Blog do Victor Martins
F1

O legado Melbourne

SÃO PAULO | A chuva é sempre uma aliada de quem quer mais emoção na F1, ainda que tenha impedido de ver qual é a real dos carros desta nova/outra categoria em 2014. Uma coisa é mais do que certa: a Mercedes é a melhor de todas com alguma tranquilidade. Não quer dizer, no entanto, […]


SÃO PAULO | A chuva é sempre uma aliada de quem quer mais emoção na F1, ainda que tenha impedido de ver qual é a real dos carros desta nova/outra categoria em 2014. Uma coisa é mais do que certa: a Mercedes é a melhor de todas com alguma tranquilidade. Não quer dizer, no entanto, que na classificação de hoje tenha exercido tal domínio. O povo queria Ricciardo na pole, como ele se sentiu por alguns segundos diante de seu público, que urrou nas arquibancadas de Melbourne. Mas Hamilton é PhD em tirar o doce alheio e acabar com a graça.

E olha que Lewis não tinha lá o comando das ações do treino. Era Rosberg quem vinha brilhando – até terminar em terceiro. É ele quem vai disputar com o companheiro a vitória. São estilos diferentes, como se sabe: Hamilton é mais atirado e exuberante, sem se preocupar muito com as consequências – gasto excessivo de pneus e combustível.

Trata-se da 100ª pole da Mercedes, que tende a iniciar um reinado na F1 enquanto a Red Bull não se ajusta totalmente. Aliás, a recuperação dos rubro-taurinos – leia-se Renault – é de cair o queixo. Foram apenas duas semanas para achar os grandes defeitos e empacotar tudo rumo a Austrália. E o carro não é mal nascido, como chegaram a sugerir diante do caos vivido na pré-temporada. Mas Ricciardo só terá alguma chance amanhã se, e somente se, voltar a chover. O mesmo acontece com Vettel, que terá uma duríssima missão na corrida partindo em um incômodo 12º.

Ricciardo sempre esteve muito bem ao longo do fim de semana. Andou entre quarto e sexto e, quando a chuva veio, permitiu-se um salto maior. Forçou a Mercedes a andar decentemente e deixar de lado a lambuja que parecia exibir no seco Q3 usando pneus mais duros, enquanto a rapa já partia com os amarelos macios. Correndo em casa, briga por um lugar no pódio com Magnussen, ótimo também ali em quarto – como Riccardinho com seu companheiro de maior glória, desbancou o lorde Button, que mal foi ao Q3.

Alonso é quinto e extraiu da teta da pedra mais do que leite. É o único motor Ferrari dentre os dez primeiros. O parceiro Räikkönen, que ainda não contou as razões de sua ida a Austrália, larga em 11º beneficiado com a punição aplicada a Bottas pela troca de câmbio de seu carro. O espanhol tem lá sua chance de lutar com Ricciardo e Magnussen, sim. Uma briga interessante entre os três motores da F1.

A tendência apontaria um pódio formato dentre estes cinco. Mas estes carros, né, parecem aquele branco que traiu Solomon/Platt ao delatar a tentativa de entrega de sua carta à sua família em ’12 Anos de Escravidão’: não são confiáveis. É nisso que o resto de garbo e elegância — Massa, Button, Räikkönen e Vettel — têm de se apoiar.

Logo mais, volto pra falar do resto.