Blog do Victor Martins
F1

Sobre Nasr e a Sauber

SÃO PAULO | A última vez que havia saído para comer uma pizza, Gabriel Curty, eu e outrem estávamos lá de boa e MANO RED BULL ANUNCIOU SAÍDA DO VETTEL AH NÃO MANO PQP. Aí ontem reunimos o pessoal do trampo para uma pizza pré-cobertura do GP do Brasil, Américo Teixeira Jr. me liga lá […]

SÃO PAULO | A última vez que havia saído para comer uma pizza, Gabriel Curty, eu e outrem estávamos lá de boa e MANO RED BULL ANUNCIOU SAÍDA DO VETTEL AH NÃO MANO PQP. Aí ontem reunimos o pessoal do trampo para uma pizza pré-cobertura do GP do Brasil, Américo Teixeira Jr. me liga lá pelas 20h40 e pergunta se estou a par da notícia. Estávamos decidindo a segunda pizza depois da meia quatro queijos, meia calabresa, quando ele solta a notícia. Eu a repasso em voz alta. A mesa que estava ao lado se assustou: foi um tal de tirar notebook da mochila, procurar wi-fi, ligar para Juliana Tesser, que estava em casa, verificar, confirmar AH NÃO MANO PQP, e aí, quando a coisa acalmou depois, perguntei ao Flavio Gomes se ele tinha reparado na reação geral. “O cara ficou segurando a pizza durante uns 2 minutos sem saber o que fazer”.

Primeiro que é um temor sair pra comer pizza. O jornalismo dinâmico ensina que devemos estar munidos — ou comer na redação ou ficar em casa. Segundo que dá a noção do inesperado: não era algo que aguardássemos, uma notícia dessa, às vésperas do GP do Brasil. Talvez fosse mais racional fazê-la hoje ou durante o fim de semana, mas as ligações evidentes de Nasr com a Globo — e aqui não vai nenhuma crítica a isso; cada um se associa ou se melhor relaciona com quem bem entende — levaram ao anúncio oficial no jornal de maior alcance da casa. Terceiro, leva a muitas reflexões assim que a poeira baixa e a pizza é digerida.

Uma menção mais ao Américo: ele sabia do que estava acontecendo. Estava apenas esperando a confirmação de uma fonte para cravar. Em algumas vezes, de passagem, citamos que Nasr estava na lista da Sauber nos textos do GP. Sobre o acordo em si, falam em cifras iguais às levadas por Ericsson, anunciado dias atrás, algo entre 50 e 55 milhões de dilmas. Por coerência, se o sueco é pagante, o brasileiro também o é. A Sauber precisa, Felipe precisa, junta-se a necessidade de comer com a fome. O comunicado emitido pela Sauber talvez seja o mais explícito do vínculo de um piloto ao patrocínio que o põe lá.

Não que precisasse, mas a chegada de Nasr corrobora a penumbra em que se encontra a Sauber. O favorito à vaga era Van der Garde, outro que tem as costas largas e ricas. De uma tacada só, a equipe abriu mão de uma série de laços: 1) com o próprio VDG, que era piloto reserva e provavelmente tinha alguma cláusula em seu contrato lhe dando preferência para ser titular em 2015; 2) com Sirotkin — lembram dele? —, o russo que ia estrear neste ano, não estreou, no fim não tinha idade nem superlicença nem dinheiro pra tanto, só treinou na Rússia, tinha lá alguma promessa e, skavurska, tchau; 3) com a Ferrari, com quem não vinha nutrindo o melhor dos relacionamentos — Monisha Kaltenborn e Marco Mattiacci vinham se estranhando neste período de debate de crise e de divisão de lucros — e que deixa Marciello, piloto da academia de Maranello, sem opções.

Sobre Nasr, outras pensatas. Felipe se deu muito bem, no fim das contas, ao não ter conseguido a vaga da Sauber para esta temporada: faria um ano miserável com este carro xucro e provavelmente seria relegado ao ostracismo. Não é possível que o C34 do ano que vem seja um resquício do malogro que deram nas mãos dos pobres Sutil e Gutiérrez. É um piloto bom? É, não se pode negar, mas, por enquanto, nenhum baluarte do automobilismo. Seus três anos de GP2 já deveriam lhe ter dado um título e mais vitórias, que só aconteceram justamente nesta temporada. O pachequismo que se arma pela chegada de mais um brasileiro à F1 acaba camuflando a visão geral do que representa este acordo em termos gerais: Nasr só está na F1 porque o Banco do Brasil está bancando e não pelo que representa em termos de desempenho. Assim, seu trabalho será árduo em 2015: o de persuadir a todos de que é um piloto de F1 capaz de prover resultados pela sua habilidade e não pelos lados globais que escolhe e das cifras que o empurram.

Ah, e pedimos quatro pizzas no total. Tavam excelentes, sobretudo a margherita.