Blog do Victor Martins
F1

Spa-Francorchamps Elysées

SÃO PAULO | Quando Pérez evitou a ultrapassagem antes da curva 5 e/ou no final do retão pós Eau Rouge, Hamilton estava já com a vitória no bolso. Claro que o mexicano não seria páreo para Lewis, que se livraria da surpresa da largada em não mais que um par de voltas. É só para […]

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SÃO PAULO | Quando Pérez evitou a ultrapassagem antes da curva 5 e/ou no final do retão pós Eau Rouge, Hamilton estava já com a vitória no bolso. Claro que o mexicano não seria páreo para Lewis, que se livraria da surpresa da largada em não mais que um par de voltas. É só para ter como referência de onde se deu de fato mais uma conquista do futuro tricampeão da F1. Porque, claro, não dá para levar a sério este Rosberg que se abastece de desculpas e não consegue atacar ninguém.

O triunfo de Hamilton merece poucos predicados além do óbvio. A sexta-feira ruim era só um lapso, de fato. Colocou quase 0s5 na classificação, largou bem, seguiu a vida. Quando não tem adversários logo de cara, não há cristo que lhe tire a primeira colocação.

Agora, não dá realmente para considerar Rosberg um candidato sério. Caiu para quinto em uma largada estapafúrdia e só foi aparecer em segundo porque Pérez e Ricciardo, por exemplo, tiveram de ir para os boxes. Com aquele carrão de asa curvilínea, lindão, bonitão, de outro mundão, o camarada não me conseguiu ultrapassar em pista. E isso aconteceu na Hungria, e isso aconteceu na Inglaterra, e isso aconteceu em todas as outras provas onde se viu na mesma condição. Falta ímpeto para este Nico que no ano passado ousou e neste ano se acomodou na desculpa de “arruinei minha corrida na largada”. Amigo, se a corrida é definida em largada, vai lá correr de arrancada que tá bom.

Outra coisa que incomoda é ver piloto que abdica da posição porque sabe que tem um carro inferior. Foi o que aconteceu com Pérez. Tinha condição clara para assumir a primeira posição e freou antes para se postar atrás de Hamilton e lá ficar durante o primeiro stint; depois, ao ver Rosberg saindo dos boxes, embutiu na Eau Rouge, subiu, emparelhou, passou, deixou passar. Pérez perdeu um pouco daquele encanto que fez a McLaren contratá-lo e caiu vertiginosamente com a má temporada — auxiliada pelo carro ruim — que lá fez. Costuma ficar sempre atrás de Hülkenberg, que vive um eterno azar em Spa-Francorchamps.

Como por demérito, o terceiro lugar no pódio não ficou com Pérez, mas com um Grosjean que estava endiabrado. Seria quarto no grid não fosse a punição pela troca de câmbio, saiu em nono e foi subindo na pista. Três anos atrás, nesta mesma pista, Romain protagonizava um acidente que lhe tirou uma corrida da F1 e lhe fez aprender a ser um piloto bom e decente. Com um carro interessante como é o da Lotus, futura Renault, pode demonstrar o talento que tem.

Kvyat foi quarto com uma dose de boa pilotagem, estratégia e sorte. Não é dos pilotos mais empolgantes do mundo, talvez não seja aquilo que a Red Bull acha que é, mas tem conquistado resultados bons recentemente. O quarto ou terceiro seria de Ricciardo não fosse uma falha técnica da equipe, que naturalmente vai culpar a Renault por mais este malogro.

Pérez ficou à frente de um Massa que parecia fadado a ocupar no máximo a zona final de pontos com o desempenho ruim que a Williams apresentou no começo da prova. Até das irmãs Red Bull e Toro Rosso tomava de reta. Só foi com os pneus médios, aqueles brancos — olá, Williams, muito prazer —, que começou a render medianamente, ainda sem condição de andar no ritmo, por exemplo, da Lotus. Mas não dá para conceber um erro como o que se viu com Bottas.

Há tempos se fala do quanto a Williams é conservadora na estratégia e se apequena ao se deparar de novo com as primeiras posições, só que confundir um jogo de pneus demonstra que ainda paira em si o ranço dos anos em que viveu no fim do pelotão. E dizer isso chega a ser uma ofensa para a Manor Marussia, que apesar de lenta, pobre, problemática, pedinte, etc., não comete esse tipo de ato primário. Dizer depois que “ninguém percebeu”, como fez o engenheiro Rob Smedley, é até primitivo e infantil, até porque, se ele dissesse que alguém percebeu, e ficou por isso mesmo, era a assinatura do atestado de incompetência.

Que, aliás, tem o carimbo da FIA. Porque a incoerência com relação a esta punição é absurda. Primeiro que não é necessário investigar que um pneu branco é diferente do amarelo; segundo, quer dizer que um erro destes se paga com um drive-through e nada mais? Se uma equipe verificar que em uma determinada pista é melhor usar um tipo de pneu de um lado do carro e vale a pena trocá-los, isso se torna uma bela estratégia até. É por isso que a F1 cansa, às vezes, com regulamento estapafúrdio — vide as 105 posições punitivas somadas dos pilotos da McLaren.

Räikkönen terminou em sétimo sem muito brilhar na pista onde costuma reinar. E só não foi oitavo porque Verstappen se empolgou na última volta ao ultrapassá-lo e depois cometer um erro. Max é max, mesmo, e é legal ver este tipo de piloto: arrojado, que parte para cima, que erra, que vai atrás. Notem como é o oposto deste Rosberg entregue. Bottas foi nono — poderia ser quarto ou quinto — e Ericsson, melhor que Nasr o fim de semana todo, encerrou a zona de pontos.

Aliás, já está permitido cornetar Nasr?