Blog do Victor Martins
F1

Austin Powers, 2

SÃO PAULO | Enfim, a F1 teve um fim de semana digno, e agradecemos muito à Patricia pela graça alcançada. Foi o furacão que fez com que o sábado tivesse sido completamente atrapalhado pelo mau tempo e proporcionou horas de diversão muito maior que muita corrida desta e das últimas temporadas. Os bastidores do paddock […]

SÃO PAULO | Enfim, a F1 teve um fim de semana digno, e agradecemos muito à Patricia pela graça alcançada. Foi o furacão que fez com que o sábado tivesse sido completamente atrapalhado pelo mau tempo e proporcionou horas de diversão muito maior que muita corrida desta e das últimas temporadas. Os bastidores do paddock permitiram mostrar que, sim, a categoria pode ser agradável e simpática: a valsa/balalaika de Ricciardo com Vettel, a disputa entre remo e bobsled de Sauber e Force India, o aniversário, a ola, o futebol de Rosberg, o agrado ao público que pôde entrar no paddock para ver os ídolos. Na contramão disso, Räikkönen e seu azedume. Não quis participar de nada porque “a F1 não é um circo”.

Tirando o momento rali de quando escapou durante a corrida, Räikkönen, infelizmente, já não faz mais falta para a F1.

Tudo ficou para o domingo, com uma classificação 2/3 completa e a terceira tentativa de Rosberg se manter à frente de Hamilton largando na pole. Mas Nico não aprende. Larga mal, é espremido para fora e depois chora, resmunga, faz buá e quer chocalho. Até que fez uma corrida exemplar a partir do momento em que resolveu ir à forra: passou Kvyat, depois Ricciardo numa relargada do safety-car virtual — que é um saco, diga-se —, foi para cima de Hamilton e logo se viu em primeiro, com grandes e naturais chances de abortar o tri de Hamilton. Aí o camarada me erra no fim da prova e faz o tradicional delivery de paçoca. Aí chora mais, resmunga mais, faz mais buá, quer chocalho e atira de volta em Hamilton o boné de segundo colocado no pódio que lhe foi arremessado.

Rosberg, infelizmente, também não faz falta para a F1.

Ricciardo e Kyvat deram um baita ânimo na primeira parte da prova quando a pista ainda estava molhada e andaram pertíssimo de Hamilton e Rosberg. O russo estava empolgado, mas exagerou em vários pontos, o que lhe demoveu da provável liderança ao quarto lugar. O João Sorrisão foi comboiando durante um certo tempo até dar um bote: passou os três primeiros para abrir uma larga vantagem. Uma vez seca a pista, as duas Red Bull viraram touro abóbora.

Foi aí que começou a aparecer Vettel, preso atrás da Force India de Pérez por um bom tempo, e logo autor de grande recuperação. Não tinha como brigar pela vitória, mas foi lá honrar seu lugar no pódio para dar alguma elegância à conquista de Hamilton. A tiracolo, trouxe um Verstappen — que moleque —, brilhante, sólido em pista seca e mantenedor de um quarto lugar merecido. Logo há de ganhar um lugar numa equipe grande.

A dispua do meio do pelotão entre Sainz, as McLaren, as Red Bull e Maldonado também é digna de registro. Ali qualquer um poderia ocupar qualquer posição que ficaria de bom tamanho. Ótimos pegas numa pista que permite vários traçados e ação. Button e Alonso mostraram certa evolução do carro, Carlitos é do nível de Max, Ricciardo ficou com um gosto amargo depois de tudo que fez porque sabe que é top e Pastor não cometeu um errinho sequer.

Pecado Hülkenberg ter tido mais um acidente numa prova em que podia ter saído com o esperado pódio e que as Williams tenham amortecedores que não aguentam um circuito tão tranquilo quanto o de Austin.

E o que se pode dizer de Hamilton? Um piloto completo que, sim, já está entre os grandes de todos os tempos, ao lado de Schumacher, Fangio, Prost, Clark, Senna, Piquet e Vettel. Vive uma fase espetacular e precisa, sim, de um rival à altura para que seus feitos sejam ainda mais grandes. O único que pode de fato enfrentá-lo nas atuais condições é Vettel, e a F1 e todos nós agradeceríamos encarecidamente se a Ferrari melhorar o passo necessário para que isso já ocorra no ano que vem.

No fim, o GP dos EUA deu aquela injeção de ânimo de que a F1 pode ser um lugar divertido, tal qual a MotoGP e sua polêmica entre dois grandes campeões — mas que colocaram Rossi num patamar de Schumacher em Mônaco-2006 parando na Rascasse durante a classificação —, a F-E e sua estreia em Pequim e a debatida Nascar em Talladega. O fim de semana de esporte a motor foi o melhor do ano. E a gente escreve isso com um sorriso aberto.