Blog do Victor Martins
F1

Hoje é dia de Hockenheim, bebê

SÃO PAULO | Com pouco mais de 10 minutos foi definida a situação do grid do GP da Alemanha – e só quem tinha TV a cabo, assinatura ou achou um link maroto pôde ver. Hamilton deu com a Mercedes na barreira de proteção ali na curva do estádio em Hockenheim por conta da falha […]

SÃO PAULO | Com pouco mais de 10 minutos foi definida a situação do grid do GP da Alemanha – e só quem tinha TV a cabo, assinatura ou achou um link maroto pôde ver. Hamilton deu com a Mercedes na barreira de proteção ali na curva do estádio em Hockenheim por conta da falha do disco de freio dianteiro direito. Nas várias reprises da cena, foi possível ver que saiu uma fumaça tipo a de Lost daquela parte do carro. O ofegante Lewis teve alguma dificuldade para sair do carro, manquetolou um pouco, mas tá tudo bem, obrigado. O acidente, no entanto, não deixou de gerar teorias conspiratórias das mais diversas, todas convergindo para um protetorado em favor de Rosberg.

Não é só do Brasil, esse privilégio do “é só um inglezinho contra todo esse mundão”. A Mercedes, pouco preocupada com isso, tem culpado a peça fabricada pela Brembo e quer mudar para uma feita pela Carbon Industries. A Brembo diz que os demais usaram não tiveram problema algum; Toto Wolff e o resto desmentiram e apontaram o dedo em riste, quase gerando uma teoria conspiratória. Por Cristo, em Cristo, com Cristo…

No fim das contas, Hamilton havia conseguido passar para o Q2 e não treinou. Terminaria em 16º no grid, mas herdou uma posição com a punição de Gutiérrez que carregava desde o GP da Inglaterra. Mas se trocarem, mesmo, seu disco de freio, vai ter de largar dos boxes. Reserve.

Sem Hamilton, o caminho ficou extremamente fácil, como cantaria Rogério Flausino, para Rosberg. Até parece que nem se esforçou tanto assim no Q3 para fazer uma volta na casa de 1min16s5. O negócio era ver que Williams largaria a seu lado, e deu seu ‘compatriota’ Bottas – isso porque um jornalista finlandês foi lá perguntar depois na coletiva se era a primeira vez na história que dois pilotos de seu país, e Nico sorriu e concordou; o pai Keke é de lá; e é por isso que Lewis cutucou outro dia e disse que o parceiro não era alemão.

Bottas tem andado ligeiramente melhor que Massa durante todo o fim de semana em Hockenheim, o que não é muito comum de acontecer. É sabido que Felipe ainda é um piloto mais rápido em volta lançada que o parceiro, mas Valtteri recupera a defasagem com um ritmo de corrida muito superior – não à toa, o placar do Mundial é 78 × 30. Hoje, Bottas é o melhor piloto finlandês do grid, visto que Räikkönen só decepciona na Ferrari. Massa sai ali em terceiro sem ter feito, segundo o próprio, a melhor das voltas. Ao menos, está logo atrás do parceiro. Magnussen, o lindo, honrou a torcida que se deslocou de Copenhague e região e sai em quarto. Já falou que não tem chance alguma de pódio. OK.

Bom, então a gente pega os três primeiros e junta com aquele Hamilton lá de cima. Nas CNTP, são os quatro que lutam pelos lugares do pódio. Claro que, num cenário amplo, Rosberg é favorito absoluto e destacado para vencer ‘quase em casa’, e vai torcer para que as Williams ao menos tenham um ritmo parecido ao da Mercedes para impedir qualquer ascensão maior de Lewis.

Há, no entanto, uma série de pormenores. Primeiro, o tempo. Havia uma previsão inicial de que o domingo seria molhado e, além de dar uma amenizada nos quase 35ºC, promoveria uma indefinição no resultado; agora, a meteorologia aponta que só há 20% de chance de chuva, que só viria na parte da tarde/início da noite na Alemanha. As temperaturas devem continuar nos 30ºC, passando dos 50ºC na pista. O que significa dizer que é impossível pensar numa tática menor do que duas paradas para troca de pneus. A borracha tem derretido no asfalto/teflon. Assim, Hamilton nem pode pensar em uma estratégia diferenciada à la Force India. Vai ter de passar todo mundo na pista, filhão.

Se por questão de segurança ou por birrinha Hamilton largar dos pits, vai perder não mais do que três voltas passando as Caterham, as Marussia e as Sauber. Aí começa a pegar mais dureza, onde fatalmente perderá tempo. Numa prova sem safety-car, mudança de tempo ou quebras, o quarto lugar é o máximo que Lewis pode almejar na prova deste domingo, considerando que as Force India, as Red Bull e a Ferrari de Alonso hão de ser bravas guerreiras.

O que poderia ajudar Hamilton é as Williams passando Rosberg na largada, considerando que saltam como perereca no cio assim que as luzes vermelhas se apagam. A questão é que a reta é pequeníssima para que os dois carros consigam efetuar a ultrapassagem. Nico tenderia a perder um certo tempo para recuperar as posições, dependendo do retão oposto e do DRS. Mas vai que haja um enrosco, assim, né, com ajuda ali de um trabalho na encruzilhada na floresta encomendado por Nicole…

Ao fim e ao cabo, a Williams tende, enfim, a colocar seus dois pilotos no pódio. Para Bottas, uma continuação de seu ótimo trabalho e desempenho; para Massa, a necessidade de uma confirmação e de uma demarcação de território. Além, é claro, de tirar um gosto que carrega há quatro anos de uma frase silabada que garantia que seu ex-companheiro, o Fernando, era mais rápido que ele.

Parece que a corrida promete.