Blog do Victor Martins
F1

Índia seus cabelos

SÃO PAULO | A coisa mais trabalhosa e árdua que Vettel fez neste sábado foi pegar o aparelho de refrigeração das mãos dos mecânicos e ir lá tacar no meio das rodas para baixar a temperatura dos freios no estacionamento dos carros após mais outra pole. Parecia aqueles moleques que vivem em casas estilo americanas […]


SÃO PAULO
| A coisa mais trabalhosa e árdua que Vettel fez neste sábado foi pegar o aparelho de refrigeração das mãos dos mecânicos e ir lá tacar no meio das rodas para baixar a temperatura dos freios no estacionamento dos carros após mais outra pole. Parecia aqueles moleques que vivem em casas estilo americanas fazendo jardinagem – diferente da jornalística que se tem visto. O cara é muito figura. O amigo Emanuel Colombari, do Terra, diria que é carisma demais. Carisma diferente do que é visto neste campeonato meio fim de feira da F1.

A gente já sabe o que vai acontecer na Índia. Não é nem a questão da vitória, mas o título. Para os que veem pela TV e se atentam aos detalhes, é ouvir o ‘Sebastian Vettel, you are the World Champion of 2013 F1 season’ e saber se Galvão vai gritar o ‘é tetraaaaa’ no estilo da conquista da Seleção na Copa de 1994. Galvão que, aliás, meteu o pau no sistema de treino que vê no Q3 pouquíssimos pilotos saindo à pista procurando poupar pneus. “Caducou”, disse o narrador.

Vale uma breve análise. O sistema de classificação da F1 é praticamente o mesmo do DTM – que só coloca um Q4 com os quatro melhores dando uma volta rápida na parte final –, semelhante ao da Indy em mistos – que vai ceifando os pilotos em 12 e depois seis finalistas – e tem as mesmas bases do da MotoGP – que vai com os 12 melhores para a disputa da pole. Aqui, o da Stock Car também vai eliminando por fases. É um formato que é usado pelas grandes categorias, pois. “Tem de voltar ao esquema antigo, todo mundo andando como quer”, completou Galvão. Por esta ótica, então, seria simples ver mais ação sem mudar o sistema: é cortar a regra que obriga o pessoal do Q3 a usar os pneus da classificação no começo da prova. O problema, por assim dizer, não está no formato: é que Vettel, como nos tempos de Schumacher, não tem dado graça. Em vez de elogiar o piloto, critica-se o método do meio.

Vettel provavelmente conseguiria a pole usando os pneus duros, como fez seu companheiro Webber, quarto no grid, e os ocupantes das posições 8 a 10 – Alonso, Pérez e Button. Está aí o único foco inicial de emoção da corrida na Índia: os que estão com os macios devem parar até a sétima volta – máximo com que as borrachas tem se mantido sem formar bolhas cadavéricas –, permitindo que estes quatro diferenciados da frente liderem a prova por algum tempo. De resto, não tem como não pensar que Vettel depois apareça na frente, sem sobressaltos, para comemorar sua conquista máxima com uma vitória. É uma penca ali de quatro ou cinco que briga por dois lugares menores no pódio.

Se não se estrepar no lodo do azar, a Mercedes deve estar ali. Desta vez, Rosberg e Hamilton estão ocupando boas posições de largada, segundo e terceiro, e devem provocar um suadouro no australiano. Alonso é quem aparece como a outra via pela briga; Massa, Hülkenberg e as McLaren, dificilmente: o primeiro pela incógnita de desempenho, o segundo porque a Sauber não está lá tão bem com os pneus macios e os últimos porque o carro não colabora. De resto, o que pode mudar ali no fim é Grosjean aparecendo de trás como vaca-lôca, uma Toro Rosso e outra Force India.

Só voltando a Galvão e à transmissão da Globo, o fato de não negarem a informação do nosso Américo Snowden Teixeira de Massa na Williams e até tratarem de falar como vai ser o campeonato de 2014, as mudanças do regulamento e a preparação do terreno, indica muita coisa. E retornando à Índia e Buddh: ô lugar poluído da porra — e olha que, de fumaça negra e densa, paulistano conhece bem.