Blog do Victor Martins
F1

Double deckers, 4

SÃO PAULO | Outro fato que ficou relegado ao último plano na corrida de ontem na Inglaterra foi a mensagem que a Lotus passou via rádio justamente no momento em que seus dois pilotos estavam juntos e viram de perto a dinamitação do pneu de Vergne. “Kimi is faster than you”, ouviu Grosjean, que teve […]

SÃO PAULO | Outro fato que ficou relegado ao último plano na corrida de ontem na Inglaterra foi a mensagem que a Lotus passou via rádio justamente no momento em que seus dois pilotos estavam juntos e viram de perto a dinamitação do pneu de Vergne. “Kimi is faster than you”, ouviu Grosjean, que teve de abrir passagem para o companheiro.

Fosse aqui, a revolta iria ganhar as ruas com um #ForaBoullier e teria palavras de ordem contra esta equipe nefasta e corrupta, essa equipe aí que um dia já teve Senna nas mesmas cores e hoje ordena o segundo piloto abrir para o primeiro, esta equipe aí, boba e cara-de-mamão.

Não é de hoje que Grosjean é uma espécie de Massa francês na Lotus. Romain não foi bem como substituto de Piquet na então Renault e ganhou uma nova e rara chance na escuderia no ano passado. Tudo que conquistou em um ano e meio foi a fama de afobado que se envolve em acidentes com frequência – e, indiretamente, é um daqueles que originou o sistema de pontos na carteira para o ano que vem, dada sua afeição ao negócio. Depois do acidente provocado em Spa-Francorchamps no ano passado, foi suspenso por uma corrida.

É fato que a Lotus vem dando uma série de chances ao piloto depois de uma temporada abaixo do esperado, em que conquistou apenas 31,7% dos pontos totais. Mas depois de outro abandono — registre-se: por problema mecânico —,  de ter ouvido a frase que Felipe escutou há quase três anos na Alemanha e ter visto Räikkönen pontuar pela 26ª seguida, os números continuam absolutamente contra Grosjean: fez 26 dos 124 conquistados pelo time, pouca coisa acima de 20%. Para efeito de comparação entre as grandes, Massa marcou 34% dos pontos da Ferrari, Webber tem 39,7% ali pelos lados da Red Bull e Rosberg, 48% na Mercedes — este nem deveria entrar para tais cálculos.

A Lotus vive um grande dilema para o ano que vem, apesar da boa injeção financeira que o grupo Infinity — que envolve até um fundo oriundo de Brunei Darussalam: a chance de perder Räikkönen para a Red Bull é muito grande, e aumenta quando seus engenheiros e estrategistas erram desgraçadamente como na corrida de ontem, ao deixá-lo na pista com pneus velhos. A solução natural, ascender Grosjean a este posto, não deve passar pela cabeça de uma cúpula que expõe abertamente que seu piloto deve abrir passagem para o mais rápido. E não há pilotos no grid com experiência e expectativa capazes de comandar a escuderia que outro dia disse que só deve demorar um ano para ser campeã.