Blog do Victor Martins
F1

Vendo Monza 86 único dono, 2

SÃO PAULO | Mais uns pitacos em relação ao que movimentou o GP da Itália: o calhorda porém adorável Fábio Seixas resumiu a questão em seu blog dizendo que se tratava de uma recomendação e não uma regra, assim entendendo que Hamilton não merecia ser punido. Se fosse de fato uma recomendação e não houvesse […]

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SÃO PAULO | Mais uns pitacos em relação ao que movimentou o GP da Itália: o calhorda porém adorável Fábio Seixas resumiu a questão em seu blog dizendo que se tratava de uma recomendação e não uma regra, assim entendendo que Hamilton não merecia ser punido.

Se fosse de fato uma recomendação e não houvesse problema algum com esta interpretação, a Mercedes não teria aborrecido Hamilton no fim da prova — e ele claramente não gostou da situação — temerosa em ser punida com o acréscimo de pelo menos 25s ao tempo de corrida. Ou seja: ela mesma sabia que, ainda que fosse uma recomendação, era passível de ao menos uma punição. As reações dos demais engenheiros da F1 também contam a favor disso: todos estavam cientes de que era caso de exclusão da prova porque assim havia sido definido durante o fim de semana.

Seixas também apontou o caso de Evans e Canamasas na GP2 e falou que “provavelmente, a defesa da Mercedes foi melhor que a das equipes Russian Time e Lazarus”. O que torna, então, um campeonato de argumentações. Só faltava ter de levar advogados para as salas de reuniões da FIA para explicar que no parágrafo 7, alínea 3 do regulamento esportivo 2.1 que tal coisa não está clara — embora, na prática, aconteça aqui com a digníssima esfera brasileira; não tem em regulamento nenhum que não se pode chamar os caras da CBA de “um bando de imbecis” particularmente via rádio, mas aí o piloto (Cacá Bueno) é punido com suspensão de uma corrida.

Durante todo o fim de semana, a Pirelli e a FIA trabalharam juntas e deixaram explícito que os valores 21 psi na frente e 19,5 atrás deveriam ser obedecidos. Se a entidade resolveu fazer uma nova medição logo antes da largada por sua própria conta, surpreendendo a Mercedes, também deveria ter sido pensado pelas equipes — a Ferrari estava acima do permitido, bem como as demais. O fato é que, como há margens imensas para interpretação, a Mercedes pode ter se aproveitado desta área cinza, como todas as vezes em que são procuradas brechas nos regulamentos.

Como disse Seixas, e aí concordamos, a grande questão de tudo isso é realmente como a FIA avacalha o campeonato porque aplica recomendações a seu bel-prazer, muda a regra conforme a banda toca ou escreve um regulamento esdrúxulo, que dá margem a este tipo de discussão. Por exemplo: chega em um determinado fim de semana, ela observa que os pilotos estão exagerando em determinada área de escape para ganhar tempo. Aí vem lá a direção de prova e fala que, se alguém exagerar e passar o limite da curva X, vai ter o tempo de volta eliminado ou será punido. Isso não é regra. E já aconteceu neste campeonato de piloto Y ou Z ter seu tempo deletado. Agora cá entre nós: quem é que determina que os autódromos tenham essas largas áreas de escape dando ao piloto esta benesse de ir além do, como diria o outro, “limite extremo”?

No outro caso, há a questão da quantidade de punições por troca de peças na unidade de potência. O regulamento agora é outro em relação ao começo do ano e, na prática, só acabou com a história de nego ter de pagar a punição na corrida. Continua ridículo ver a McLaren ter, somados, 105 lugares de penalização.

Novamente: não fez diferença alguma para Hamilton a tal história do pneu calibrado erroneamente? Nenhuma. Contornou a chicane ali na frente depois da largada, todos sabiam que ele caminharia loiro, leve e solto para a vitória. Seria injusto à beça tirar dele a vitória? Claro que sim, que diabos ele tinha que ver com o angu? Mas não se pode ver um caso que já tinha ocorrido no mesmo fim de semana com outros olhos. O pneu não estava corretamente aquecido e Lewis não pode pagar por isso? Ué, tem de pagar. Bottas não tinha nada que ver com o fato de a Williams ser daltônica e tomou um drive-through por andar com um pneu diferente dos demais — e, novamente, não é muito claro que punição deve ser aplicada ao caso. Com a decisão de não punir Hamilton, a FIA estabelece a regra de não precisar obedecer as eventuais recomendações.