Blog do Victor Martins
F1

As opções do losango

SÃO PAULO | Já que a vaga que Grosjean vai liberar na Lotus/Renault se tornou a mais interessante do grid para 2016, cabe uma análise dos nomes que aparecem na lista para substituí-lo. Se sair de um destes oito — e olha que os três últimos entraram por louvor e benevolência — tratar-se-á de mais do que […]

SÃO PAULO | Já que a vaga que Grosjean vai liberar na Lotus/Renault se tornou a mais interessante do grid para 2016, cabe uma análise dos nomes que aparecem na lista para substituí-lo. Se sair de um destes oito — e olha que os três últimos entraram por louvor e benevolência — tratar-se-á de mais do que uma surpresa.

Pérez: ‘La Gazzetta dello Sport’ informou hoje que o mexicano pode ser anunciado como o substituto de Grosjean e que aí reside a demora da Force India em confirmá-lo para o ano que vem. Com passagem ruim pela McLaren, o mexicano se perdeu um pouco na carreira e já não é visto com os mesmos olhos que brilharam na época em que mandou muito bem na Sauber e foi tido como o futuro da Ferrari. Tem feito mais pontos que Hülkenberg neste ano, o que é uma boa referência. Mas principalmente pode carregar um caminho de grana de seu país com a injeção vinda de Carlos Slim. Neste cenário em que saldar dívidas é preciso, é a melhor opção (confirmado pela Force India).

Alonso: descontente na McLaren após ter saído entristecido na Ferrari, encontra-se numa sinuca-de-bico na carreira. Sabe que está numa equipe que caminha a passos largos para ser o que foi a Williams nos anos 2000, sem patrocinadora principal e em crise interna contra a filosofia aplicada pela Honda, que fracassou em seu retorno à F1. Com 34 anos, já entende que não tem mais tempo a perder. A Renault pode ser seu refúgio no sentido de que nada parece ser pior que a McLaren — a não ser a Manor Marussia — e porque conhece bem como trabalham os franceses, mas sabe que 2016 seria mais um ano como o de 2015. Se quer um piloto de ponta, a marca francesa já sabe o nome.

Palmer: reserva da Lotus, teve uma chance de guiar o carro durante os testes inter-temporada e alguns TL1 da vida, meio que como uma compensação por não ter obtido espaço algum como titular. Foi campeão da GP2 no ano passado e, como aconteceu com anteriores, ficou sem uma vaga na F1. Tanto a equipe quanto a Renault conhecem seu trabalho. O problema: não chama patrocínio.

Magnussen: é o Palmer da McLaren, com uma temporada no currículo. Bom piloto, já tem a vida livre da equipe que o projetou na F1, que não exerceu a opção pelos seus serviços. Devidamente lembrado, de fato é uma opção válida.

Prost: filho do homem, aquele tetracampeão que vai se tornar pelo menos acionista da Renault, mas de quem se espera um trabalho similar ao que desempenhou como chefe de equipe na F1 e atualmente na e.dams na F-E. É francês, é bom jogador de equipe, mas tem um grande problema: a idade. Tem 34 anos, a mesma de Alonso e Massa, por exemplo. O tempo já passou, ainda mais numa categoria em que existe alguém com a METADE da idade dele — caso de Verstappen.

Vergne: atualmente na Ferrari como quase figuração, aventurou-se até na F-E e chegou a ser cotado na Indy depois que levantou um pontapé nos fundilhos da Red Bull/Toro Rosso. Se a Renault fizer questão de ter um piloto francês, é uma boa opção disponível, apesar de ter perdido o contato apropriado com um carro de F1. Só que não parece que a nacionalidade seja um ponto imprescindível para a marca: o último representante galo que teve na F1 foi Patrick Tambay há 30 anos.

Ocon: da safra que revelou Verstappen, foi campeão da F3 Europeia no ano passado e estranhamente foi dispensado pela Lotus que o apoiou na campanha. Enquanto viu o holandês ser abraçado pela Toro Rosso, teve de ser contentar com a GP3, onde ocupa a vice-liderança no campeonato. Só serviria se realmente a Renault quisesse apostar em um jovem talento capaz de dar uma mexida no grid tal qual a própria STR tem feito com Verstappen e Sainz, num ano de transição.

Jordá: risos e sorrisos, vem cá, sua linda, dá um abraço.

Rowland: é o líder da World Series/F-Renault 3.5, com seis vitórias em 13 corridas. É uma opção barata para a montadora, que ainda tem olhos para a categoria, cujo envolvimento será menor a partir do ano que vem, caso queira analisar seu valor como base formadora de talentos (opção rebaixada).

Vaxivière: é o segundo colocado no referido campeonato acima, com o fato de ser francês. Tem três vitórias na temporada (opção rebaixada).

Numa segunda avaliação mais sensata, só os quatro primeiros passariam para a ‘segunda fase’. Indo além, pode-se pensar no que causaria à F1 o efeito-dominó a escolha dos dois primeiros:

Pérez: abriria uma vaga na Force India, que talvez não contasse com a saída. Também deixa de receber uma boa grana do mundo mexicano. Como está de pires na mão ad æternum, economizar aqui e ali é a solução. Como faria isso? Simples: da mesma forma que fez no começo do ano, abrindo as pernas para a Mercedes. O favorito à vaga passaria ser obviamente Werhlein.

Alonso: uma provável cláusula de performance o liberaria fácil, e se a informação do ‘The Telegraph’ estiver certa — dando conta de que Button deve anunciar nos próximos dias sua saída da F1 —, a McLaren tem um pepino e um nabo nas mãos. Não vai ter um piloto de ponta para 2016 — nenhum deles está livre ou haveria de confiar no projeto que não vingou — e teria de se contentar com o que tem em casa, isto é, Magnussen e Vandoorne.