Blog do Victor Martins
F1

Mont Real

[bannergoogle]SÃO PAULO | Nada como um interessante – e não por isso ótimo; acima da média para os padrões atuais da F1 – GP do Canadá e a passagem da marca de 1/3 do campeonato para se tirar algumas boas conclusões do que ele é e será. Uma etapa normal na briga pelo título volta […]

[bannergoogle]SÃO PAULO | Nada como um interessante – e não por isso ótimo; acima da média para os padrões atuais da F1 – GP do Canadá e a passagem da marca de 1/3 do campeonato para se tirar algumas boas conclusões do que ele é e será.

Uma etapa normal na briga pelo título volta a mostrar que Hamilton tem Rosberg sob seus domínios. É a mesma situação das quatro primeiras provas mais Mônaco. O alemão só vence o inglês se, e somente se, a) Lewis estiver num mau domingo/fim de semana e b) algum problema de qualquer natureza acontecer ao companheiro. Fato comprovado pela reação contida dentro do que se podia esperar para a derrota em Monte Carlo, Hamilton atingiu um patamar na F1 de completa excelência e está no auge da carreira. Por mais que tente, Rosberg só consegue acompanhá-lo. É um piloto acima da média que até pode ter ganhado uma confiança maior pelas duas vitórias obtidas, mas que já não tem de onde tirar aqueles 10% a mais para fazer frente a Lewis.

Rosberg alegou que a posição de largada foi determinante para seu resultado. É frustrante ouvir isso de um piloto que não tentou em nenhuma das 70 voltas da corrida alguma coisa para ultrapassar Hamilton. Que só esteve por alguns instantes a menos de 1 segundo do parceiro para abrir a asa e tentar se aproximar. Alguém tem alguma dúvida de que, fosse Lewis o segundo no grid, ele partiria para cima na prova?

Em suma: se a Mercedes é adepta do dito que pede para não se mexer em time que está ganhando, é compreensível que deixe Rosberg lá por um bom tempo e proporcione a Hamilton um latifúndio de títulos; do contrário, que busque uma alternativa capaz de incomodar um pouco mais o inglês e alguém que não se acomode com um resultado obtido num sábado.

A segunda conclusão é de que Bottas é o maior comensal desta F1. Com uma equipe assumidamente covarde e conservadora, resta a ele se aproveitar dos restos deixados pelos rivais e ir comendo pelas beiradas. Há tempos que Valtteri, o popular Valtinho, já passou Räikkönen em termos de capacidade e talento e foi em cima do compatriota que conquistou sem muitos sustos o primeiro pódio no ano e o da Williams. À sua maneira, Bottas vai se fincando como piloto de ponta e coçando a cabeça de Mercedes – Toto Wolff, seu tutor – e Ferrari para obter seu passe. Cairia como uma luva em qualquer uma das duas equipes – e é importante que dê este salto na carreira para não estacionar numa escuderia que perdeu ambições.

Como gancho da segunda, a terceira é a de que Räikkönen infelizmente se perdeu na F1 e que a Ferrari já não tem mais muita paciência com seu método de ser e fazer. Kimi não é afeito à realização dos programas de testes, não casa com o perfil de marketing de nenhuma empresa – ser despojado e despirocado à la James Hunt é um defeito na padronização coxinha do mundo dos negócios – e, sobretudo, não se entende com o carro da Ferrari. Quando Vettel ouviu via rádio ontem um ‘you’re racing Kimi’, já na quinta posição, deve ter se perguntado que diabos aconteceu com o companheiro para não estar lá enchouriçando as Mercedes, como ele provavelmente faria se não tivesse largado tão atrás. Arrivabene se controlou para não soltar uma série de palavrões à imprensa italiana pela perda do pódio em Montreal. Intramuros, só não deve ter chamado Räikkönen de santo.

A quarta é de que Vettel já está totalmente ambientado na Ferrari e reencontrou a forma que lhe deu quatro títulos. Quer queiram ou não, forma a trinca-de-ferro da F1 com Hamilton e Alonso. É isso.

Quando alinham os planetas, Massa é capaz de fazer ótimas corridas, é a quinta conclusão. Sem ter culpa no problema que o defenestrou das primeiras posições do grid, galgou posições e se beneficiou do fato de ter feito apenas uma única parada para chegar em sexto. Teve na briga com Ericsson seu grande momento de arrojo. Passou quem deveria e não havia como conseguir um resultado melhor que aquele. Dentro do mundo da Williams, é peça fundamental.

A sexta é sobre Alonso e o saco já cheio de um carro que não deu certo em nada numa equipe que ainda vive do passado e do seu ego inflado. A McLaren ainda bate no peito para se dizer McLaren e não consegue arrumar um patrocinador principal, vê Ron Dennis em atrito com os demais acionistas, tem um chefe de equipe, Éric Boullier, com resultados inexpressivos, e uma parceira que desaprendeu a trabalhar em nível de excelência – e não só na F1. Já se esperava que mais dia, menos dia, o espanhol demonstrasse insatisfação. E é natural que ele assim se sinta depois de passar cinco anos sem nada conseguir na Ferrari, veja que o projeto da equipe não vinga e pense no tempo que está perdendo na categoria sem brigar de igual para igual com os dois rivais que compõem o topo. O nego que foi abduzido do planeta, retorna e vê o nome de Alonso à frente apenas da dupla da Manor Marussia pede para o disco voador o levar de volta.

E por fim, não é bem uma conclusão, mas entra diante do todo. O modo como Grosjean provocou aquele incidente com Stevens – cuja voz foi enfim ouvida pela transmissão, e carregada num sotaque britânico cheio de impropérios – reacendeu a impressão de que ele tem culpa no cartório no acidente com Verstappen em Mônaco.