SÃO PAULO | Não me lembro de a McLaren ter se esmerado tanto para promover um carro como o MP4-30. Ontem à noite, por exemplo, a equipe soltou um filmete fazendo alusão ao ‘De volta para o futuro’, tendo como atores o pouco desenvolto Button e o ‘Cigano Igor’ Alonso. OK, foi ótimo, ninguém quer deles o que são. A questão estava, claro, sobre o carro. “Não é hora de repetir história. É hora de fazer história”. Ótimo.
As indicações apontavam para que, embora não querendo olhar para o passado, a McLaren resgatasse um pouco do que foi a parceria com a Honda nos anos 80/90 e largasse a Mercedes para trás se livrando do prata/cromado/grafite que a tingiu desde 1997. Nesta semana, o ‘Marca’ sugeriu que a pintura, provisória ou não, pudesse ser preta.
Daí o relógio bate as 10, horário da casa de Dilma, e a McLaren põe na internet o lançamento. Nada ao vivo: tudo programado para entrar no momento exato. O vídeo gera uma dúvida se o carro é todo prata ou não; as fotos a dirimem: base preta, cobertura do motor e cockpit prata, bordas vermelhas. A sensação é de fuén. Parece um remake mais bem trabalhado da Marussia. Marussia Premium. Ou com o raio gourmetizador.
O carro em si não é feio, mas a expectativa que a McLaren gerou em todos provoca um gosto de quero-muito-mais. São os paradoxos desta vida em que, se você der 9,9 e não der 10, se reclama. É um sentimento de decepção, em suma. O bico bem baixo chama atenção e é imponente. No mais, o carro deve ter suas mudanças ao longo dos testes, como sempre acontece.
Logo todo mundo sossega o pito e se acostuma. Se o carro for vencedor, pode ser até burro-quando-foge que cai no gosto.