Blog do Victor Martins
F1

Nem tanto, mestre

SÃO PAULO | Massa vai voltar a viver um ano de fortes emoções em relação à continuidade de sua carreira. À ‘Autosport’, disse que só continua na F1 se tiver numa equipe de ponta; ainda, fez uma autopropaganda ao estampar com fonte em negrito aumentada que sua experiência vai ser imprescindível a partir de 2017, […]

SÃO PAULO | Massa vai voltar a viver um ano de fortes emoções em relação à continuidade de sua carreira. À ‘Autosport’, disse que só continua na F1 se tiver numa equipe de ponta; ainda, fez uma autopropaganda ao estampar com fonte em negrito aumentada que sua experiência vai ser imprescindível a partir de 2017, ano em que haverá mudanças técnicas nos carros da categoria. Duas declarações, dois pontos diferentes.

Quando o regulamento da F1 mudou de 2008 para 2009, Massa teve postura semelhante. Então como protagonista da disputa mais marcante de um título na F1, o brasileiro estava em alta e se colocava como um dos pilares da experiência. De fato vinha em uma temporada melhor que a do que o companheiro Räikkönen, mas longe de brigar pelo título — que ficou com a ‘ilegal’ Brawn de Button —, até o acidente na classificação da Hungria.

O que a década de 2000 mostrou, na realidade, é que pilotos com larga rodagem que ficam de fora da F1 por algumas temporadas e/ou trocam de equipe — casos de Villeneuve assumindo a Renault de Trulli ou de Fisichella pulando da Force India para a Ferrari — acabam penando para pegar a mão do carro; esta década, no entanto, tem indicado que os carros estão cada vez mais fáceis de guiar e exigem, portanto, muito menos dos pilotos.

Não à toa, grandes novidades como Verstappen e Sainz chegam e espantam pelo talento exuberante que possuem, mas também por a F1 ter este fator facilitador. Talentosos, se cometem erros, logo tiram lições importantes deles, auxiliados pelos recursos avançados de tecnologia, o que diminui sobremaneira a tal larga experiência acumulada.

A F1, então, está longe de ser um campeonato de decanos sábios. Button só ficou na McLaren na temporada passada por alguma reviravolta que ainda há de ser esclarecida; Magnussen, dias atrás, revelou que Ron Dennis havia lhe prometido a vaga. Por dois anos seguidos, a McLaren apostou em jovens promessas, mas não foram elas que tiveram um desempenho aquém do esperado, e, sim, a equipe. A Ferrari já está de olho em Verstappen e o tem como nome na lista para o ano que vem. A Mercedes tem em Werhlein seu futuro. A Red Bull vai bem com seus prodígios Ricciardo e Kvyat.

Em termos práticos: se você tiver uma equipe de F1 hoje, quem você contrataria: Massa, com sua década e meia de bagagem, ou Ricciardo, que tem parcos cinco anos nas costas? Certamente, a grande maioria apostaria no australiano dos 64 dentes. Em termos práticos 2: Felipe está mais do que correto em se manter na F1 apenas e tão-somente em um time de ponta, principalmente para não fazer de sua carreira uma mendicância para correr a todo custo. Só que ele mesmo tem a consciência de que a única equipe que pode lhe prover isso é a Williams.