SÃO PAULO | Comecemos pelos humanos: como é que esta F1 bocó não me dá um carro de ponta, decente, lindão e perfeito para esse Hülkenberg?
O camarada não recebe salário direito, tem sempre o azar de estar na equipe errada, não tem altura para os padrões mignons da categoria, mas tem uma pole de Williams no currículo e bota esta draga cor de nicotina em terceiro no grid de Monza. “Ai, mas é característica do circuito, só botar um carro sem asa pra andar na reta, blé”. Cale-se. Se for assim, então, qualquer um pode fazer isso. A Sauber não tem carro para ser terceira. Basta ver esse Gutiérrez, que não sai de péssimo-sétimo no grid. A Sauber não tem carro nem para ir ao Q3. Há tempos se fala clara e abertamente que este moleque TEM DE receber um equipamento à altura do seu talento. À altura de um talento concebido em uma época em que o automobilismo alemão começou a prover ao mundo gênios pós-Schumacher.
Hülkenberg tem a mesma idade de Vettel. É o nome que mais ameaça o posto de Massa. E, numa boa, vale cada centavo de uma aposta, se assim considerarem.
E é interessante ver o escudo que se coloca no brasileiro diante das informações dos jornalistas estrangeiros ou de qualquer rumor que o tire da Ferrari. Desta vez, a Sky Sports da Itália cravou a volta de Räikkönen para Maranello em 2014. Mas Galvão foi falar pessoalmente com Domenicali, que negou. Puxa vida, então a TV deu furo n’água, não presta, que barriga, como é que pode? Jornalista nenhum não pode ter informação contra brasileiro. Eu realmente gostaria que o Palmeiras tivesse essa defesa sólida para subir com mais calma para a Série A.
É justamente Felipe quem larga ao lado de Hülk. Que tinha uma meta, por assim dizer: prover o vácuo para Alonso fazer sua classificação. Own. Que lindinho. Bom, é meta da escuderia, é papel de cada um exercer sua função, tal. Não resolveu muito porque, ao que parece, Massa abriu uma distância que não permitiu ao espanhol se aproveitar do puxão. A diferença entre os dois é de 10 milésimos. E Alonso deu chiliquinho. O original: “Quindi c’è da lasciarlo passare… veramente siete degli geni, eh… mamma mia, ragazzi!”. O básico da ironia: “Vocês são gênios, mamma mia, here I go again”. Continuamos sem manchetes — e nisso se inclui o o mau relacionamento com o time evidenciado na chegada em Spa. Porque, oh!, que dificuldade será abrir passagem amanhã em qualquer reta, não? E outra: é até BOM Massa largar ali atrás de Webber, segundo. Considerando que Felipe é ótimo largador e Webber, péssimo, pode ir lá perturbar a vida de Vettel na chicane e limpar a área para o companheiro. Mas, enfim, vai que intramuros avaliem que tenha sido um descalabro. É a Ferrari.
Rosberg aparece em sexto com a Mercedes em seu pior desempenho no ano em classificação. É curioso, esse time. Porque era em Monza que justamente se esperava um domínio com seu motorzão e seu carro bom de reta e tal. Em nenhum momento nenhum dos dois pilotos chegou a fazer cócegas na Red Bull. A tendência é ir para trás, se a corrida for em pista seca. Tem carros que vêm atrás capazes de superá-la com certa facilidade. Tipo a Toro Rosso.
Os primos não estão tão pobres assim. Nota-se uma influência de James Key no trabalho da equipe, esse Neweyzinho bom de trabalho. De certa forma, o resultado de Ricciardo, sétimo, é aquèm do que mostraram que podem fazer. Um quinto ou quarto posto era possível, sim. O carro está bem acertadinho. Vergne larga em décimo porque errou no contorno da Parabólica ali no fim. Era para estar mais à frente, certamente. Entre eles há as McLaren de Pérez e Button, nesta ordem. Uma incógnita, na realidade, o que pode fazer o time prateado.
E as Lotus, que vieram com um carro com entre-eixos mais longo, desistiram do modelo depois dos TLs d’ontem e viram o limbo. Nem Räikkönen nem Grosjean foram ao Q3. Kimi murmurou. “Ugh”. Aliás, sobre a Lotus, a melhor coisa que se ouviu foi Galvão falar na transmissão que há uma chance de Maldonado levar seu caminhão de dinheiro da PDVSA para lá, mas que a Williams pode barrar e tal. Bom, a notícia não é de toda impossível. A Lotus está de chapéu estendido na rua pedindo por cada moedinha. Apesar do contrato de cinco anos que Pastor tem com o time de Frank, é um acordo revisto anualmente. E se for concretizado, imagina-se que seria para ser ao lado de Kimi – num movimento que também ajudaria em sua permanência para garantir-lho o soldo. Porque ter Maldonado-Grosjean na mesma equipe é como a Dona Redonda explodir de tanto comer.
Hamilton está ali no meio das Lotus, em 12º. Acabou o encanto. Se bem que Lewis admitiu que “guiou como um idiota”. Mas é que o inglês foi atrapalhado por Sutil claramente. O ex-amigo. O desafeto. Os dois vão à salinha dos comissários. Aí um deles há de perguntar o que aconteceu, e Sutil vai descarregar: “Ele não quer me dar o dedinho”. Fofo. Bota aí no grid um SUT +3, e é isso. A Force India tá bem mal, mesmo, também não vai fazer diferença. De 14º, Sutil vai a 17º. Di Resta sobe para 15º. E pensar que um dia os forceíndicos lutaram pela pole em Monza…
Bom, o pensamento tem de ser forte para elencar as possibilidades de derrota de Vettel amanhã. Numa possibilidade mais terrena, só a chuva poderia embaralhar as coisas. Vettel sobra tanto que até de pneus duros vinha sendo mais rápido que a rapa toda. Assim, nem precisa arriscar na estratégia amanhã, nas CNTP: vai de duas paradas e ser vitorioso na vida. Neste cenário, Alonso vai jantar Massa e Hülkenberg e brigar com Webber, se este não cair muito na largada, pelo segundo lugar. Felipe até luta pelo pódio.
“Mas pode chover, pô, e se chover, diz, e se chover?” Calma. Vettel é ótimo em chuva, e assim ganhou a corrida de Toro Rosso em 2008. Assim, se seu favoritismo é pleno no seco, diminui só um pouco se chover. No caso, só aumenta a chance da Chiliquenta ser segunda. E Hülkenberg ganha a grande chance de brigar pelo pódio.
O que significa dizer que não devemos ter muitas surpresas na corrida deste domingo.