Blog do Victor Martins
F1

Bem que Sakhir

SÃO PAULO | Não foi aquele GP do Bahrein do ano passado, mas até que a prova deste ano teve seus atrativos, o que a pôs como a melhor das quatro até agora disputadas. E o principal nome foi o de Rosberg. Que precisava mostrar uma atuação digna, ou ao menos uma reação. Mas que, […]

F1-GP_Segu-191.jpg">Lewis Hamilton, Nico Rosberg, Kimi Raikkonen

SÃO PAULO | Não foi aquele GP do Bahrein do ano passado, mas até que a prova deste ano teve seus atrativos, o que a pôs como a melhor das quatro até agora disputadas. E o principal nome foi o de Rosberg. Que precisava mostrar uma atuação digna, ou ao menos uma reação. Mas que, como resultado, ainda ficou aquém das expectativas. O terceiro lugar se deu em virtude do problema nos freios e a velocidade da Ferrari de Räikkönen com pneus macios no fim da prova.

Este Rosberg, sim, é válido, não aquele que guiou as três primeiras provas. As próximas corridas vão apontar se esta foi uma exceção ou se o rapaz acordou de vez. A questão é que ele chega à Europa com um peso imenso de não ter feito cócega em seu companheiro, que mais se preocupa com os carros vermelhos.

[bannergoogle] A Ferrari tem o melhor início de ano desde 2008. Parte disso se deve ao fato de que a dupla é forte e pontua com constância – não fosse a porca mal colocada no pit de Räikkönen na Austrália, Kimi teria chegado ao final de todas as corridas assim como Vettel. É um carro confiável com uma base bem forte e um time reunido como só visto provavelmente nos tempos de Schumacher. Deve consideravelmente em termos de classificação, mas já bem pouco no ritmo de corrida, em que as estratégias e uso dos pneus têm papel fundamental. Tal qual Rosberg, Räikkönen precisava terminar à frente do companheiro e subir ao pódio – porque grande desempenho já havia tido em 2015.

Aliás, a Ferrari poderia ter tido uma sorte ainda melhor se não tivesse demorado tanto para fazer Räikkönen parar pela segunda vez. Aquelas voltas lentas com o pneu médio impediram que Kimi chegasse em Hamilton e o ameaçasse no fim.

E quanto a Hamilton… bem, Hamilton já é ótimo piloto por natureza, imagine guiando no seu melhor. Um título dá uma segurança e uma confiança que parecem transportar o piloto a um nirvana. Berger bem citou isso ao se comparar a Rosberg quando tinha Senna como companheiro. Uma vez ele pensou que podia concorrer com Senna, e aí o piloto se enche de valentia. Daí viu o tamanho da encrenca e murchou, vivendo de aparições esporádicas. Tendo Ayrton como mentor, Lewis chegou a este patamar quase que inalcançável, como também chegou a acontecer com Vettel.

E se de fato Rosberg esteve em seu melhor, como assinalou o chefe Toto Wolff, e conseguiu apenas a terceira colocação, o que Nico vai precisar fazer para bater Lewis? Considerando que a tática psicológica não deu certo, Rosberg, na prática, não tem mais como ir além. O GP do Bahrein, pois, joga na nossa face a realidade: Hamilton tem o controle da situação dentro da Mercedes e só precisa mesmo se preocupar com o avanço da Ferrari, que vai vir com melhorias em seu motor a partir do Canadá. Como sua equipe tem cartas na manga, o campeonato está em seu bolso.

Não fosse o problema elétrico que deixou Massa parado no grid na volta de apresentação e a troca de asa de Vettel, a Williams teria colecionado mais um par de quinto/sexto. A equipe de Grove tende a fazer uma temporada solitária. Ela não tem com quem brigar: está levemente à frente da turma que engloba Red Bull, Lotus, Sauber e Toro Rosso e atrás de Ferrari e Mercedes. Felipe, pelo menos, tem um início de campeonato decente e tem ajudado bastante no trabalho de desenvolvimento e na coleção de pontos. São 31 contra 30 de Bottas. É o melhor começo de ano do brasileiro desde 2010, quando fez 41 nas quatro primeiras etapas.

Nasr ficou fora dos pontos, mas já se pode perceber que é um piloto adaptado e maduro com um carro de F1. Com a Sauber bem feitinha e um motor que empurra, dá trabalho à turma com uma pilotagem segura. Não foi aos pontos em Sakhir porque, principalmente, o Ferrari apresentou problemas no meio da corrida que lhe tiraram potência. Felipe briga bem ali no meio do pelotão. Aos poucos, vai chamando atenção das grandes.

Agora, pausa de dois domingos para o começo da temporada europeia. As equipes voltam a Barcelona e devem exibir quase que versões B de seus carros, com pacotes aerodinâmicos revisados e tudo mais. Vai mudar muito? Na frente, não. Sobretudo o primeiro colocado.