Blog do Victor Martins
F1

Deu ruim

SÃO PAULO | E quando a coisa vai mal, não há nada que possa piorar na F1 e sua crise. O dia amanheceu com a notícia de que Nürburgring não vai receber o GP da Alemanha deste ano, acabando com o revezamento que faz com Hockenheim. “Não tem ninguém lá”, disse Ecclestone, que talvez não […]

SÃO PAULO | E quando a coisa vai mal, não há nada que possa piorar na F1 e sua crise. O dia amanheceu com a notícia de que Nürburgring não vai receber o GP da Alemanha deste ano, acabando com o revezamento que faz com Hockenheim. “Não tem ninguém lá”, disse Ecclestone, que talvez não tenha se ligado da altura do poço.

Havia tempos em que a F1 era um tanto quanto rigorosa em relação à composição de seu calendário. A gente esperava a formação das provas da temporada seguinte lá para junho ou julho, depois o Conselho Mundial ratificava em setembro, e apenas uma hecatombe faria qualquer mudança no esquema. Hoje em dia, provas aparecem com asterisco e até surgem do nada, como foi o caso da Coreia do Sul, em que nem os organizadores tinham ideia do que haviam feito para que o país surgisse na lista.

E ainda nesta linha, a mesma coisa também acontece com os inscritos para a temporada. Caterham e Manor são colocadas como participantes num dar de ombros que na verdade dá é dó da FIA, igualmente culpada pela situação, e da categoria em si. A Lotus também vem com sua estrelinha de quase-boa menina, e já há quem ventile que a vida ali na equipe aurinegra tá muito mais para negra do que auri. Os petrodólares de Maldonado não são mais suficientes. Os poucos patrocinadores não sustentam a farra.

Enquanto isso, os jovens e as redes sociais são marginalizados, as ideias que tentariam aplicar visando uma F1 mais popular não são apresentadas, o lucro segue mal repartido e o pano é passado. Só que uma hora o pano se esgarça e não adianta mais ser usado. Comprar outro pano é tipo tirar o sofá para que o amante não se sinta tão mais à vontade em casa.

15 dias se vão em janeiro, outros 15 faltam para começar os testes, e neste ínterim vêm os lançamentos, outrora pomposos e hoje comedidos e restritos em orçamentos. Só a Force India, por força do dinheiro mexicano, é quem vai fazer algo à antiga, sendo que seu dono, Vijay Mallya, pode ser que nem apareça devido a problemas judiciais em seu país.

Vai bem, a F1. E se os caras realmente estivessem a fim de debater propostas para que a coisa voltasse ao eixo, ou mesmo jogassem ao público uma carne que alimentasse bem e enchesse o bucho, usariam cada exemplo de revés para fazer a limonada. Este do GP da Alemanha, digamos… que tal se dessem um jeito de usar o velho Hockenheim, de florestas e longas retas, para dar uma renovada e manter o ‘revezamento’?

Já que evita olhar para o moderno, às vezes a F1 pode usar o passado para dar uns passos além. Não há de lhe fazer um mal ainda maior.

Adendo 1: O João Paulo Andrade mandou duas fotos de como está o velho Hockenheim, acessadas por este link. Viraram trilha de bike. Mas um bom trabalho aí, com a eficiência alemã e a vontade de todos, daria para recuperar o traçado