SÃO PAULO | Alemão é uma língua que nos soa difícil, eu sei, até porque eles vão aglomerando palavras e formando uma coisa só e tal. OK. Mas hoje é, digamos, relativamente fácil buscar maneiras e modos de se traduzir algo. No caso do jornalismo, de se verificar com fontes exatas — que entendam a língua com propriedade — para dar uma informação.
Saíram, às pencas, notícias na manhã d’hoje de que Barrichello está negociando, conversando, quase acertado, perto de ser companheiro de Sirotkin na Sauber no ano que vem. A maioria delas, ainda bem, indica a fonte: a boa revista Auto Motor und Sport.
A AMuS tem um site, e foi nele onde a suposta informação saiu. O único trecho que fala de Barrichello aparece em um artigo que compila o que se passou no fim de semana da corrida em Cingapura, uma espécie de ‘Rádio Paddock’. Este é o trecho original:
Os trechos grifados são do original, mas ajudam em duas coisas: 1) a entender que o nome em alemão não muda e 2) que há citação de uma equipe, a Caterham. Nas sete linhas deste trecho, bem ou mal lidas, só há menção a uma outra escuderia, a Marussia. Que vem depois da menção ao ‘GP2-Pilot Felipe Nasr’. Não há nada de Sauber. Nada.
Não é preciso, pois, entender alemão. Mas aos que dominam, a notícia diz que o sonho de Barrichello não acabou e que ele tem algum dinheiro na bagagem. Ele, de fato, diz: “Eu só treinaria meu pescoço. Então eu poderia entrar amanhã”.
Assim, a AMuS não noticiou nada a respeito de Barrichello na Sauber. Não tem fundo de verdade algum nisso nas matérias decorrentes, por favor.
Adendo 1: João Victor Moretti mandou nos comentários um outro trecho de notícia no site da AMus, que reproduzo aqui:
“Rubens Barrichello busca contato na Sauber”. Busca. Contato. No máximo.
Estamos sem manchetes, e o mundo gira.
Adendo 2: mais sobre o assunto, agora no Estadão. Depois de reler algumas boas vezes a, digamos, notícia, ressalta-se o seguinte:
Título: ‘Barrichello pode disputar GP do Brasil em novembro pela Sauber’
Abertura do último parágrafo: ‘Não se sabe se tudo está acertado e até se a equipe é a Sauber.’
Depois da matéria que se desdiz, aproveitem o sábado.
Adendo 3, antes das férias em si: à declaração de Monisha Kaltenborn, ao ser perguntada sobre Barrichello lá na Coreia: “Existem algumas opções. Nós sabemos que ele tem experiência. Ele gostaria de voltar”. Ainda não é muito conclusivo que Sauber e Barrichello negociam. Até porque o mundo sabe que Barrichello tem experiência e que ele faz das tripas coração para voltar à F1 para se despedir adequadamente.
A real: Barrichello se oferece à Sauber desde o ano passado quando Pérez anunciou a ida para a McLaren. De novo: o fato de se oferecer e/ou buscar contato não significa que a Sauber tenha chegado perto de negociar um contrato.
Algo contundente e que ela realmente tenha garantido: GP do Brasil de 2013: “Não vejo nenhuma possibilidade, pois não temos motivos para mudar os nossos pilotos para aquela corrida”. Jardinagem pura, então.
O mundo segue girando até uma notícia mais concreta surgir.
Adendo 4: Creio que a questão esteja encerrada com as palavras de Monisha…