Blog do Victor Martins
F1

Mont Real, 2

SÃO PAULO | Tem um companhêro de trabalho lá na TV que vira e mexe começa as suas opiniões meio rabugentas e com a língua meio presa com um “confesso a você”. Pois eu confesso a você que vi e revi pelo menos umas 18 vezes a cena do acidente. Aos detalhes: tanto Massa quanto […]

Acidente de Massa

SÃO PAULO | Tem um companhêro de trabalho lá na TV que vira e mexe começa as suas opiniões meio rabugentas e com a língua meio presa com um “confesso a você”. Pois eu confesso a você que vi e revi pelo menos umas 18 vezes a cena do acidente.

Aos detalhes: tanto Massa quanto Pérez não tinham o melhor dos freios, mas o mexicano vinha em situação pior. Bem como também eram seus pneus, mais gastos, e seu carro como um todo – Checo não conseguiu atacar Rosberg em nenhum momento porque não tinha o DRS funcionando. Aproximou-se rapidamente de Nico, mas foi comboiando. Até que Ricciardo tomou a decisão na vida: vencer. Mas a ele, mais tarde.

Ricciardo passou, Vettel fez o mesmo, faltava Massa. Se a vida era severina para todos, Felipe tinha as menos ruins condições dentre todos no fim da corrida. Quando viu Vettel passando na chicane, fez direitinho a tangência para sair lançado e aproveitar que Pérez não vinha com tanta velocidade. Embutiu e fez a manobra de ultrapassagem e, então, houve o toque.

Há as duas câmeras on-board e outras duas – a da transmissão e uma no nível da pista – para sanar as dúvidas. Aquela que poderia ajudar melhor, a de Massa, gera um picote justamente na colisão. Nas 14 primeiras vezes que vi, apontei erro de Felipe. O toque aconteceu nem no meio daquela faixa de pista estreita. O que significa dizer, primeiramente, que Massa não abriu para passar o suficiente para efetuar a ultrapassagem e usar o espaço que poderia. A manobra em si foi muito rente a Pérez independente de seu movimento, como se tivesse fazendo o contorno da tangência daquela curva à direita. Nada de lei de trânsito ou balela de quem vem atrás tem culpa, mas Felipe poderia ter evitado o choque.

Então surgiu a imagem aérea. De cara, nota-se um movimento de Pérez à esquerda. Não foi brusco ou proposital, além de representar uma tentativa de defesa à qual os pilotos têm direito. Mas, claro, foi provocador do acidente.

O que pesa contra Pérez é que esses movimentos seus têm sido comuns e observados. Renan do Couto relembrou há pouco que o mexicano, no ano passado, fechou Räikkönen na China e Grosjean na Bélgica em atos similares – e no caso com o francês em Spa, houve punição. E a FIA e seus comissários têm uma necessidade latente e professoral de buscar culpa em qualquer coisa que provoque o encosto, leve ou espetacular, entre os carros – notem que até mesmo investigou o erro de Chilton que tirou o próprio companheiro, Bianchi, do começo da corrida, e ainda aplicaram uma punição ao cara; a entidade não dá o direito ao piloto de cometer um erro mais.

Posto tudo, uma ligeira mudança de opinião: o erro de Massa não foi, numa linguagem popular, uma barbeiragem. Como dito acima, vejo que não existiu uma prudência em fazer a ultrapassagem de forma mais limpa. Puro achismo neste momento: talvez Felipe já estivesse contando, na adrenalina do instante, que Pérez era fava contada e pensando em como atacar Vettel para tentar o pódio na volta final. Tem-se de considerar isso: o calor do momento. E se estava empolgante para todos que assistiam, aos pilotos isso é elevado a n potência. Quanto a Pérez, bem, esse histórico e a guinada leve à esquerda foram as responsáveis pelo choque.

Tem a necessidade de puxar a orelha, apontar um culpado como se houvesse um crime, e não tratar como um incidente de corrida normal? Não. Ainda mais com um caso que suscita opiniões dicotômicas e até viscerais pró e contra os lados envolvidos, ambos com suas influências para o fato.