 0 2-3-3 de títulos na F1 eternamente. Quem viu e curtiu o que fizeram Emerson, Nelson e Ayrton que guarde isso para contar para as próximas gerações.