SÃO PAULO | Depois que pagou os 100 milhões de obamas para se livrar de toda e qualquer culpa no caso de suborno ao banqueiro alemão pela venda das ações da F1 ao grupo CVC, Ecclestone se sentiu idiota, pegou um avião da Alemanha rumo à Inglaterra, deu expediente e uma entrevista à Globo para negar a informação da ‘Quatro Rodas’ e confirmar que é a lei no assunto de sua categoria.
A liberdade paga também considerou sua idade avançada, 83 e tantos, mas Bernie voltou à ativa como um moleque de 25 querendo mostrar serviço após ter sido promovido de sua fase de estágio. Em um momento que a F1 precisa dar seu passo à frente, de um plano diretor que a adense pelos próximos cinco anos – até porque considerar um tempo maior seria besteira em um mundo cujas novidades brotam em questão de meses.
A CVC havia prometido que jogaria Ecclestone às traças se o encontrasse culpado; sem se pronunciar, dá a impressão de que vai deixar o veterano no comando até que se livre de suas ações no negócio, algo que será completado no ano que vem. Até porque um dos possíveis compradores dos papeis é o próprio Bernie.
Ao continuar como líder, Ecclestone vai ser partícipe de todas as reuniões que discutem o futuro da F1 e é aquele que dará o aval ao que lhe for apresentado. O grande papel dos dirigentes mais novos – que talvez ouçam as principais vozes do espetáculo, os fãs – não está em confeccionar uma lista com ideias que abraçam os regulamentos esportivo e técnico, mas resolver a dicotomia que Bernie tem em sua cabeça entre o avanço da internet e das redes sociais vs. o dinheiro e suas cifras. Ou ainda, persuadir o chefe de que o mundo conectado é uma fonte imensa de moedas.
A liberdade de Ecclestone acaba representando a prisão da F1 em seus moldes atuais.