Blog do Victor Martins
F1

Marina Bay Watch

SÃO PAULO | Mais um GP para a lista daqueles que não tiveram emoção — tirando o rapaz que resolveu dar um passeio na pista e os moleques da Toro Rosso —, mas um ponto de interrogação enorme surge: que diabos aconteceu com a Mercedes neste fim de semana em Cingapura que não se achou nem […]

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SÃO PAULO | Mais um GP para a lista daqueles que não tiveram emoção — tirando o rapaz que resolveu dar um passeio na pista e os moleques da Toro Rosso —, mas um ponto de interrogação enorme surge: que diabos aconteceu com a Mercedes neste fim de semana em Cingapura que não se achou nem na classificação nem na corrida? Não parece que não fazer os pneus funcionarem adequadamente seja uma resposta conclusiva, ainda mais para um carro que anda tão bem em qualquer pista e condição. Tomar 1s5 de Vettel na sessão que definiu o grid é estranhíssimo. No Bahrein, a Mercedes sobrou tanto quanto nas provas que venceu nesta temporada andando à noite, de modo que não se percebe uma queda de rendimento quando o carro não está exposto ao sol.

Seja o que for, a tendência é que entre como uma exceção para a temporada. Nos próximos dias em Suzuka, Hamilton e Rosberg devem voltar à primeira fila. E Vettel, andando como nos tempos em que sobrou na F1, deve seguir como pedra no sapato ao menos durante a corrida.

O mau desempenho da Mercedes e o ótimo de Vettel evidenciou algumas coisas: que a Red Bull de fato tem um carro bem nascido e que seu pecado é o motor Renault; que Räikkönen não acompanha o companheiro nem a pau — e esse jeito de ser incapaz de dar um sorriso de agrado ou simpatia quando a equipe vence ou quando levanta um troféu no pódio já deu nos fundilhos; que a Williams está ficando para trás e que não consegue melhorar em nada seu trabalho nos pits; e, claro, que se nem mesmo quando tem um carro de outro mundo vai bem, Rosberg pouco faz para ir além e é ameaça fraca ao título de Hamilton.

Com 2/3 de campeonato, Vettel fez a Ferrari alcançar a meta para a temporada. A equipe parece viver um transe nostálgico dos tempos de Schumacher: nota-se uma alegria trivial da italianada, comandada por um Arrivabene que deu jeito na casa arrasada pela passagem de um tufão espanhol. Não parece haver dúvidas de que Vettel vem para brigar pelo título de 2016 contra Hamilton.

Lewis, aliás, não se abalou muito com o abandono e o fim de semana atípico. Parecia, aliás, estar em outro mundo — tanto que disse que tinha carro para vencer a prova… São 43 pontos de vantagem para Rosberg, que tem de se preocupar mais em manter o vice-campeonato, se lhe convier. Uma coisa que realmente a Mercedes deveria olhar bem é que Werhlein é líder do DTM e tal…

A Williams esforçou-se para ser a quarta força em Marina Bay. No fim da prova, as Toro Rosso — em que pese terem pneus mais novos — andavam muito melhor que o carro de Bottas, o único remanescente da equipe. Das equipes que andaram na ponta no ano passado, é a única que apresenta uma performance pior neste campeonato. Não está nada fácil tentar ser grande novamente neste ritmo.

Sobre o entrevero Massa-Hülk: na primeira cena, pensava que havia sido culpa do brasileiro; na segunda, do alemão. No fim das contas, o incidente deveria ser classificado de corrida porque a saída dos boxes de Cingapura não soa inteligente. Deveriam aproveitar a continuidade do espaço ali fora e fazer com o que o piloto só saísse depois do contorno da curva 2, assim não correria risco de choques como o de ontem. Mas é claro que a FIA haveria sempre de se meter e estragar tudo, culpando Hülk. É uma lástima atrás da outra.

Verstappen e Sainz são a esperança de que o automobilismo ainda forma bons pilotos. O primeiro é um espetáculo de piloto; o segundo, surpreendentemente, também tem tido desempenhos excelentes quando o carro lhe permite competir. O episódio da ordem de equipe também demonstra personalidade dos dois: Sainz viu que o companheiro não estava conseguindo passar Pérez e pediu à equipe que pudesse ter uma chance, por uma ou duas voltas, para tentar a manobra. A escuderia italiana então fez o pedido a Verstappen, sem explicar que haveria uma troca de posição posteriormente caso Carlitos não conseguisse — como aconteceu com Kvyat e Ricciardo em Mônaco. Max bateu o pé.

O holandês, aos 17 anos, foi diferente de muito marmanjo conhecido que abriu as pernas. Verstappen sai de cabeça erguida. Não pelo oitavo lugar de ontem, mas por ter já ganho o total respeito de quem gosta desta brincadeira.