Blog do Victor Martins
F1

Parada no tempo

NATAL | A FIA anunciou ontem uma série de medidas e mudanças para várias categorias, naquele encontro do Conselho Mundial de chá e biscoitos que faz às vezes, e bateu o martelo na ideia das relargadas paradas, isto é, novos grids serão formados durante as corridas depois que o safety-car entrar nos pits em períodos […]

NATAL | A FIA anunciou ontem uma série de medidas e mudanças para várias categorias, naquele encontro do Conselho Mundial de chá e biscoitos que faz às vezes, e bateu o martelo na ideia das relargadas paradas, isto é, novos grids serão formados durante as corridas depois que o safety-car entrar nos pits em períodos de paralisações. O negócio só não vai ocorrer nas duas primeiras voltas ou quando faltarem cinco ou menos para o fim das corridas.

Não é das medidas mais populares e inteligentes e até pode suscitar estratégias escusas para algumas equipes. Digamos que um piloto esteja liderando, longe, mas longe, e aí, a sete ou seis voltas para a bandeirada, o companheiro do segundo colocado, que não está lá fazendo grande coisa na vida, ops!, pare na pista ou provoque a entrada do SC. Aí vai, reagrupa tudo, alinham, e o primeiro tem um problema. “Ain, mas é pra isso que estão fazendo isso”. Eu pergunto: isso é necessário? É realmente isso que vai mudar a F1 e deixá-la mais atraente e emocionante, suscitando dúvidas sobre a lisura do negócio? “Ain, mas hoje é tudo visto e ouvido pelo rádio”. Meu caro, hoje isso é facílimo de combinar, códigos, sinais, fumaças, briefings bem estudados e tal.

A F1 quer prender o nego em frente à TV dando a ele a possibilidade de ter uma nova largada para reembaralhar as posições. E está mexendo numa das partes a priori intocáveis de uma corrida. Ter várias largadas durante as provas, ao contrário do que se pensa, diminui o efeito da primeira. É tão artificial quanto o DRS, a asa móvel que fez das ultrapassagens algo banal.

Enquanto isso, Bernie Ecclestone reluta em abrir a F1 à internet e a um público ávido a consumir a F1 e novas ideias. Com este tipo de novidades, a F1 cria para si mesmo bandeiras pretas, punindo-se. A F1 parou no tempo achando que o dinheiro que movimenta é suficiente. E no fim das contas, poderia movimentar muito mais com atitudes mais compartilhadas e curtidas.