Blog do Victor Martins
F1

Quanto vale rir de si mesmo

SÃO PAULO | Ontem à noite estreou uma campanha da Vivo em que o jovem ruivo apresenta o 4G da operadora e conversa com Barrichello. No fim da peça publicitária, há uma tirada com o piloto e sua internet capenga: “Pra você dizer que é lenta, o negócio tá complicado…”, e o piloto olha com […]

SÃO PAULO | Ontem à noite estreou uma campanha da Vivo em que o jovem ruivo apresenta o 4G da operadora e conversa com Barrichello. No fim da peça publicitária, há uma tirada com o piloto e sua internet capenga: “Pra você dizer que é lenta, o negócio tá complicado…”, e o piloto olha com cara de desaprovação.

Por anos, Rubens foi achincalhado e tratado desta forma. Surgiram músicas (como a do verso “sempre atrás do alemão”, em referência a Schumacher”), o ‘Casseta & Planeta’ semanal e religiosamente fazia uma tirada em que o desmerecia e o ‘Pânico’, um dos coautores da canção anterior, entregou uma tartaruga ao heptacampeão durante uma coletiva aqui no Brasil. Nestes mesmos anos, Barrichello não descontou neles a fúria por ouvir tais coisas, e o público que o acompanha ou acabou indo no embalo de quem o aloprava ou passou a nutrir por ele uma simpatia ainda maior.

Assim, Barrichello se transformou num alvo de um maniqueísmo incomum para uma personalidade esportiva. Qualquer ato seu é defendido ou atacado em proporções similares. Quem estava no grupo dos detratores e o importunava, gratuitamente, Rubens sempre tratou de dar seus recados ou bloqueios. Como bem lembrou o Thiago da Matta, ganhou nas costas do Google 200 mil dilmas um processo por comunidades do Orkut que faziam o mesmo.

Em pista, Rubens vai disputar seu primeiro título em décadas — 2009 na Brawn não foi propriamente uma disputa — e pode ser campeão da Stock Car no próximo fim de semana; ao mesmo tempo, mendigou uma vaga na Caterham para fazer o que chamou de despedida apropriada da F1 no que seria um adeus melancólico a uma carreira que, se não teve títulos, foi digna e vitoriosa.

Há pouco, o jornalista João Batista Jr. revelou em seu blog ‘Terraço Paulistano’ que Barrichello embolsou cerca de 400 mil dilmas de cachê — o dobro do buscador — para participar da propaganda da Vivo e ser taxado de lento. Aprender a rir e zombar de si mesmo é uma virtude admirável que talvez leve um bom tempo, cabeça fresca e alma desapegada, para ser atingida. No caso de Barrichello, ainda caminha bem tímida, mas só explícita mediante belo pagamento.