Blog do Victor Martins
F1

Nanashara Sarasheeva Shangai

SÃO PAULO | Houve tempos, jovens, que a chuva era um fator de embaralhabilidade (proj. Tite) de grid e tudo mais, e os davis sonhavam com a chance de ir encher os pacová dos golias. Mas hoje não tem lá tanta diferença assim: a F1 segue praticamente a mesma de quando se apresenta no seco […]

SÃO PAULO | Houve tempos, jovens, que a chuva era um fator de embaralhabilidade (proj. Tite) de grid e tudo mais, e os davis sonhavam com a chance de ir encher os pacová dos golias. Mas hoje não tem lá tanta diferença assim: a F1 segue praticamente a mesma de quando se apresenta no seco em termos de resultado, mesmo quando as condições geram a dúvida do uso dos tipos de pneus à disposição. Não havia cristo neste pós-sexta-feira glorificada que tirasse a pole de Hamilton, que ainda esnobou com um ‘poderia ter ido melhor’.

OK, Lewis, cê tá guiando o fino e tal, mas não precisa sapatear sobre a mesa da santa ceia para desespero dos demais 21 apóstolos das pistas (proj. Félix da novela lá).

Não creio que haja muitas dúvidas de que, seja qual for a condição meteorológica amanhã, certamente envolva em muita poluição, Hamilton é o favoritão. Aí, a chuva só serviria para os outros torcerem por uma escapada ou um erro maldonáldico – aliás, viram a reação dos mecas da Lotus depois da batida hamiltoniana/2007 que Pastor deu na entrada dos pits? Impagável.

Ricciardo. Esse moleque, ele é bom mesmo. Tá iluminado. Ou se adaptou às novas condições da F1 com uma destreza que faz Vettel coçar a cabeça e bufar em alemão arcaico. E tome-lhe tempo. “Ai, mas Vettel não era um gênio, o melhor do melhor, o suprassumo?”. Calma, nêga. O cara é tudo isso. A F1 tá um pouco confusa neste começo de ano. “Ain, que desculpinha esfarrapada”. Calada. Que ano louco é esse em que as regras mudam e chove a torto e a direito na classificação? Só o Bahrein foi fiel, por enquanto. Então sossega a piriquita, ajoelha e reza.

Vettel tá ali em terceiro e, claro, briga com o parça pelo lugar no pódio. Alonso em quinto e Massa em sexto? Talvez tenham chances, sim. Não é que a Ferrari melhorou assim, com a chegada de Mattiacci e um milagre celestial, é mais porque costumeiramente o carro se dá bem na pista de Xangai – e, ainda assim, Räikkönen continua pagando todas as penitências. É mais fácil Felipe ser o adversário das Red Bull pela potência de seu motor. E mesmo com a chuva, o carro da Williams se comportou razoavelmente bem. Tem, de fato, de comemorar o resultado. E Bottas? Esse não sai do encalço de Massa. E por consequência e dedução, é outro a ser considerado na luta pelo terceiro lugar. Hülkenberg em oitavo? Parece que a Force India não tá com essa bola toda para transformar a água da chuva em champanhe.

Claro, o segundo é de Rosberg. Quer dizer, tem de ser, né? O erro no fim do Q3 é compreensível na medida em que foi para o tudo ou nada na volta final. O quarto lugar no grid só deve preocupar pelo tempo que vai perder em superar as Red Bull – e provavelmente Massa com seu superlargador mega plus combo.

Esses, sim, podem atribuir o resultado ao tempo: Vergne em nono e Grosjean em décimo. A Toro Rosso não tá com carro para isso – apesar de, insisto, o pacote ser bom; precisa ser melhor desenvolvido. E mesmo que Romain diga que a evolução da Lotus é clara, que não é magia, é tecnologia, digamos que seja sábado de aleluia, e isso explique…

Depois de Kimi em 11º, tem Button. E vendo que Magnussen é 15º, nota-se que a McLaren voltou a multiplicar seus problemas. A curva descendente da equipe desde a Austrália é assombrosa. Outros ali a se observar são Kvyat, 13º, e Pérez, 16º. Vão tentar brigar pelo maná dos pontos.

E aí fica a dúvida: a corrida será nível Australásia ou Bahrein? Se houver essa briga múltipla aí pelo pódio entre Red Bull, Williams e Alonso, o peso recai de leve sobre a segunda opção. Mas se olhar lá para a frente, há um equilíbrio na balança: soa difícil ver uma nova disputa entre os mercedianos com esse Hamilton que está longe de cometer o pecado do erro.