Blog do Victor Martins
F1

Sobre TV e manicômio

SÃO PAULO | A ‘Quatro Rodas’ publicou no início da noite de ontem uma informação que garantia que a Globo não passaria a F1 a partir de 2015 e jogaria a transmissão para o SporTV, seu canal a cabo coligado de esportes que já exibe ao vivo o treino classificatório desde o GP da Alemanha. A […]

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SÃO PAULO | A ‘Quatro Rodas’ publicou no início da noite de ontem uma informação que garantia que a Globo não passaria a F1 a partir de 2015 e jogaria a transmissão para o SporTV, seu canal a cabo coligado de esportes que já exibe ao vivo o treino classificatório desde o GP da Alemanha. A TV aberta deixou de passar a sessão que define o grid na íntegra e decidiu só exibir os minutos finais da competição.

Pois foram horas longas de tentativa de apuração e ratificação da notícia. A primeira pessoa ouvida das organizações respondeu com um “duvido” duas vezes; a segunda espantou-se com a informação. Não houve uma negativa nem uma confirmação. A fonte da revista é Carlos Miguel Aidar, o presidente do São Paulo FC, identificado como advogado da FOM no Brasil. O Grande Prêmio reproduziu a notícia, fazendo as ponderações necessárias. Não que tivesse gostado muito. Segue.

Nisso, fez-se a reflexão principal: considerando que tem um contrato vigente com a FOM e laços claros com o GP do Brasil, que segue no calendário até pelo menos 2020, e, acima de tudo, levanta mais de R$ 400 milhões em cotas de patrocínio, por que é que a Globo deixaria de passar a F1 mesmo com a queda nos números de audiência? Quem dera o Grande Prêmio, por exemplo, pudesse arrecadar 1/100 deste dinheiro para que bancasse seus custos de viagens ou mesmo de direitos de transmissão mesmo se os números do Analytics da vida caíssem – o que não acontece. O BBB dava 50 pontos; agora, mal dá 13 e perde do Silvio Santos na formação do paredão. Ano que vem tem a edição 15, depois vem a 16, e assim vai, num oferecimento de muitos dinheiros.

E outra: a Globo iria decidir isso no começo de agosto, com meio campeonato por vir, em que há a chance real de Massa, o piloto do país que sempre apoia, ganhar? – Bélgica e Itália são pistas amplamente favoráveis à Williams.

Aí veio a confirmação de que Aidar não é o advogado. OK.

Antes de virar o dia, a revista mudou a informação. Deixou de cravá-la para colocar a muleta ‘pode’, citando que a Globo havia negado – algo que foi tratado como a rápida tentativa de apagar um incêndio, da qual discordo. Horas atrás, o ‘Notícias da TV’, mencionando um alto executivo da emissora, também desmentiu a notícia e, na linha do exposto acima, comentou a existência do contrato que a obriga passar as provas da F1.

Poucos minutos atrás, aquela primeira pessoa consultada disse o seguinte: “Posso confirmar que foi barriga”. Barriga é um jargão do jornalismo que aponta que a notícia está errada ou é falsa.

A Globo tem passado nos últimos dias durante os intervalos da novela ‘Império’ as propagandas dos anunciantes da F1. No pacote de entrega que promete, constam aparições além das convencionais nos intervalos da exibição do GP, como o ‘Jornal Nacional’ ou o ‘Jornal da Globo’, chamados de mídia de apoio, e não deixa de ser uma amostra clara de que se trata de uma compensação e/ou um agrado para os números que não excedem os 8 ou 9 pontos no Ibope – no caso, o de São Paulo. Não há nenhuma intenção de nenhum dos seis patrocinadores atuais de não renovar com a emissora, até porque há um posicionamento de marca no mercado que pesa muito mais que os tortos números da medição de audiência.

‘Ain mas a tendência não é tudo ir para a TV fechada que coisa?’ É, concordo. Seria muito mais aproveitável se o SporTV, a ESPN, o Fox Sports ou o E+I tivessem um produto que pudessem explorar a pleno, tipo o exemplo-mor que é o da Sky Sports, saber trabalhá-lo, entregar algo bom. “Mas não pode acontecer em 2015 ou 2016?” Como diria o filósofo mutante tido como competente, pode. Mas agora não. A Globo, goste-se ou não dela ou de seu formato de transmissão, não virou manicômio para rasgar ou jogar dinheiro fora.