Blog do Victor Martins
F1

Hoje é dia de Hockenheim, bebê, 2

SÃO PAULO | Era o desenho feito ontem, com a vitória de Rosberg, as Williams no pódio e Hamilton em quarto. Mas não foi porque Massa nem chegou perto disso. Mais uma corrida na sequência em que tudo termina na primeira volta. Dureza. Diferente do Canadá, esperei as várias imagens para entender como se deu […]

SÃO PAULO | Era o desenho feito ontem, com a vitória de Rosberg, as Williams no pódio e Hamilton em quarto. Mas não foi porque Massa nem chegou perto disso. Mais uma corrida na sequência em que tudo termina na primeira volta. Dureza.

Diferente do Canadá, esperei as várias imagens para entender como se deu o choque de Massa com Mag Dinamarco. Felipe largou ligeiramente melhor que Bottas, que vinha do lado limpo, mas como a reta é muito curta para efetuar a ultrapassagem, o brasileiro preferiu a prudência para não tentar nada demais em cima do companheiro. Tinha uma visão encoberta do resto da pista e naturalmente não imaginava que Magnussen manteve sua trajetória reta atrás de Bottas e estava ali. Não é erro de um nem de outro: Kevin não tinha por onde ir e Felipe tangenciou a curva – talvez pudesse fazê-la mais aberta por prudência, mas aí é também achar pelo em ovo. É que também a sequência de Massa ajuda na ‘piada’ e na comoção geral de que não vai.

Só não é certo também Massa se revoltar e dizer que quem vem atrás é que deve evitar o acidente – porque aí isso se contrapõe ao caso de Montreal com Pérez – e que o problema são “os pilotos de nível GP2” – também abraçando Pérez. Até porque o pobre Magnussen nunca correu lá.

Massa tem meia temporada para se recuperar. Precisa, e muito. Não se pode atribuir a uma maré de azar só. Analisando com a temporada passada, por exemplo, a esta altura do campeonato, Felipe tinha, arredondando, 31% dos pontos da Ferrari; hoje, tem menos de 25% dos da Williams. É Bottas quem vem carregando o time para ser terceiro no Mundial, e olha que a Ferrari corre com um piloto só.

Aliás, ensanduichado em um primeiro momento com Hamilton e Ricciardo, depois com Alonso e Vettel: Räikkönen foi a putinha do dia na corrida. Todo mundo passou a mão. Que coisa. Kimi não é sombra do que já foi, e já fica uma dúvida se é mesmo o carro que não se adapta às características ou se já tá apertando aquele botão F que não tem no volante.

Bom, a corrida de Rosberg foi acelerar e ir adiante. Talvez tivesse só um sustinho para contar: o safety-car que deveria ter entrado quando Sutil estacionou na reta principal. Jamais que Hamilton conseguiria atrapalhá-lo em algum momento, até porque a barreira Bottas foi muito boa. Nem os pneus supermacios e uma diferença de tempo que chegou a ser de 3s melhor que o finlandês deram a Lewis uma esperança de completar a dobradinha e diminuir ao mínimo seu prejuízo no fim de semana. Para quem vê de fora, o inglês foi um dos dois protagonistas da ótima prova em Hockenheim, com toques e encontrões, até mesmo no ex-parceiro Button. Que reclamou depois. Com a classe de sempre, mas reclamou.

O outro que brilhou foi Ricciardo. Como anda esse moleque. Só a tentativa de defesa de posição em cima de Alonso vale o ingresso – no caso, aqui, a hora e meia acordado de manhã. E o cara ainda teve de se recuperar porque aquele quem mais sofreu as consequências do encontrão Massa-Magnussen. Foi sexto, sorrindo. Renan do Couto até está certo ao dizer que ele é lindo. Terminou atrás de Vettel, que fez passagem dupla e quase usando parte externa da pista, e Alonso, que fez mais do mesmo e, junto com Hülkenberg, são os únicos a terminarem todas as provas nos pontos. É o quase-devagar e sempre, uma nova tática de Ferrari e Force India.

Mas o que mais me intriga é o caso Sutil. O primeiro motivo é o óbvio e evidente: como não dar safety-car com aquele carro cinza e lerdo estacionado na entrada da reta? Como é que uma direção de prova de uma entidade universal que não para uma corrida com um objeto daquele tamanho e um piloto que dele desceu andando e poderia correr riscos? Como é que a FIA me põe três comissários de pista que são voluntários – isto é, não ganham nem um marco alemão – para arriscar a vida deles e empurrar aquilo lá? O que é que mudou na regra de segurança da última corrida para cá, uma prova que teve uma hora de atraso em seu reinício para reparo em um guard-rail que jamais seria acertado por um outro piloto que não Räikkönen? “Ain, que exagero, tá todo mundo vivo”. Calado, não interessa. Não tem explicação. E é a prova que, se não queria interferir, a FIA pode acabar definindo corridas e, por consequência, o título desse ano. A Mercedes chamou Hamilton rapidinho para os pits certa de que o SC entraria. Até Rosberg se assustou em não ver a bandeira amarela.

FIA, CBA… por que se supreender, né?

A segunda é a declaração pós-corrida da Sauber. Pego os trechos. O primeiro é de Giampaolo Dall’Ara, responsável pela Engenharia de Pista da equipe e homônimo do dirigente da famosa fabricante de chassis; o segundo é da chefe Monisha Kaltenborn:

Adrian’s race ended on lap 48 after the final pit stop due to a wrong driver procedure, following that the driver spun in the final corner and we still have to investigate the reasons for that.

At first we suffered from a wrong driver procedure, following that the driver spun in the final corner and we still have to investigate the reasons for that.

Nós sabemos como são os suíços e como eles se portam de maneira elegante e neutra, como escolhem palavras e tudo mais. Neste caso, a escolha foi claramente por acusar Sutil, usando os mesmos termos: “erro de procedimento do piloto”, com o “piloto rodando na última curva, e ainda vamos investigar as razões disso”.

Antes de chegar à Alemanha, começaram a pipocar uns rumores do nada de que Van der Garde assumiria o carro de Sutil. O que houve de concreto desde então foi uma declaração de um dirigente em que veladamente criticava o holandês pelo acidente sofrido nos treinos da semana passada em Silverstone. É claro que muita especulação surge assim, mas como essa pipocou rapidamente, despertou a lebre – e não faria sentido sacar Sutil justamente no GP de sua casa. Pode ser muita viagem pensar nisso, mas o tom das declarações dos dirigentes, alinhados em apontar o dedo e falar em apuração dos fatos, dá a entender que as moscas estão sobrevoando fortemente o QG. E não seria nada estranho ver uma mudança daqui alguns dias para a Hungria.

O que seria algo como trocar seis por um sexto.