Blog do Victor Martins
F1

Triste fim

SÃO PAULO | Talvez seja a manhã e o sono que faz arder os olhos, mas cá estou lendo a mais nova ideia de Ecclestone — e, com doses de sadismo que faria Mosley corar, ir minando as equipes menores —, que se resume a transformá-las em clientes com carros turbinados da GP2. Seria, como […]

SÃO PAULO | Talvez seja a manhã e o sono que faz arder os olhos, mas cá estou lendo a mais nova ideia de Ecclestone — e, com doses de sadismo que faria Mosley corar, ir minando as equipes menores —, que se resume a transformá-las em clientes com carros turbinados da GP2. Seria, como definiu o vice-presidente da Force India, Bob Fernley, uma ‘Super GP2’.

Ecclestone vai deixando cada vez mais claro que só quer contar a F1 com Red Bull, Ferrari, McLaren, Mercedes e Williams — ainda não se entende como é que a Toro Rosso ficaria neste cenário. Sauber, Force India e Lotus brigam pela sobrevivência duramente e, diante da negativa do ‘pacotão’ que havia sido prometido, lidam com o caos da rejeição das primas ricas e do próprio dono da categoria.

A proposta de Ecclestone transformaria, na prática, na Dallara como fornecedora de chassi de meio grid, que usaria um motor adaptado — também não fica claro se é o mesmo motor ou se vão mexer. Claro que nenhuma das três que pleiteiam mais recursos e menos gastos aprova semelhante patacoada.

Primeiro que a proposta de criar duas categorias em uma é, por si só, incongruente. É tão sem sentido que não se encontram palavras exatas para explicação. Já que se está indo nesta linha, e considerando que a GP2 tem cada vez menos sido uma categoria de base, era mais fácil pensar em um acordo que envolvesse as equipes interessadas em correr na F1, mais Sauber, Force India e Lotus, e costurar um algo paralelo saudável que garantisse dinheiro a todas elas sem tem de depender do aval das demais que não as querem até um período em que tudo pudesse calhar para um contrato só e desfizesse a abissal desigualdade social.

Mas olha a que ponto se chegaria: um laço entre 1/3 de grid da F1 com parte do grid da GP2. É coisa de louco.

E é. Só a loucura explica uma sugestão, se é assim que se pode definir. Com o avanço da crise, Ecclestone vai dando claros sinais de que não reúne mais condições para tocar a F1. Em vez de ir preparando um legado que deixe a categoria equilibrada e próspera, Bernie acredita realmente na lei da sobrevivência dos mais fortes sem perceber que é ele quem está fraquejando e sendo devorado. Nem Policarpo Quaresma teve um triste fim como caminha para ser o de Ecclestone.