Blog do Victor Martins
A várzea de rodas

A várzea de rodas, 18

SÃO PAULO | Durou exatamente 20 dias a parceria entre a F-Truck e a GT Pro, nova nomenclatura da GT Brasil, depois Campeonato Sul-americano de Gran Turismo – categoria que vem sucumbindo depois da saída de Antonio Hermann de seu comando pela armação contra sua equipe BMW na etapa final de 2012 em Interlagos. Na […]

SÃO PAULO | Durou exatamente 20 dias a parceria entre a F-Truck e a GT Pro, nova nomenclatura da GT Brasil, depois Campeonato Sul-americano de Gran Turismo – categoria que vem sucumbindo depois da saída de Antonio Hermann de seu comando pela armação contra sua equipe BMW na etapa final de 2012 em Interlagos. Na última quinta, a assessoria do grupo dos caminhões emitiu um comunicado em que alega “dferenças de perfil entre as duas categorias” e “impossibilidade de alinhamento comercial entre os patrocinadores dos dois campeonatos” para a dissociação. Segundo a presidente Neusa Navarro, a Truck preferiu “não causar nenhum tipo de problema a nenhuma das duas categorias e a seus patrocinadores neste momento”.

Primeiro que salta aos olhos a dúvida: se havia diferenças de perfil entre as categorias, por que cazzo a aliança cogitou ser realizada? E como questão complementar, ninguém havia notado que haveria um eventual conflito comercial entre patrocinadores?

Momentos depois, Marçal Melo, um dos pilotos que estava por trás das negociações em nome da GT Pro, postou em seu Facebook que não iria “passar recibo de idiota”, relatando um ponto interessante. “A GTPRO não tinha nenhum patrocinador, NENHUM, então vamos tratar com respeito e trazer a verdade às pessoas. Aqui ninguém é burro. Gostaria muito de saber então qual nosso patrocinador que inviabilizou a parceria”, colocou. Esse foi o tom da nota emitida pela GT Pro seis horas depois da primeira, onde foi relatado cronologicamente o “trabalho que começou pela iniciativa de um grupo de pilotos e profissionais da área automobilística, imediatamente após a etapa da Argentina do extinto Campeonato Sudamericano de Turismo, realizado em outubro do ano passado, quando a antiga empresa promotora abriu mão de suas funções junto à categoria”. “É inadmissível que todo esse esforço tenha sido em vão, e tudo o que foi conversado seja descartado de forma tão displicente, e unilateral”, citou o comunicado.

O caso começa a ser mais aberto no fim do mesmo. “Falando agora sobre a realidade dos fatos, é sabido que a F-Truck tem como uma de suas principais patrocinadoras, uma marca de cervejas pertencente a um grupo que já foi patrocinador da GT Brasil, há anos atrás. É sabido também que o relacionamento entre o grupo e a antiga empresa promotora não terminou bem, e que há rusgas dessa passagem até os dias de hoje. Tal situação, alimentada por um grupo de ex-pilotos que deixou a categoria após a saída da empresa patrocinadora, resultou em pressões sobre a organização da F-Truck para que a parceria fosse desfeita.”

Aos pontos: o investimento do Grupo Petrópolis e suas marcas no automobilismo sempre foi latente, mas foi questionado em 2011 porque foram verificadas irregularidades quando administradas pelos irmãos Faria – que repassaram as ações ao tio, Walter – e a agência de publicidade que cuidava da conta. Neste período, o então GT Brasil perdeu o patrocínio principal da Itaipava, e os lados passaram a ser vistos, naquele momento, como água e óleo. Pelo lado da F-Truck, um de seus patrocinadores principais vem sendo a Crystal, outra marca do grupo.

Ouve-se que a parceria proposta entre F-Truck e a GT Pro partiu “a pedido da CBA” e que a presidente Neusa abriu as negociações sem ter consultado antes as empresas que bancam a farra. A Petrobras, por exemplo, não entrou na história, mas não viu com bons olhos o laço. Nos bastidores, fala-se em duas versões para a separação da parceria: a primeira que algum ex-piloto descontente com a situação fez chegar ao Grupo Petrópolis a informação de que os irmãos Faria estariam por trás da nova GT – e, sem averiguação por quem de direito, foi aceita como verdade; a segunda, mais crível, que o veto surgiu assim que se soube do envolvimento de Marçal, que é um dos que estão na lista negra da empresa de bebidas junto com os Faria. Procurado, Marçal não se manifestou.

E é assim que a banda toca no esporte a motor destas terras, com CBA solicitando com seu carinho habitual, com amadorismo na condução de negociações de todas as partes e com briga de egos e picuinhas das mais diversas.

Adendo 1: dada a dificuldade de leitura e compreensão, reitero que os motivos da separação das categorias encontram-se no penúltimo parágrafo do texto acima. Sem ter de desenhar, os fatos: 1) a CBA pediu a parceria; 2) a presidente da F-Truck não havia consultado os patrocinadores; 3) um deles, o Grupo Petrópolis, ao saber, vetou a parceria pelos nomes envolvidos na organização do GT Pro. Mais fácil, amigos…