Blog do Victor Martins
F1

Magia magiar, 3

SÃO PAULO | 50%. Deu Hamilton e não Vettel, mesmo terminando. E a corrida foi xexelenta. Algumas boas ultrapassagens, protagonizadas pelo próprio Lewis, mas nada muito além. Ninguém morreu de sede, não houve surpresas, nada. E aí somos brindados com a notícia de que renovaram o acordo de Hungaroring até 2021. Bernie, sacana, não vai […]

SÃO PAULO | 50%. Deu Hamilton e não Vettel, mesmo terminando. E a corrida foi xexelenta. Algumas boas ultrapassagens, protagonizadas pelo próprio Lewis, mas nada muito além. Ninguém morreu de sede, não houve surpresas, nada. E aí somos brindados com a notícia de que renovaram o acordo de Hungaroring até 2021. Bernie, sacana, não vai estar lá para firmar o próximo. É o legado, hão de dizer.

Bom, Hamilton tem um caso sério com Hungaroring – não tão amoroso quanto o que tinha com Nicole Scherzinger, mas mais próximo, já que ela se foi; snif! =(. É a quarta vitória dele, mas diferente das demais: Lewis não tinha o melhor carro. Deu uma baita sorte de, mesmo parando na volta 10 e antes que todos, se livrar de Button com facilidade. Vettel e Grosjean ficaram empacados de tal forma que a diferença de menos de 1s foi parar em 13. Se não tinha o melhor, também não sofreu ameaça de quem podia: as Lotus. Grosjean não passou Jenson incolumemente, teve de antecipar a parada e jogou a corrida no limbo, e Vettel não dispunha de um ritmo tão melhor assim para alcançá-lo. É o Boy Magia da Hungria. Como é na Hungria, é Boy Magiar </galhofa>.

Lewis estava endiabrado. Só os dois passões que deu por fora em Webber na curva 3 valeram a corrida – que foi chata; quase peguei um bilboquê para brincar. E quando se diz que teve ajuda de Button, é evidente que ninguém há de dizer que Jenson relembrou os tempos de McLaren e o protegeu. O tempo que Vettel e Grosjean perderam foi crucial para esta vitória. Foi o ‘milagre’ que o piloto da Mercedes esperava ontem.

Assim, Hamilton chega a marcas legais: depois de 58 anos, um britânico voltou a vencer com um carro da Mercedes – havia sido Stirling Moss. E Hamilton iguala Juan Manuel Fangio como os únicos da história a vencerem uma corrida em todas as suas sete primeiras temporadas. E Hamilton rompe a barreira dos 100 pontos, chega a 124 e tem 48 a menos que Vettel. É a diferença de pontos de duas corridas. Faltam nove para o fim. Continha rápida: Vettel marcou em média 17 pontos por prova. Se houvesse esta pontuação e se Lewis fosse engatando uma sequência de triunfos, descontaria 8 por etapa. Só na Índia que empataria. “Mas aonde você quer chegar?” Simples: Hamilton não vai vencer todas – até porque, de fato, não tem o melhor carro. Mas Vettel é capaz de manter essa média até o fim. O inglês vai feliz para as férias, mas consciente de que título é impossível.

Aí é Räikkönen quem me aparece em segundo. A Lotus é como a Ferrari em classificação, um horror. Mas em corridas se recupera muito bem. Na Alemanha, tinha equipamento igual ao da Red Bull; neste da Hungria, era o melhor carro na pista. Logo no começo da prova, aliás, Grosjean já dizia via rádio que “eu sou muito mais rápido que os caras da frente”. Kimi empacou no começo atrás de Massa. Uma vez livre, escalou rapidamente o pelotão até porque parou uma vez a menos que os demais. Lamentou muito hoje, disse que poderia ter vencido não fosse a má posição no grid. Rápido e sempre, Räikkönen volta à vice-liderança e tem 38 de desvantagem para Vettel – a quem fechou, na boa, no fim da corrida. O alemão ficou de chorume e mimimi, mas depois levou de boa também. Afinal são amigos e provavelmente companheiros em 2014.

Um detalhe final sobre Kimi: toda vez que Hamilton venceu na Hungria, ele foi segundo.

Terceiro, Vettel era outro que poderia ter tentado coisa melhor. Hoje, teve performance ruim – abaixo do que se espera dele. Enquanto todo mundo foi passando aqui e ali, empacou na McLaren-Mula e só passou no desgaste dos pneus médios do adversário. Ficou em segundo a maior parte do tempo, mas como a Lotus deu o bote com sua tática, partiu para o ataque em cima de Räikkonen no fim. Só uma ameaçada, e nada mais. Nada além, também, para se preocupar. Vettel tem o campeonato no bolso.

Webber fez uma corrida boa em quarto. Mas se desligou nos dois momentos em que Hamilton o superou, ingenuamente. Na primeira vez, tinha Alonso na frente o atrapalhando com uma lesma rossa; na segunda, era o retardatário Hülkenberg quem dava trabalho. A real é que Mark é uma peça de figuração que vai colecionando problemas em todos os finais de semana e tenta se divertir se recuperando nas provas. Corre em ritmo de despedida.

Alonso foi quinto, mas deveria ser sexto ou sétimo se Rosberg e Grosjean mantivessem seu ritmos normais. É inacreditável ver um carro que no começo do ano tinha um ritmo de corrida espetacular e agora se arrasta diante das demais. Não é normal vê-lo acabando mais de 30s depois do vencedor sem ter problema algum. Aí mandou seu empresário ir falar com a Red Bull. Sacumé, né, já viu que a Ferrari não vai, como é o modus operandi, que o negócio só devia funcionar bem na época de Schumacher, e que as juras de amor eterno podem ser desfeitas no confessionário assim que o Papa Chico voltar ao Vaticano. A notícia há de dar uma chacolhada no noticiário neste intervalo e vai alimentar os rumores de uma impensável transferência para ocupar o lugar do amigo Webber. “Ah, você tem dois neurônios, é? Acredita nisso?”. Calma, fétido que cheira mal. Que o empresário foi negociar, foi. Que a Red Bull adoraria ter Alonso, provavelmente. Que vai rolar, creio ser difícil. Bem difícil. Neste caso, se tiver o poder de veto no contrato, Vettel seria contra.

Grosjean. Pô, coitado. Paga pelo conjunto da obra. Hoje, realmente, me passou a impressão de perseguição. O toque com Button se explica da seguinte forma: Button contornou o curvão à direita e no tangenciamento espalhou um pouco além da zebra, permitindo que Romain emparelhasse. A imagem aérea mostra que Button recoloca o carro na pista enquanto Grosjean não lhe dá espaço. O fato de não dar espaço não significa que ele tenha movido o carro na direção de Button. Foi um toque de corrida. Mas essa FIA, palhaça, cretina, que acha que lida com jogadores de peteca ou creem que pilotos são cavaleiros sobre seus Baloubet de Rouets da vida, agem como mães que criam filhos à base de leite com pera, sem conhecer os ralados de bunda em carrinhos de rolimã, cortes na mão por causa de pipa ou quedas no skate. Dizer o que, então, da ultrapassagem por fora sobre Massa na curva 4. O camarada nem saiu com as quatro rodas totalmente do traçado. Daí toma drive-through. A FIA reprime os pilotos. Aí depois faz questionamentos ao público querendo saber o tem de fazer para agradar. Apaputaquepariu.

Num lado mais cômico, Grosjean parece Willie, o coiote. Tá sempre perto de se dar bem e conquistar seu objetivo, mas sempre dá errado e vê uma fumacinha saindo na cabeça (de nervoso, no caso).

E Massa foi lá tocar a parte esquerda de sua asa no carro de Rosberg e ferrou sua vida. Bom, aí me perde um tempão em pista porque tem o desempenho afetado, mas depois diz que foi a opção certa porque teria perdido muito tempo na troca. Sei lá, mas entre ser oitavo e nada, tenta arrumar a bagaça do carro para andar direito, pô. Aí toma passão de Räikkönen, anda lá atrás, não faz nada, passa má impressão e tchum. Felipe volta a enfrentar uma má fase e ir para as férias da F1 ameaçado e pressionado. E com essa Ferrari que provavelmente não vai se achar por ter um carro novo no ano que vem a cuidar, a tendência é que Massa ande sempre na mesma toada sem ir a lugar algum.

O campeonato deu uma esfriada nas últimas corridas no sentido de que não apresentou provas exuberantes. Pessoal agora vai curtir uma folguinha para voltar e cair na Bélgica, aquela linda, com sua Spa-Francorchamps. Se o pessoal deve aproveitar o verão, quente ficará o período com o que deve surgir de burburinhos. E não é só de Alonso, não.